Como infectologistas avaliam programas de Stewardship de antibióticos?
Os programas de gerenciamento de antimicrobianos são fundamentais para o controle e prevenção de infecções, mas existem consequências colaterais que podem não ser desejadas. Esse artigo avalia a percepção de médicos infectologistas sobre esses efeitos.
Um programa de Stewardship de antibióticos pode ter consequências negativas?
Os programas de gerenciamento de antimicrobianos (STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS) podem ter consequências não intencionais – incluindo a diminuição da autonomia de profissionais, redução da eficiência e atrasos na administração de medicamentos. Essas possíveis consequências são preocupantes, podendo inclusive prejudicar o relacionamento com a equipe de STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS e levar a busca por modos de evitar o STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS.
Como as consequências não intencionais do STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS foram avaliadas?
Esse estudo teve como objetivo explorar as consequências não intencionais dos STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS segundo a perspectiva de médicos infectologistas, tanto de profissionais envolvidos em STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS quanto não. Além disso, buscou compreender os pontos de divergência de opinião de médicos envolvidos e não envolvidos nos STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS sobre as consequências desse tipo de iniciativa.
O estudo foi realizado em julho de 2019, contando com a participação voluntaria de médicos infectologistas membros da Emerging Infections Network (EIN) dos EUA e Canadá. Uma pesquisa – composta por 10 perguntas de múltipla escolha desenvolvidas por um grupo de infectologistas – foi distribuída por e-mail. As respostas foram então analisadas e realizadas comparações entre os participantes envolvidos nos STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS e aqueles não envolvidos.
O STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS é bem avaliado pelos médicos?
A pesquisa teve participação de 42% dos membros da EIN, sendo que 519 respostas cumpriram os critérios e foram incluídas no estudo. Entre as 519 respostas, 84% foram de infectologistas que faziam parte do STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS.
A percepção geral dos programas de gerenciamento de antimicrobianos foi majoritariamente positiva, com 436 relatando melhoria da prescrição de antibióticos nos últimos 2 anos. Houve uma diferença na preocupação em relação às possíveis consequências não intencionais, sendo mais relatada entre os médicos não participantes de STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS (90%) do que nos que participavam (73%).
As principais preocupações gerais foram: discordância entre profissionais do STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICO Se não-STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS (34%); risco à autonomia do médico do paciente (28%); recomendação terapêutica sem examinar o paciente por parte do STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS (23%); atraso na administração de antibióticos (20%). A maioria dos participantes (391) não relataram foco excessivo na redução de custos de modo a interferir na prestação adequada de cuidados; essa preocupação foi relata por 10% dos participantes.
Por fim, outra discrepância foi relativa à percepção da adesão aos princípios de administração adequada de antibióticos por parte de colegas não infectologistas. Os infectologistas não participantes do STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS tiveram uma percepção de inadequação maior, com preocupação principalmente relacionada a colegas intensivistas, cirurgiões e oncologistas.
Quais foram as limitações do estudo?
Os autores ressaltam duas principais limitações. A primeira foi a porcentagem de médicos participantes de STEWARDSHIP DE ANTIBIÓTICOS, que foi consideravelmente alta, podendo haver super-representação da opinião desses profissionais. Além disso, ressaltam que o estudo foi realizado com uma coorte de profissionais da EIN e, apesar de oferecer uma boa estimativa, pode haver uma sub-representação de contextos não acadêmicos.
Fonte:
Durkin, M., Lake, J., Polgreen, P., Beekmann, S., Hersh, A., & Newland, J. (2023). Exploring unintended consequences of adult antimicrobial stewardship programs: An Emerging Infections Network survey. Infection Control & Hospital Epidemiology, 44(5), 791-793. doi:10.1017/ice.2022.104
Link:
https://doi.org/10.1017/ice.2022.104
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Sinopse por:
Maria Julia Ricci
E-mail: maria.ricciferreira@edu.unito.it
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TAGs / palavras chave: stewardship, antibióticos, colaboração, prevenção de infecções