Profissionais de saúde necessitam de um treinamento específico para aderirem a um programa de stewardship de antimicrobianos? Veja o resultado deste estudo com enfermeiros.
Qual é o papel dos enfermeiros nos programas de stewardship de antimicrobianos?
O stewardship antimicrobiano (AMS) é uma intervenção desenvolvida para melhorar e avaliar o uso racional dos agentes antimicrobianos, por meio do controle da dosagem, da duração da terapia e da via de administração. Os enfermeiros são essenciais nesta iniciativa, porém de acordo com a literatura os enfermeiros frequentemente manifestam falta de conhecimento e de compreensão em como gerenciar os antimicrobianos.
A gestão antimicrobiana é um conjunto de ações que permitem a utilização correta dos antimicrobianos de forma a garantir acesso seguro e eficaz para os pacientes que precisam desta terapia medicamentosa.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatizou a importância do treinamento adequado e eficaz das equipes de saúde para o uso criterioso dos antibióticos.
Os enfermeiros são responsáveis por promover a saúde, educar e coordenar o cuidado aos pacientes.
Além disso, os enfermeiros têm um papel importante na regulação do uso dos antibióticos, na escolha da via de administração dos medicamentos, no aprazamento e monitoramento dos medicamentos prescritos. Possuem interação direta com os pacientes durante o processo de administração dos medicamentos e desempenham um papel importante na garantia de uma administração segura e de qualidade.
O que os autores quiseram avaliar no estudo?
O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito dos programas de treinamento frente a percepção e a prática clínica dos enfermeiros sobre a gestão de antimicrobianos.
Como foi realizada esta avaliação do impacto do treinamento dos enfermeiros?
Foi utilizado um instrumento especificamente validado e desenhado para avaliar as dimensões do conhecimento e percepção dos enfermeiros antes, depois e 2 meses após as sessões de treinamento sobre o gerenciamento dos antimicrobianos.
O presente estudo foi realizado com todos os enfermeiros de um Hospital regido pelo governo do Egito, que preparavam e administravam antibióticos (n = 115), de 1º de novembro de 2020 a 30 de abril de 2021.
Quais foram os principais impactos do treinamento realizado?
Cento e quinze enfermeiros responderam ao questionário; destes a média de idade foi de 36,55 anos e 103 eram do sexo feminino. Do total de entrevistados, 40 tinham de 10 a 15 anos de experiência, com média de 10,64 anos. Além disso, 105 destes não haviam participado de cursos de capacitação sobre antibióticos.
As barreiras relacionadas à incorporação da prática do manejo antimicrobiano relatadas pelos participantes foram: restrições de tempo e elevada carga de trabalho, resistência à mudança na prática e na atitude dos enfermeiros. Além disso, os participantes relataram a falta de conhecimento como um desafio, e que os pacientes e familiares foram mal orientados apresentando atitude deficiente frente aos antimicrobianos. Como mais um desafio para incorporar a prática da gestão antimicrobiana, os enfermeiros relataram grande rotatividade dos funcionários e comunicação deficiente entre a equipe médica.
O conhecimento inicial dos enfermeiros responsáveis pela gestão antimicrobiana era insatisfatório em 93% dos casos, sobre a classificação, o uso, os efeitos adversos, o papel dos enfermeiros na gestão de antimicrobianos. Antes do treinamento os enfermeiros possuíam uma percepção negativa maior do que positiva, com relação ao gerenciamento dos antibióticos.
Quais as limitações do estudo?
A limitação do estudo é que incluiu apenas enfermeiros e não envolveu diferentes profissionais da saúde que também desempenham papel fundamental na gestão dos antimicrobianos.
Que comentários e críticas finais?
Após o treinamento, a prática clínica, o conhecimento e a percepção dos enfermeiros frente ao gerenciamento dos antibióticos, melhorou significativamente. Este estudo mostra a importância de treinarmos e envolvermos os profissionais de saúde nas inciativas para prescrição adequada de antimicrobianos, pois pouca ênfase ao tema é dada durante a graduação dos mesmos.
Fonte:
Hendy, A., Al-Sharkawi, S., Hassanein, S. M. A., & Soliman, S. M. (2023). Effect of educational intervention on nurses’ perception and practice of antimicrobial stewardship programs. American journal of infection control, 51(1), 41–47.
Link:
https://doi.org/10.1016/j.ajic.2022.05.001
Sinopse por:
Thalita Gomes do Carmo
E-mail: Thalita.monografia.ccih@gmail.com
Instagram: https://www.instagram.com/profa.thalita_carmo/
Linkedin: https://www.linkedin.com/in/thalita-gomes-do-carmo-5957a85a/
Links relacionados:
Um apelo global de cinco países para colaboração na administração de antibióticos: unidos teremos sucesso, divididos poderemos fracassar. A Lanceta. Infectar doença. 2017 – https://doi.org/10.1016/S1473-3099(16)30386-3
Programa de manejo antimicrobiano em medicina intensiva: um estudo
intervencionista prospectivo. Medicina intensiva. 2018 – https://doi.org/10.1016/j.medin.2017.07.002
Stewardship de antibióticos e resistência antimicrobiana: https://www.ccih.med.br/stewardship-de-antimicrobianos-gerenciando-o-uso-dos-antimicrobianos-para-salvar-vidas/
TAGs / palavras chave:
stewardship antimicrobiano, uso racional, conhecimento, percepção, gerenciar os antimicrobianos, treinamento