Clostridioides difficile é uma bactéria emergente conhecida por causar diarreia grave e representa um desafio crescente para os serviços de saúde em todo o mundo.
Nesta live com o infectologista João Victor Soares Coriolano Coutinho, abordaremos a epidemiologia, fisiopatologia e quadro clínico da infecção por Clostridioides difficile, além da prevelência de cepas virulentas e genes de resistência a antimicrobianos. Discutiremos também quais as recomendações para o diagnóstico laboratorial, os fatores de risco para a infecção, as estratégias de prevenção e as diretrizes de tratamento mais recentes. Além disso, falaremos sobre as boas práticas e recomendações necessárias para controlar a disseminação dessa bactéria nos hospitais. A moderação será feita por Tadeu Fernandes e Beatriz Grion.
Principais tópicos:
07:31 Introdução
10:09 Linhagens de Clostridioides difficile
10:55 Linha do tempo das descobertas sobre o Clostridioides difficile
13:05 Impactos na Amética do Norte e Europa
14:05 Fisiopatologia
16:58 Toxinas
17:26 Classes de antibióticos que aumentam a predisposição à infecção por Clostridioides difficile.
18:18 Manifestações clínicas
21:41 Diagnóstico
23:19 Fluxograma para investigação de CDI
25:10 Tratamento
28:00 Imunobiológicos
30:10 Transplante de fezes
32:54 Medidas de precaução
33:55 Outras causas de diarréia
39:04 Início da discussão. O que a CCIH precisa observar em pacientes com diarreia?
43:25 Cuidados durante o transplante fecal.
49:30 Outros sintomas de infecção por Clostridioides difficile.
50:42 Recomendações para coleta de fezes
51:43 O que fazer quando não há testes diagnóstico disponíveis
53:50 Colostro
54:14 Há evidência para uso de probiótico?
55:12 Profilaxia
56:10 Medidas de precaução
58:31 5 momentos de higiene das mãos
1:00:45 Recorrência e precaução de contato.
1:03:12 Quando iniciar o tratamento
1:03:55 Por que não há obrigatoriedade de notificação de infecção por Clostridioides?
1:07:37 Conduta no tratamento de pacientes em uso de vancomicina intravenosa.
1:08:30 Qual a indicação da vacina em desenvolvimento? Desafios no tratamento.
1:12:42 Novos antibióticos e limitações na realidade brasileira.
1:15:01 Grupo de risco para vacina
1:15:50 Higienização ambiental
1:18:05 Suspensão do isolamento
1:20:00 Colonização em neonatos
1:23:10 Desafios e perspectivas
1:24:58 Exame de toxina, é necessário repetir?
Colite pseudomembranosa – saiba mais
A colite pseudomembranosa é uma inflamação grave do cólon, frequentemente associada à infecção pela bactéria Clostridioides difficile (anteriormente conhecida como Clostridium difficile). Esta condição é caracterizada pela formação de pseudomembranas na mucosa do cólon, que são compostas por exsudatos fibrinosos, leucócitos mortos e restos celulares.
Doenças Causadas por Clostridioides difficile
Além da colite pseudomembranosa, C. difficile pode causar uma série de outras doenças, incluindo:
Diarreia associada a antibióticos: uma condição mais leve que pode preceder a colite pseudomembranosa.
Colite não pseudomembranosa: inflamação do cólon sem a formação de pseudomembranas.
Colite fulminante: uma forma grave de colite que pode levar à toxicidade sistêmica e requer intervenção cirúrgica urgente.
Modo de Transmissão
A infecção por Clostridioides difficile ocorre principalmente em ambientes hospitalares e de cuidados prolongados. A transmissão é fecal-oral e pode acontecer através de superfícies contaminadas, mãos de profissionais de saúde e ingestão de esporos da bactéria, que são altamente resistentes e podem sobreviver por longos períodos no ambiente.
Sinais e Sintomas
Os sinais e sintomas variam de leve a grave e podem incluir:
Diarreia aquosa frequente (três ou mais vezes ao dia por dois ou mais dias)
Dor abdominal e cólicas
Febre
Náuseas
Desidratação
Perda de apetite
Sangue ou pus nas fezes (em casos mais graves)
Diagnóstico
O diagnóstico da infecção por Clostridioides difficile é baseado em:
História clínica e sintomas do paciente
Testes laboratoriais das fezes para detecção das toxinas produzidas pela bactéria (toxinas A e B)
Testes moleculares para identificar a presença do gene da toxina
Exames de imagem, como tomografia computadorizada, para avaliar a extensão da inflamação no cólon
Tratamento
O tratamento da colite pseudomembranosa e outras infecções por C. difficile inclui:
Interrupção do uso de antibióticos que possam ter desencadeado a infecção
Administração de antibióticos específicos contra C. difficile, como metronidazol, vancomicina oral ou fidaxomicina
Em casos graves, a colectomia pode ser necessária
Transplante de microbiota fecal (TMF) pode ser considerado em infecções recorrentes ou refratárias
Medidas de Prevenção
Para prevenir a disseminação de Clostridioides difficile, as seguintes medidas são recomendadas:
Higiene rigorosa das mãos com água e sabão, especialmente após contato com pacientes infectados ou superfícies potencialmente contaminadas
Uso adequado de luvas e aventais pelos profissionais de saúde
Limpeza e desinfecção adequada de superfícies e equipamentos hospitalares
Isolamento de pacientes infectados para evitar a transmissão cruzada
Uso criterioso de antibióticos para minimizar o risco de disbiose intestinal e subsequente infecção por C. difficile
A conscientização e a adesão às medidas de controle de infecção são cruciais para reduzir a incidência de infecções por Clostridioides difficile e suas complicações associadas.