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Contaminação de duodenoscópio após reprocessamento

 

Neste estudo os autores encontraram uma taxa geral de contaminação por microrganismos causadores de doenças em 5,3% dos duodenoscópios investigados. Embora a relação entre a contaminação endoscópica e a ocorrência de infecções permaneça obscura, as tentativas devem continuar a ser feitas para reduzir ainda mais as taxas de contaminação.

O que é a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica?

Introduzida em 1968, a Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE) é um procedimento médico avançado destinado a realizar um diagnóstico e tratamento minimamente invasivo das estruturas pancreatobiliares usando duodenoscópios.

 

Qual é reprocessamento recomendado para os duodenoscópios?

Mais de 650.000 pacientes passam por CPRE nos Estados Unidos anualmente. De acordo com a classificação de Spaulding, os duodenoscópios são dispositivos semicríticos, sem necessidade de passarem pelo reprocessamento do tipo esterilização, que requerem, apenas, desinfecção de alto nível (DAN). A CPRE é habitualmente realizada em clínicas de endoscopia, que são ambientes não estéreis.

 

Qual a incidência de infecção após duodenoscopia?

As infecções relacionadas à endoscopia podem ser endógenas ou exógenas. A maioria das infecções pós-endoscopia são endógenas, ou seja, surgem da microbiota do paciente e não podem ser evitadas pelo reprocessamento do endoscópio. Infecções exógenas surgem de endoscópios contaminados e constituem uma minoria de infecções associadas ao duodenoscópio.

 

A incidência de complicações infecciosas após CPRE é de 2% a 4%, sendo a pancreatite a complicação pós-CPRE mais comum.

 

A taxa de infecção exógena de endoscópios contaminados é atualmente desconhecida. Assim como não está clara a frequência de infecção e o impacto de cada microrganismo contaminante. As taxas de incidência de contaminação do duodenoscópio variam muito (0,4–30%).

 

O que fazer diante de um surto de infecção pós duodenoscopia segundo o FDA?

Surtos de contaminação de endoscópios têm sido associados a etiologias multifatoriais, incluindo quebras de protocolo de reprocessamento, manutenção inadequada do endoscópio, problemas no projeto do duodenoscópio e vigilância microbiológica ineficaz ou ausente. Pré-limpeza, limpeza e secagem inadequadas e projeto defeituoso do endoscópio também pode causar contaminação.

A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA publicou diretrizes para o uso de duodenoscópios, além de protocolos para desinfecção de alto nível para o reprocessamento de duodenoscópios, incluindo culturas de vigilância de endoscópios.

Os fabricantes dos dispositivos também disponibilizam protocolos atualizados para o reprocessamento dos duodenoscópios, incluindo o uso de escovas aprovadas pela FDA e medidas suplementares de lavagem para lidar com áreas difíceis de limpar.

Em 5 de outubro de 2015, após examinar pacientes com infecções por Enterobacteriaceae resistentes a carbapenêmico após CPRE, o FDA ordenou que todos os fabricantes de duodenoscópios conduzissem estudos de vigilância pós-comercialização para avaliar as taxas de contaminação dos duodenoscópios após desinfecção de alto nível e identificar os fatores que causavam a contaminação dos duodenoscópios.

 

Como foi avaliado o resultado dessas novas orientações para desinfecção de duodenoscópios?

Como parte dos estudos de vigilância pós-venda, a presente pesquisa tem por objetivo investigar a taxa de contaminação dos duodenoscópios ​​após seguir as instruções de reprocessamento do fabricante, orientadas pelo FDA.

De acordo com a diretriz de estudo do FDA para vigilância pós-venda, foram incluídos os modelos de duodenoscópio TJF-Q180V (mais novos) e TJF-160F/VF (mais antigos).

Foram convidados 33 centros clínicos americanos para participarem do estudo, 16 aceitaram participar do estudo: 10 clínicas de endoscopia com grandes instalações e 6 centros cirúrgicos ambulatoriais com provimento de pequenos serviços à saúde.

Após a pré-limpeza à beira do leito, limpeza manual e reprocessamento automatizado, incluindo desinfecção de alto nível, os indivíduos treinados coletaram amostras dos duodenoscópios usando um kit de coleta de amostras distribuído centralmente (OLYMPUS assembled, Center Valley, PA).

Foram seguidos todos os métodos descritos pelo FDA, pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e the American Society for Microbiology (ASM). As amostras foram lacradas, embaladas com gelo e transportadas para um laboratório para cultura.

Os duodenoscópios foram colocados em quarentena até que as culturas fossem negativas para microrganismos vivos (de acordo com os protocolos da FDA, CDC e ASM).

 

Essas novas orientações para o processamento de duodenoscópios deram resultado?

Os dados foram coletados entre outubro de 2018 e setembro de 2019, sendo obtidas 859 amostras dos duodenoscópios TJF-Q180V e 850 amostras dos duodenoscópios do TJF-160F/VF, nos 16 centros de coleta.

Ao todo, 91 amostras dos dois modelos estavam contaminadas por microrganismos frequentemente causadores de doenças, com uma taxa de contaminação de 5,3%.

Além disso, 13 amostras de ambos tipos de equipamento mostraram contaminação por microrganismos de baixa a média preocupação, ou seja, com mais de 100 unidades formadores de colônia (UFC) e taxa de contaminação de 0,8%. Em 34,8%, dos duodenoscópios investigados, não houve presença de UFC detectáveis.

Das amostras coletadas dos duodenoscópios TJF-Q180V, 35 estavam contaminadas com microrganismos frequentemente causadores de doenças (taxa de contaminação, 4,1%).

 

Quais microganimos contaminavam os duodenoscópios reprocessados?

No geral, 38 organismos frequentemente causadores de doenças foram isolados de 35 amostras com as seguintes distribuições: 9 gastrointestinais (23,7%), 12 de origem humana (31,6%), 10 do ambiente (26,3%) e 7 de origem da água (18,4%).

Não foi detectada contaminação (0 UFC) em 299 amostras (34,8%).

Os 893 microrganismos de baixa a média preocupação foram classificados em 454 isolados de origem humana (50,8%) e 432 isolados de origem ambiental (48,4%), excluindo 7 espécies não identificadas (0,8%) que não puderam ser classificadas.

Das amostras coletadas dos duodenoscópios TJF-160F/VF, 56 (6,6%) estavam contaminadas com microrganismos frequentemente associados a doenças. Ao todo, 70 microrganismos frequentemente associados a doenças foram isolados de 56 amostras com as seguintes distribuições: 40 (57,1%) eram gastrointestinais, 6 (8,6%) foram classificados como de origem humana, 16 (22,9%) foram classificados como ambientais, 7 (10%) eram de origem da água e 1 (1,4%) não pôde ser classificado. Não foi detectada contaminação em 295 amostras (34,7%).

Dos 752 microrganismos de baixa a média preocupação, 380 (50,5%) foram classificados como de origem humana e 371 (49,3%) foram classificados como do ambiente, excluindo 1 espécie não identificada (0,1%) que não pôde ser classificada.

 

Os microrganismos encontrados podem ser fonte de infecção?

Embora não tenha sido diretamente o objetivo do estudo, ainda não está claro se a colonização encontrada nos duodenoscópios seria capaz de provocar infecção ou não.

 

O reprocessamento de duodenoscópios  é seguro, utilizando a desinfecção recomendada?

As instruções para o reprocessamento de duodenoscópio devem ser aprimoradas para facilitar o entendimento e/ou acompanhamento das equipes ao protocolo, e minimizar os erros humanos durante o reprocessamento. É necessário a oferta de módulos de treinamento externo para reprocessamento, incluindo treinamento on-line. Além disso, o design do duodenoscópio e alterações em seu design para facilitar a limpeza e a desinfecção dos endoscópios devem ser considerados. Os hospitais devem manter protocolos assépticos rigorosos, manter ambientes limpos e conduzir programas de treinamento contínuo de pessoal. Melhorar os métodos de amostragem e cultura durante a vigilância do duodenoscópio também pode reduzir a contaminação ambiental durante a amostragem.

Fonte: A prospective, multicenter, clinical study of duodenoscope contamination after reprocessing. Infection Control & Hospital Epidemiology, 2022, 43(12), 1901-1909. doi:10.1017/ice.2021.525

Link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35300743/

 

Alunos CCIH Cursos tem acesso gratuito a este artigo e outras centenas de publicações das revistas American Journal of Infection Control, The Journal of Hospital Infection e Infection Control & Hospital Epidemiology.

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Sinopse por:

Thalita Gomes do Carmo

E-mail: Thalita.monografia.ccih@gmail.com

Instagram: https://www.instagram.com/profa.thalita_carmo/

Linkedin: www.linkedin.com/in/thalitagomesdocarmo/

 

Links relacionados:

Supplemental measures to enhance duodenoscope reprocessing: FDA Safety Communication. US Food and Drug Administration website. https://www.fdanews.com/ext/resources/files/08-15/081015-duodenoscopes-fda.pdf?1520 541508

 

Protocolo FDA para desinfecção de alto nível: Duodenoscope surveillance sampling and culturing—reducing the risks of infection, duodenoscope surveillance sampling and culturing protocols. US Food and Drug Administration website. https://www.fda.gov/media/111081/download

 

 

Desinfecção de materiais semi-críticos – https://www.ccih.med.br/desinfeccao-de-materiais-semi-criticos/

 

Processamento em unidades satélites – https://www.ccih.med.br/processamento-em-unidades-satelites/

 

Biofilmes nos canais de gastroscópios – https://www.ccih.med.br/biofilmes-nos-canais-de-gastroscopios/

 

Prevenção e controle de infecção: https://www.ccih.med.br/como-e-por-que-controlar-as-infeccoes-hospitalares/

Centro de material e esterilização: https://www.ccih.med.br/centro-de-material-e-esterilizacao-o-que-devo-saber/

 

TAGs / palavras chave:

Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE), duodenoscópios, infecção, contaminação, desinfecção de alto nível.

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