fbpx

CCIH CURSOS: HÁ 21 ANOS DISSEMINANDO SABEDORIA

LOGO-CCIH-CURSOS-FAMESP

Programa de Sepse Hospitalar – Elementos Centrais CDC 2023 resumidos

Síntese em protuguês dos elementos centrais do do CDC para o protocolo de sepse 2023

O CDC lançou os Elementos Centrais para Programas de Sepse Hospitalar 2023. Esse documento aborda os principais fatores práticos para garantir a eficiência dos programas hospitalares de sepse e disponibiliza uma ferramenta de avaliação desses programas.

Qual a importância dos programas de sepse hospitalar?

O desenvolvimento de um programa multidisciplinar de sepse hospitalar é fundamental para monitorar e melhorar o manejo e os desfechos dos pacientes com sepse, e têm sido associados a reduções na mortalidade hospitalar, no tempo de internação e nos custos de saúde. Esses programas auxiliam os profissionais, ajudando no reconhecimento da sepse, facilitando a implementação do manejo clínico baseado em evidências, apoiando a recuperação dos pacientes e monitorando o impacto de intervenções hospitalares.

Qual o objetivo dessa publicação do CDC?

Este documento publicado pelo CDC resume os Elementos Centrais de Programas de Sepse Hospitalar e visa auxiliar a implementação das práticas de cuidado recomendadas nos diversos modelos de programas de sepse hospitalar existentes.

Qual a definição de sepse e o fardo relacionado a ela?

A sepse é definida como “disfunção orgânica com risco de vida causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção” e, apesar de frequentemente atribuída a infecções bacterianas, a sepse pode resultar de infecções de qualquer etiologia, incluindo infecções virais como a COVID-19. A sepse é uma das principais causas de hospitalização e mortalidade hospitalar, contribuindo para mais de um terço de todas as mortes hospitalares. Além disso, os pacientes que sobrevivem à hospitalização por sepse correm maior risco de resultados negativos para a saúde – incluindo o desenvolvimento de nova morbidade, incapacidade de retornar ao trabalho, readmissão hospitalar e morte.

Quais os principais desafios da implementação do cuidado à sepse?

A sepse é uma condição complexa que exige que os cuidados de saúde sejam coordenados em vários locais e disciplinas de atendimento clínico e que sejam adaptados a infecções e apresentações clínicas especificas. Além dos desafios de coordenação de cuidados multidisciplinares, as melhores práticas para o tratamento evoluem constantemente e exigem que os hospitais continuamente implementem as novas práticas recomendadas.

Quais são os elementos centrais do programa de sepse hospitalar?

Os elementos principais do programa de sepse hospitalar incluem:

COMPROMISSO DA LIDERANÇA HOSPITALAR

O apoio da liderança do hospital e do sistema de saúde, especialmente da chefia médica e de enfermagem, é fundamental para o sucesso dos programas de sepse. Ao definir a melhoria do desempenho da sepse como uma prioridade e alocar os recursos necessários ao programa, a liderança do hospital pode ajudar a garantir que os programas de sepse tenham o envolvimento e os recursos necessários para atingir os seus objetivos.

ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Os programas de sepse hospitalar devem ter um líder ou dois colíderes que sejam responsáveis pela gestão do programa e pelos resultados dentro do hospital ou do sistema de saúde. Recomenda-se fortemente que os programas de sepse sejam coliderados por um médico e uma enfermeira, e habilidades eficazes de liderança, gerenciamento e comunicação, bem como conhecimento clínico em sepse, são essenciais para o sucesso. Os programas com colíderes dever ter uma delimitação clara de responsabilidades e expectativas. Para programas que abrangem todo o sistema de saúde, médicos e enfermeiros exemplares ou pessoas de referência devem ser identificados em cada hospital, uma vez que os representantes locais são os principais facilitadores para programas de melhoria de qualidade bem-sucedidos.

Além disso, os programas de sepse hospitalar devem estabelecer metas concretas, monitorar o progresso em direção a essas metas e revisá-las em intervalos regulares.

EXPERIÊNCIA MULTIPROFISSIONAL

Os programas de sepse exigem o envolvimento de parceiros multidisciplinares em todo o hospital, incluindo médicos e profissionais de saúde que apoiam o cuidado de pacientes com sepse em toda a organização; individuos que facilitam atividades de avaliação e melhoria de desempenho (por exemplo, análise de dados, tecnologia da informação); e pacientes, familiares e cuidadores que podem fornecer informações sobre a experiência de ser hospitalizado e se recuperar de sepse.

Coordenadores de sepse dedicados podem aumentar significativamente a eficácia do programa de sepse hospitalar, contribuindo para atividades de ação, rastreamento e educação.

AÇÕES

O principal objetivo dos programas de sepse hospitalar é melhorar o tratamento e os desfechos dos pacientes com sepse. Para apoiar esse objetivo, os programas de sepse devem desenvolver e implementar estruturas e processos para facilitar o reconhecimento da sepse, o manejo clínico baseado em evidências e a recuperação a longo prazo. Ao conceber e implementar intervenções para melhorar a gestão da sepse, é importante utilizar processos estruturados de melhoria da qualidade e princípios científicos de implementação para promover a aceitação da intervenção. Além disso, os programas de sepse hospitalar devem monitorar o uso e a eficácia das intervenções e refiná-las conforme necessário.

MONITORAÇÃO/RASTREAMENTO

O monitoramento da epidemiologia, da gestão e dos desfechos da sepse é fundamental para identificar lacunas, tendências e oportunidades de melhoria, bem como para compreender o impacto das intervenções e o progresso em direção às metas.  Contudo, o rastreamento requer recursos e nenhum programa pode medir tudo. Sendo assim, antes de rastrear as métricas de sepse, é importante priorizar o que medir, concentrando-se nos processos e resultados que são mais importantes para os pacientes e que representam a maior oportunidade de melhoria no hospital.

Os programas de sepse podem considerar a colaboração com programas de controle de infecção hospitalar, que medem as infecções associadas aos cuidados de saúde que podem contribuir para a sepse de origem hospitalar. Ao rastrear as medidas de sepse, é importante também considerar populações especiais de pacientes (como neonatais, pediátricos, obstétricos, oncológicos, transplantados) e grupos demográficos para avaliar disparidades no manejo e nos resultados da sepse.

As categorias de rastreamento incluem:

  1. Métricas epidemiológicas da sepse – como o volume de casos de sepse hospitalar e a divisão entre sepse de origem comunitária e sepse de origem hospitalar – são importantes para compreender o mix de casos de sepse.

Métricas prioritárias:

– Sepse de origem comunitária (numerador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse dentro de 48 horas após a chegada ao hospital ou pronto-socorro; denominador: todas as internações não admitidas por transferência inter-hospitalar)

– Sepse de origem hospitalar (numerador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse após 48 horas da chegada ao hospital ou pronto-socorro; denominador: todas as internações)

– Sepse sem choque (numerador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse sem choque; denominador todas as internações)

-Choque séptico (numerador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse e critérios de choque; denominador: todas as internações)

Métricas adicionais:

– Sepse transferida para outro hospital (numerador: todas as internações que atendem aos critérios de sepse e cuja disposição de alta hospitalar foi para outro hospital de cuidados intensivos; denominador: todas as internações que atendem aos critérios de sepse)

– Sepse recebida de outro hospital (numerador: todas as hospitalizações qur atendem aos critérios de sepse e que foram admitidas como transferência inter-hospitalar; denominador: todas as internações que atendem aos critérios de sepse)

– Sepse de origem comunitária em populações especiais (numerador: hospitalizações entre populações especiais que atendem aos critérios de sepse dentro de 48 horas após a chegada ao hospital ou pronto-socorro; denominador: todas as hospitalizações entre populações especiais (por exemplo, neonatais, pediátricas, obstétricas, oncológicas, transplantadas))

– Sepse de origem hospitalar em populações especiais (numerador: hospitalizações entre populações especiais que atendem aos critérios de sepse após 48 horas da chegada ao hospital ou pronto-socorro; denominador: todas as hospitalizações entre populações especiais (por exemplo, neonatais, pediátricas, obstétricas, oncológicas, transplantadas))

– Sepe com sítio de infecção (numerador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse com um local específico de infecção (por exemplo, pneumonia, geniturinária, gastrointestinal, neurológica, pele/tecidos moles, bacteremia, endocardite, etc); denominador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse)

– Patógenos da sepse (numerador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse com um patógeno específico identificado (por exemplo, Estafilococos aureus, MRSA, etc.); denominador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse)

– Sepse cirúrgica: (numerador: Hospitalizações que atendem aos critérios de sepse com procedimento cirúrgico ou intervencionista para controle da origem; denominador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse

  1. Métricas de gerenciamento de sepse – como tempo de antimicrobiano e administração de fluidos – são importantes para a compreensão dos processos hospitalares de atendimento para gerenciamento de sepse

Métricas prioritárias:

– Tempo até administração de antimicrobiano na sepse de origem comunitária com hipotensão (medida: tempo desde a chegada ao pronto-socorro ou hospital até o momento da administração da terapia antimicrobiana sistêmica; elegibilidade: hospitalizações que atendam aos critérios para sepse de origem comunitária, com evidência de hipotensão na apresentação (por exemplo, PAS<90, PAM<65, ou iniciada terapia vasopressora sistêmica), sem causa viral de infecção (por exemplo, gripe, COVID-19), e sem terapia antimicrobiana intravenosa antes da chegada ao hospital)

– Tempo entre a prescrição e a administração do antibiótico (medida: tempo desde o primeiro pedido de antimicrobiano até a primeira administração de terapia antimicrobiana sistêmica; eligibilidade: hospitalizações que atendam aos critérios de sepse e não são admitidas como transferência inter-hospitalar e não em terapia antimicrobiana intravenosa antes da chegada)

Métricas adicionais:

– Seleção antimicrobiana (numerador: hospitalizações cuja seleção inicial de terapia antimicrobiana foi consistente com as diretrizes institucionais; denominador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse e iniciadas em terapia antimicrobiana sistêmica)

– Medição de lactato (numerador: hospitalização com medição de lactato dentro de 3 horas da chegada em caso de sepse de origem comunitária ou após 3 horas do início da sepse de origem hospitalar; denominador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse)

– Nova medição de lactato (numerador: hospitalizações com lactato coletado dentro de 4 horas após a primeira medição de lactato ≥2 mmol/L; denominador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse e com medição de lactato ≥2mmol/L)

– Hemocultura antes do início do antimicrobiano (numerador: internações com hemoculturas coletadas antes da primeira administração de terapia antimicrobiana sistêmica; denominador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse, sem causa viral de infecção (por exemplo, influenza, COVID-19) e não admitidas como transferência inter-hospitalar)

– Reanimação com fluídos (numerador: hospitalizações que receberam ≥30ml/kg de liquido cristaloide dentro de 6 horas após evidência de pressão arterial baixa e/ou lactato elevado; denominador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse, com pressão arterial baixa (por exemplo, PAS<90, PAM<65, ou iniciada terapia vasopressora) e/ou lactato elevado (≥2-4 mmol/L) e sem contraindicações à administração de fluidos (por exemplo, excluindo pacientes com função cardíaca gravemente reduzida, doença renal em estágio terminal ou evidência de sobrecarga de líquidos))

– Tipo de fluido (numerador: ≥75% de reanimação com fluidos cristaloides como solução balanceada (por exemplo, ringer com lactato); denominador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse e tratadas com líquido cristaloide para hipotensão induzida por sepse ou elevação de lactato)

– Restrição de antimicrobiano (numerador: hospitalizações com tratamento anti-MRSA interrompidas dentro de 3 dias corridos após o início; denominador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse, iniciadas com tratamento antimicrobiano anti-MRSA e sem identificação de MRSA em cultura ou teste microbiano)

– Contaminação de hemocultura (numerador: número de conjuntos de hemoculturas com crescimento de comensais da pele sem o mesmo organismo em outros conjuntos coletados em 24 horas; denominador: número total de todos os conjuntos de hemoculturas elegíveis coletados)

– Hemocultura única (numerador: número de conjuntos únicos de hemocultura coletados entre pacientes adultos; denominador: número total de todos os conjuntos de hemoculturas coletados entre adultos)

– Documentação de sepse (numerador: hospitalizações com aspectos específicos de diagnostico e manejo de sepse documentados durante transições de cuidados (por exemplo, certeza do diagnóstico de sepse, plano de terapia antimicrobiana); denominador: hospitalizações com transição de cuidados (por exemplo, PS para enfermaria, transferência de UTI para enfermaria)

– Visita oportuna de acompanhamento pós hospitalar (numerador: internações com consulta de acompanhamento na atenção primaria agendada antes da alta, a ser realizada em até 14 dias após a alta; denominador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse, alta para domicílio ou resistência assistida

– Chamada de acompanhamento pós-hospitalar (numerador: internações com tentativa de chamada de acompanhamento pós-alta dentro de três dias corridos após a alta; denominador: hospitalizações que atendem aos critérios de sepse, alta para domicílio ou residência assistida)

– Avaliação funcional (numerador: hospitalizações com avaliação funcional na admissão e na alta (por exemplo, avaliação da capacidade de tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, transferir-se, caminha e administrar medicamentos de forma independente); denominador: todas as internações que atendem aos critérios de sepse)

  1. Métricas de resultados de sepse – como mortalidade, admissão na UTI e tempo de hospitalização – são importantes para a compreensão dos desfechos do manejo da sepse hospitalar

Métricas prioritárias:

– Mortalidade hospitalar geral (numerador: internações que atendem aos critérios de sepse e com mortalidade hospitalar; denominador: todas as internações que atendem aos critérios de sepse)

– Mortalidade hospitalar por subgrupo (numerador: hospitalizações que atendem aos critérios do subgrupo (por exemplo, sepse de origem comunitária, sepse de origem hospitalar, choque séptico, sepse sem choque etc.) e com mortalidade intra-hospitalar; denominador: todas as internações que atendem aos critérios para sepse e o subgrupo de interesse

Métricas adicionais:

– Mortalidade em 30 dias (numerador: internações com sepse que estão vivas 30 dias após a data da internação hospitalar; denominador: todas as internações que atendem aos critérios de sepse)

– Mortalidade em 90 dias (numerador: internações com sepse que estão vivas 90 dias após a data da internação hospitalar; denominador: todas as internações que atendem aos critérios de sepse

– Mortalidade pós-alta (numerador: óbitos até 90 dias após alta da internação com sepse; denominador: todas as internações que atendem aos critérios de sepse com alta vivam)

– Alta para internação (numerador: hospitalizações com sepse que receberam alta para internação ou cuidados domiciliares; denominador: todas as internações que atendem aos critérios de sepse)

– Internação na UTI (numerador: internações em que o paciente esteve internado na UTI; denominador: todas as internações que atendem aos critérios de sepse)

– Mortalidade hospitalar de populações especiais (numerador: hospitalizações que atendem aos critérios do subgrupo (por exemplo, neonatal, pediátrica, materna, oncológica, transplante, etc) e com mortalidade intra-hospitalar; denominador: todas as hospitalizações que atendem aos critérios de sepse e a população especial de interesse.

– Tempo de hospitalização de sobreviventes (medida: tempo de internação em dias; elegibilidade: todas as hospitalizações que atendam aos critérios de sepse e com alta em tempo real para um local diferente de um hospital de cuidados intensivos)

– Tempo de hospitalização de não sobreviventes (medida: tempo de internação em dias; elegibilidade: todas as hospitalizações que atendam aos critérios de sepse e com mortalidade hospitalar)

– Nova alta para uma unidade de saúde ou enfermagem (numerador: hospitalizações nas quais o paciente recebe alta para uma unidade de cuidados intensivos de longo prazo, unidade de enfermagem especializada ou unidade de enfermagem sob custódia; denominador: todas as internações que atendam aos critérios de sepse, com alta viva e nas quais o paciente não residia em casa ou residência assistida antes da admissão hospitalar)

  1. Progresso em direção as metas do programa de sepse. As metas do programa de sepse hospitalar podem se concentrar no manejo ou nos desfechos da sepse, e é importante acompanhar essas métricas ao longo do tempo para avaliar o impacto do programa e atualizar as metas para impulsionar a melhoria contínua.
  2. Uso, usabilidade e impacto das ferramentas do programa de sepse. Para compreender e melhorar o impacto das ferramentas do programa de sepse hospitalar (por exemplo, diretrizes, algoritmos de triagem, conjuntos de pedidos, apoio à decisão clínica), é importante avaliar com que frequência elas estão sendo usadas, quão aceitáveis são para os médicos da linha de frente e até que ponto eles estão auxiliando a prática.

Métricas prioritárias:

– Uso de protocolos de sepse hospitalar (numerador: interações em que foi utilizado o protocolo da sepse; denominador: todas as internações que atendem aos critérios de sepse

Métricas adicionais:

– Uso de ferramentas de apoio à decisão sobre sepse hospitalar (numerador: resposta específica do médico que recebe o alerta de sepse (por exemplo, suspender, ignorar, mudança no manejo clínico); denominador: notificações de alerta de sepse)

  1. Revisões de prontuários de internações por sepse. Além de rastrear a epidemiologia da sepse, o gerenciamento e as métricas de resultados, a revisão de prontuários de hospitalizações por sepse é útil para feedback dos médicos, educação e análises de causa raiz de resultados adversos.

A revisão de prontuário, que muitas vezes é feita pelo coordenador de sepse, exige muitos recursos, e os hospitais podem optar por analisar uma amostra aleatória de hospitalizações por sepse ou uma amostra direcionada (por exemplo, amostragem excessiva de hospitalizações com resultados adversos).

– Revisões de prontuários para feedback e educação do médico. A revisão de prontuários quase em tempo real de hospitalizações com sepse permite feedback oportuno e focado aos médicos envolvidos no cuidado. Esta é uma ótima oportunidade para reconhecer o bom atendimento, bem como para fornecer educação focada em áreas que precisam ser melhoradas.

– Revisão de prontuários para análise de causa raiz e melhoria de processos. A revisão regular das hospitalizações com resultados adversos (por exemplo, hospitalizações com morte hospitalar ou permanência prolongada na UTI) pode ajudar a identificar áreas para melhoria do processo. Estas revisões devem utilizar processos formais para identificar possíveis causas do resultado adverso e identificar áreas para melhoria do processo (por exemplo, diagrama de espinha de peixe).

RELATÓRIOS/NOTIFICAÇÕES

A notificação do tratamento e dos resultados da sepse ao pessoal relevante pode ajudar a manter o envolvimento da equipe, motivar a mudança de comportamento e facilitar a melhoria no tratamento e nos resultados da sepse. É fundamental que as informações sejam fornecidas de forma clara e transparente. Os relatórios devem explicar como os dados foram recolhidos e como as medidas foram calculadas. Além disso, fornecer a opção de “detalhamento” e revisão de dados para hospitalizações individuais pode ajudar a facilitar a revisão direcionada de casos para melhoria do desempenho. Os dados que são oportunos e focados (por exemplo, para uma unidade específica ou para um médico individual) são muitas vezes mais acionáveis. Os relatórios para a liderança do hospital e para o conselho também podem ajudar a aumentar a conscientização e apoiar os esforços do programa de sepse.

EDUCAÇÃO

Para garantir o tratamento e os desfechos ideais da sepse, é imperativo que a equipe do hospital tenha um forte conhecimento sobre a sepse e compreenda seu papel no manejo dessa doença. Os esforços educativos devem centrar-se em todos os profissionais de saúde envolvidos nos cuidados da sepse, em todos os profissionais que atendem os pacientes e em todos os profissionais de saude em formação. Existem muitos métodos para fornecer educação ao pessoal hospitalar – incluindo simulação ou formação baseada em casos; palestras presenciais ou gravadas em vídeo; folhetos ou cartazes; e e-mail ou boletins informativos – e a abordagem ideal para a educação pode variar de acordo com o público.

O conhecimento da sepse também é importante para pacientes, familiares e cuidadores. Pacientes hospitalizados por sepse apresentam risco aumentado de episódios subsequentes de sepse. No entanto, apesar do aumentado risco de sepse recorrente, muitos pacientes desconhecem tanto o diagnóstico de sepse quanto o risco de sepse recorrente. A hospitalização e o acompanhamento pós-hospitalar são uma oportunidade fundamental para educar pacientes e familiares sobre sepse, quando suspeitar de sepse e quando procurar avaliação para possível sepse – a educação pode facilitar o comportamento oportuno de procura de cuidados de saude em sobreviventes de sepse que apresentam complicações.

Como iniciar um programa de sepse?

Para hospitais ou sistemas de saúde que estão iniciando um programa de sepse ou aqueles com recursos limitados, recomenda-se abordar primeiro as seguintes etapas:

– Identificar o líder ou colíderes do programa de sepse

– Garantir o suporte/apoio da liderança do hospital ou do sistema de saúde

– Conduzir uma análise de necessidades para identificar requisitos regulatórios aplicáveis, processos de triagem de sepse existentes, diretrizes de tratamento e protocolos, e identificar áreas que precisam de melhorias.

– Estabelecer metas iniciais para o programa de sepse com base na análise de necessidades.

 

Qual a relação entre stewardship de antibióticos e sepse?

O envolvimento do programa de stewardship de antibióticos é fundamental para otimizar o tratamento da sepse, garantindo que as recomendações de antibióticos se baseiam em dados microbiológicos locais e que existem mecanismos para rever os antibióticos iniciados por suspeita de sepse, garantindo que os tratamentos sejam os mais adequados. Os programas de stewardship de antibióticos podem desempenhar um papel importante na otimização do uso de antibióticos, levando a melhores resultados para os pacientes e é possível, inclusive, que os hospitais obtenham melhorias simultâneas no manejo da sepse e na administração de antimicrobianos.

Ferramenta de avaliação para programas hospitalares de sepse

Uma ferramenta de avaliação do programa de sepse hospitalar é sugerida juntamente aos Elementos Centrais de Programa de Sepse Hospitalar do CDC. Esta ferramenta fornece exemplos de implementação dos Elementos Centrais, com exemplos prioritários e adicionais.

É importante considerar que os Elementos Centrais pretendem ser uma estrutura adaptável que os hospitais possam usar para orientar os esforços para otimizar o tratamento da sepse. Assim, nem todos os exemplos listados podem ser necessários e/ou viáveis em todos os hospitais. A ferramenta de avaliação pode ser usada periodicamente (por exemplo, anualmente) para documentar a infraestrutura e as atividades atuais do programa e para ajudar a identificar itens que poderiam melhorar a eficácia do programa de sepse.

Os autores recomendam listar detalhes específicos, como pontos de contato ou diretrizes especificas do estabelecimento com a data, na coluna “comentários”, como referência para o programa de sepse hospitalar.

 

Compromisso da liderança hospitalar

Estabelecido na instalação Comentários
1. (Exemplo prioritário) Nosso(s) líder(es) do programa de sepse

recebem tempo específico suficiente para gerenciar o programa de

sepse hospitalar.

( ) Sim

( ) Não

2. (Exemplo prioritário) Nosso programa de sepse recebe recursos suficientes, incluindo análise de dados e suporte de tecnologia da informação, para operar o programa de maneira eficaz. ( ) Sim

( ) Não

3. (Exemplo prioritário) Pessoal relevante das principais clínicas, grupos e departamentos de apoio em nosso hospital tem tempo suficiente para contribuir com atividades de sepse ( ) Sim

( ) Não

4. (Exemplo prioritário) Nosso hospital tem um líder sênior (por exemplo, diretor clínico, diretor médico, diretor de enfermagem) que atua como patrocinador executivo do programa de sepse ( ) Sim

( ) Não

5. (Exemplo prioritário) A sepse foi identificada como uma prioridade do hospital pela liderança do hospital e esta prioridade foi comunicada para o pessoal do hospital ( ) Sim

( ) Não

6. A liderança do nosso hospital comunica ao pessoal do hospital e aos pacientes como o hospital está lidando com a sepse ( ) Sim

( ) Não

7. Nossa liderança hospitalar realiza reuniões regulares com líderes do programa de sepse para avaliar os recursos necessários para cumprir as metas do hospital em relação às atividades e resultados de sepse ( ) Sim

( ) Não

8. As atividades do nosso programa de sepse hospitalar são integradas a outros esforços de melhoria da qualidade e segurança do paciente, como triagem no departamento de emergência, administração de antimicrobianos e transições de cuidados. Sepse grave e choque séptico: relatórios dos bundles de gerenciamento ( ) Sim

( ) Não

9. Os incentivos ao desempenho do pessoal hospitalar estão vinculados ao cumprimento das metas de tratamento e/ou resultado da sepse ( ) Sim

( ) Não

10. As obrigações relacionadas ao programa de sepse estão incluídas na descrição do trabalho ou avaliações de desempenho para os líderes de programas de sepse hospitalar e principais equipes de apoio ( ) Sim

( ) Não

11. Nossa liderança hospitalar apoia treinamento e educação externos para líderes de programas de sepse e funcionários-chave de apoio (por exemplo, participação em reuniões sobre sepse e treinamentos de melhoria de qualidade ( ) Sim

( ) Não

12. Nossa liderança hospitalar apoia a formação e educação interna sobre sepse para funcionários e formandos do hospital ( ) Sim

( ) Não

13. Nossa liderança hospitalar apoia a participação em colaborações e iniciativas regionais, nacionais e internacionais para melhoria da qualidade relacionada a sepse ( ) Sim

( ) Não

 

 

Atribuição de reponsabilidades

Estabelecido na instalação Comentários
14. (Exemplo prioritário) Nosso hospital possui um programa ou comitê encarregado de monitorar e melhorar o tratamento e/ou resultados da sepse ( ) Sim

( ) Não

15. (Exemplo prioritário) Nosso hospital tem um líder ou dois colíderes (médico e enfermeiro) responsáveis pelo programa de sepse ou pela gestão e resultados do comitê ( ) Sim

( ) Não

16. (Exemplo prioritário) Nosso hospital estabelece metas ambiciosas – mas alcançáveis – para melhorar o tratamento da sepse e os resultados dos pacientes, que são baseadas na revisão das práticas hospitalares, dos resultados da sepse hospitalar e das diretrizes de prática clínica ( ) Sim

( ) Não

17. (Exemplo prioritário) Nosso hospital avalia o progresso em direção às metas de sepse hospitalar em intervalos regulares e atualiza as metas periodicamente (por exemplo, anualmente) para promover a melhoria contínua ( ) Sim

( ) Não

18. (Exemplo prioritário) Nosso hospital tem um médico e uma enfermeira líder ou de referência para garantir o envolvimento dos médicos e da enfermagem no programa de sepse ( ) Sim

( ) Não

19. As atividades e resultados relacionados ao programa de sepse são incluídos nas avaliações anuais de desempenho dos lideres do nosso programa de sepse ( ) Sim

( ) Não

20. Nosso hospital conta com médicos e enfermeiros de referência para as atividades de sepse a nível da unidade ( ) Sim

( ) Não

21. As atividades e resultados do programa de sepse são relatados regularmente à liderança sênior do hospital e/ou ao conselho de administração do hospital ( ) Sim

( ) Não

 

Experiência multiprofissional

Estabelecido na instalação Comentários
22. (Exemplo prioritário) Nosso hospital tem um coordenador de sepse, que supervisiona a implementação diária das atividades do programa de sepse

Nota: o coordenador de sepse hospitalar pode ser o mesmo ou um indivíduo diferente do líder ou colíder do programa de sepse hospitalar

( ) Sim

( ) Não

23. (Exemplo prioritário) Médicos e líderes do departamento de emergência, enfermaria de internação e unidades de terapia intensiva estão totalmente envolvidos nas atividades no nosso programa de sepse hospitalar ( ) Sim

( ) Não

24. (Exemplo prioritário) Nosso programa de sepse hospitalar inclui representação multidisciplinar diversificada (por exemplo, administração de antimicrobianos, cuidados intensivos, medicina de emergência, medicina hospitalar, doenças infecciosas, enfermagem, outros serviços primários (como cirurgia, oncologia, obstetrícia, pediatria), farmácia e serviço social) ( ) Sim

( ) Não

25. (Exemplo prioritário) Nosso programa de sepse hospitalar conta com apoio contínuo de individuos com experiencia e treinamento formal em gerenciamento e analise de dados, tecnologia da informação e melhoria da qualidade e segurança do paciente ( ) Sim

( ) Não

26. Nosso programa de sepse hospitalar conta com o envolvimento pelo menos ad hoc de gerenciamento de casos, microbiologia, medicina laboratorial, flebotomia, médicos ambulatoriais, epidemiologistas hospitalares, profissionais de prevenção de infecções, pacientes, familiares, cuidadores e membros da comunidade ( ) Sim

( ) Não

 

Ação

Estabelecido na instalação Comentários
27. (Exemplo prioritário) Nosso hospital implementou um processo padrão para triagem de sepse na aceitação e durante a hospitalização ( ) Sim

( ) Não

28. (Exemplo prioritário) Nosso hospital possui uma diretriz hospitalar ou um plano de atendimento padronizado para o tratamento da sepse que aborda:

– Triagem

– Avaliação clínica

– Diagnóstico

– Seleção antimicrobiana

– Controle de fonte

– Reanimação com fluidos

– Indicações para escalonamento do tratamento

– Ajuste e suspensão de antimicrobianos

– Educação do paciente e da família/cuidador

– Gerenciamento peri-alta

( ) Sim

( ) Não

29. (Exemplo prioritário) Nosso hospital possui conjuntos de pedidos para o tratamento de sepse adaptados às populações de pacientes atendidas ( ) Sim

( ) Não

30. (Exemplo prioritário) Nosso hospital possui estruturas e processos implementados para facilitar a entrega imediata de antimicrobianos, incluído:

– Estocagem de antimicrobianos comuns em locais fora da farmácia

– Processamento imediato de novos pedidos de antimicrobianos

– Sistema de prescrição que priorizam a facilitam a administração imediata de novos antimicrobianos

– Farmacêuticos presentes em locais importantes fora da farmácia

( ) Sim

( ) Não

31. (Exemplo prioritário) Nosso hospital possui estruturas e processos implementados para apoiar transferências eficazes de pacientes com sepse, como modelos de notas para documentar o diagnostico de sepse e informações sobre o tratamento ( ) Sim

( ) Não

32. Nossa equipe de resposta rápida hospitalar é treinada no reconhecimento e tratamento da sepse ( ) Sim

( ) Não

33. Nosso hospital possui um protocolo de “Conduta para casos de Sepse” para facilitar o reconhecimento imediato e o cuidado da sepse em equipe ( ) Sim

( ) Não

34. Nosso hospital realiza avaliações peri-alta de pacientes após sepse para rastrear limitações funcionais novas ou agravadas, comprometimento cognitivo, transtorno de stress pós-traumático/sintomas de ansiedade e condições crônicas de saude ( ) Sim

( ) Não

35. Nosso hospital oferece coordenação de cuidados pós-alta e orientação antecipada destinada a otimizar a recuperação da sepse ( ) Sim

( ) Não

36. Nosso hospital possui prevenção de infecções associadas aos cuidados de saude e sepse de origem hospitalar que segue as recomendações de prevenção de infecções baseadas nas instalações ( ) Sim

( ) Não

 

Rastreamento

Estabelecido na instalação Comentários
37. (Exemplo prioritário) Nosso hospital rastreia a epidemiologia da sepse, como número de hospitalizações com sepse de origem comunitária, sepse de origem hospitalar e choque séptico ( ) Sim

( ) Não

38. (Exemplo prioritário) Nosso hospital rastreia o manejo da sepse, como o tempo até a administração de antibiótico e o tempo entre o pedido do antibiótico e a administração do mesmo ( ) Sim

( ) Não

39. (Exemplo prioritário) Nosso hospital monitora os desfechos de sepse, como mortalidade hospitalar, tempo de internação e readmissão ( ) Sim

( ) Não

40. (Exemplo prioritário) Nosso hospital avalia o uso, a usabilidade e o impacto das ferramentas hospitalares de sepse para informar sua melhoria contínua, como o uso de bundles de sepse ( ) Sim

( ) Não

41. (Exemplo prioritário) Nosso hospital monitora o progresso no sentido de atingir as metas hospitalares para o manejo e/ou resultados da sepse ( ) Sim

( ) Não

42. Nosso hospital realiza revisões de prontuários quase em tempo real para fins de feedback e educação do médico ( ) Sim

( ) Não

43. Nosso hospital realiza revisões de prontuários regularmente para fins de análise de causa raiz e melhoria de processos ( ) Sim

( ) Não

 

Comunicação Estabelecido na instalação Comentários
44. (Exemplo prioritário) Nosso hospital relata dados de tratamento e desfecho de sepse para a enfermagem, médicos e liderança do hospital em intervalos de rotina (por exemplo, mensalmente ou trimestralmente), incluindo:

– Dados a nível de unidade

– Tendencias ao longo do tempo

– Dados comparativos ou de benchmarking (por exemplo, comparação com outras unidades ou hospitais similares)

( ) Sim

( ) Não

45. Nosso hospital fornece feedback a médicos individuais sobre o tratamento de pacientes recentes com sepse ( ) Sim

( ) Não

46. Nosso hospital possui e mantem um painel ao vivo para relatar o tratamento e os resultados de sepse em tempo real ( ) Sim

( ) Não

 

Educação

Estabelecido na instalação Comentários
47. (Exemplo prioritário) Nosso hospital oferece treinamento e educação específicos sobre sepse no processo de contratação ou integração para profissionais de saúde e estagiários ( ) Sim

( ) Não

48. (Exemplo prioritário) Nosso hospital oferece educação anual sobre sepse ao pessoal clínico ( ) Sim

( ) Não

49. (Exemplo prioritário) Nosso hospital fornece educação escrita e verbal sobre sepse aos pacientes, familiares e/ou cuidadores antes da alta ( ) Sim

( ) Não

50. Nosso hospital publica informações sobre o reconhecimento de sepse em áreas de destaque para a equipe que atende o paciente (por exemplo, anexadas a máquinas de sinais vitais, em salas de descanso de equipes) ( ) Sim

( ) Não

51. Nosso hospital realiza palestras ou reuniões anuais focadas na sepse ( ) Sim

( ) Não

52. Nosso hospital inclui o reconhecimento e o tratamento da sepse nas competências anuais da enfermagem ( ) Sim

( ) Não

 

Fonte: CDC. Hospital Sepsis Program Core Elements. Atlanta, GA: US Department of Health and Human Services, CDC; 2023

Link: https://www.cdc.gov/sepsis/pdfs/sepsis-core-elements-H.pdf

Sinopse por: Maria Julia Ricci

E-mail: [email protected]

Instagram: https://www.instagram.com/sonojuju/

 

Links relacionados:

Quando suspeitar de sepse e como gerenciar o protocolo – https://www.ccih.med.br/quando-suspeitar-de-sepse-e-como-gerenciar-o-protocolo/

Novos dados do CDC para sepse – https://www.ccih.med.br/novos-dados-do-cdc-para-sepse/

O papel do enfermeiro na sepse – https://www.ccih.med.br/o-papel-do-enfermeiro-na-sepse/

TAGs / palavras chave: sepse, CDC, antimicrobianos, infecção, prevenção, melhoria de qualidade, protocolo, epidemiologia, mortalidade

 

 

 

Compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn
plugins premium WordPress
×