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17/10 Dia Nacional da Vacinação: A Importância das Vacinas no Combate às Doenças Infecciosas e à Resistência Antimicrobiana

O Dia Nacional da Vacinação é uma data comemorativa criada para destacar a relevância das vacinas no controle e na prevenção de doenças infecciosas. A vacinação consiste na aplicação de substâncias antigênicas que estimulam o sistema imunológico, promovendo imunidade adquirida contra um patógeno específico. As vacinas podem ser compostas por microrganismos atenuados, inativados ou por fragmentos deles, oferecendo proteção com baixa reatogenicidade em comparação com a infecção natural.

A vacinação é reconhecida como uma das estratégias mais eficazes para proteger a saúde pública e promover uma sociedade mais saudável e resistente. Historicamente, foi fundamental para erradicar e reduzir a incidência de diversas doenças graves, como varíola, caxumba, gripe, poliomielite, rubéola, sarampo, tétano e, mais recentemente, a Covid-19. Além de prevenir doenças graves, a imunização também ajuda a diminuir a propagação de agentes infecciosos na comunidade, protegendo indivíduos que, por razões de saúde, não podem ser vacinados por motivos de saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacinação salva aproximadamente 3 milhões de vidas por ano, destacando sua enorme importância na história da saúde humana.

As vacinas podem ser classificadas como vivas ou inativadas (não vivas). As vacinas vivas são compostas de microrganismos atenuados, ou seja, cepas naturais (selvagens) que passam por processos de atenuação em meios de cultura especiais. Exemplos dessas vacinas incluem as vacinas contra poliomielite oral, rotavírus, tríplice viral, tetraviral, varicela e febre amarela. Já as vacinas inativadas são obtidas de várias maneiras, incluindo microrganismos inteiros inativados por meios físicos ou químicos, toxinas microbianas inativadas, ou vacinas de subunidades e fragmentos de microrganismos. Além disso, há vacinas produzidas por meio da identificação dos componentes microbianos responsáveis tanto pela infecção quanto pela proteção.

Outros tipos de vacinas inativadas incluem as desenvolvidas por engenharia genética, vacinas compostas por polissacarídeos extraídos da cápsula de microrganismos invasivos (como pneumococos e meningococos), e vacinas conjugadas, nas quais componentes polissacarídicos são ligados a proteínas para formar um complexo antigênico capaz de gerar uma resposta imune timo-dependente. Também existem as vacinas de RNA mensageiro, sintetizadas utilizando o código genético do patógeno, e as vacinas de vetores virais não replicantes.

Além disso, é importante diferenciar entre vacinas combinadas e vacinas conjugadas. As vacinas combinadas associam antígenos independentes em uma mesma formulação, enquanto as vacinas conjugadas são aquelas em que antígenos polissacarídicos são quimicamente associados a proteínas. Essa modificação faz com que a resposta imune ao antígeno, originalmente timo-independente, se torne timo-dependente, resultando em uma resposta imunológica mais robusta.

 

Programa Nacional de Imunizações (PNI)

No Brasil, a política de vacinação é coordenada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), vinculado ao Ministério da Saúde. Criado em 1973, o PNI desempenha um papel crucial na promoção da saúde pública, seguindo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao longo de sua trajetória, o PNI tem oferecido uma ampla gama de vacinas para diversos grupos da população, abrangendo crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes, comunidades tradicionais, e indivíduos com condições especiais de saúde.

Por meio do PNI, o governo federal disponibiliza gratuitamente 48 imunobiológicos no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo 31 vacinas, 13 soros e 4 imunoglobulinas. Essas vacinas incluem tanto as presentes no calendário nacional de vacinação quanto as indicadas para grupos em condições clínicas especiais, como pessoas com HIV ou indivíduos em tratamento de algumas doenças (câncer, insuficiência renal, entre outras), aplicadas nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), e inclui também as vacinas COVID-19 e outras administradas em situações específicas.

 

As vacinas disponíveis no Calendário Nacional de Vacinação são:

1.BCG;

2. Hepatite B;

3. Penta;

4. Pólio inativada;

5. Pólio oral;

6. Rotavírus;

7. Pneumo 10;

8. Meningo C;

9. Febre amarela;

10. Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola);

11. Tetra viral (sarampo, caxumba e rubéola e varicela);

12. DTP;

13. Hepatite A;

14. Varicela;

15. Difteria e tétano adulto (dT);

16. Meningocócica ACWY;

17. HPV quadrivalente;

18. dTpa;

19.Covid-19

20.Influenza (ofertada durante Campanha anual)

21. Pneumocócica 23-valente (Pneumo 23).

Para mais informações, acesse:https://www.gov.br/saude/pt-br/campanhas-da

saude/2022/multivacinacao/acesse-as pecas/ms_influenza_cartaz_pni_64x46cm_21set_eleitoral-3.pdf/

Papel potencial das vacinas na redução da resistência antimicrobiana (RAM)

A OMS publicou um relatório neste mês, estimando o impacto das vacinas na redução da resistência antimicrobiana (RAM). Ele destaca a importância das vacinas como uma ferramenta crucial na prevenção de infecções e na contenção da disseminação de cepas resistentes, diminuindo assim a dependência de antibióticos. Historicamente, o papel das vacinas na redução da RAM não foi plenamente reconhecido, com o foco principalmente em seu uso para prevenir doenças infecciosas. As conclusões ressaltam o papel fundamental que as vacinas devem desempenhar nas estratégias nacionais e globais de mitigação da RAM.

 Veja a seguir as mensagens-chave do relatório:

– A resistência antimicrobiana (RAM) é uma das ameaças globais mais importantes à saúde pública e ao desenvolvimento;

– Em 2019, estima-se que 5 milhões de vidas foram perdidas globalmente como resultado da RAM. As vacinas têm o potencial de evitar cerca de 515.000 dessas mortes a cada ano, ao reduzir a incidência de infecções, a transmissão de patógenos na comunidade, o uso de antibióticos e, consequentemente, a evolução de genes de resistência.

– O papel das vacinas na redução da RAM tem sido subestimado, embora as vacinas tenham o poder de treinar o sistema imunológico para se defender de vários patógenos antes que uma infecção comece ou se torne grave. Pessoas vacinadas terão menos infecções e, portanto, também estarão protegidas contra complicações potenciais de infecções secundárias que podem desencadear o uso de antimicrobianos ou exigir internação hospitalar. Este relatório foca em 24 patógenos e 44 vacinas (seja licenciadas por agências reguladoras nacionais, em desenvolvimento clínico ou hipotéticas). Combinando o conhecimento de especialistas internacionais com dados e uma metodologia robusta, o relatório visa quantificar o potencial dessas vacinas para reduzir a RAM, seus efeitos e o uso de antibióticos.

– As vacinas existentes poderiam evitar anualmente até 106.000 mortes, 9,1 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs), US$ 861 milhões em custos hospitalares e US$ 5,9 bilhões em perdas de produtividade, todos associados à RAM. Essas vacinas também poderiam reduzir o uso de antibióticos em 142 milhões de doses diárias definidas (DDDs) por ano.

Vacinas em estágio avançado de desenvolvimento clínico poderiam evitar anualmente até 135.000 mortes, 5,0 milhões de DALYs, US$ 1,2 bilhão em custos hospitalares e US$ 2,2 bilhões em perdas de produtividade, todos associados à RAM. Elas também poderiam reduzir o uso de antimicrobianos em 1,9 bilhão de DDDs por ano.

Vacinas em estágio inicial de desenvolvimento clínico poderiam evitar anualmente até 408.000 mortes, 23,0 milhões de DALYs, US$ 30 bilhões em custos hospitalares e US$ 17,7 bilhões em perdas de produtividade, todos associados à RAM. Elas também poderiam reduzir o uso de antimicrobianos em 548 milhões de DDDs por ano.

As vacinas desempenham um papel fundamental no combate à RAM e devem ser incorporadas às estratégias nacionais e globais de mitigação desse problema. Além disso, seu desenvolvimento, introdução e uso precisam ser considerados cuidadosamente nas decisões de saúde pública voltadas para o controle da RAM.

 

Fontes:

https://www.gov.br/saude/pt-br/vacinacao/linha-do-tempo

https://www.gov.br/saude/pt-br/vacinacao

https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/guias-e-manuais/2024/manual-de-normas-e-procedimentos-para-vacinacao.pdf

https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/379116/9789240098787-eng.pdf?sequence=1

 

Tradução e síntese: Beatriz Grion

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