Saiba mais sobre as infecções oculares incluindo sua classificação, diagnóstico, etiologia, fatores predisponentes e tratamento.
Recebemos o infectologista João Victor Coriolano para uma aula sobre os principais tipos de infecções oculares, o perfil microbiológico dos agentes etiológicos, as manifestações clínicas e as melhores práticas para prevenção e tratamento. Abordaremos as dúvidas relacionadas aos critérios epidemiológicos para notificação de endoftalmite após procedimentos oftalmológicos invasivos e o manejo dessas condições. A moderação será feita por Beatriz Grion, Filipe Prohaska e Tadeu Fernandes.
Minutagem
4:57 Início da apresentação – Conjuntivite.
10:50 Ceratite
16:25 Endoftalmite
22:48 Uveíte
28:41 Fungemia e exame de fundo de olho. Infecções oculares causadas por fungos, sífilis, e tuberculose ocular.
31:52 Tuberculose ocular.
33:16 Fungos que causam infecção ocular por doença sistêmica, exposição e trauma.
34:39 Esporotricose.
36:04 Covid-19 e acometimento ocular. Pós-Covid-19.
37:38 Infecções oculares secretantes e precaução de contato. Herpes zoster com acometimento ocular e precaução por gotículas.
40:18 Fatores de risco que aumentam predisposição para infecções oculares no ambiente hospitalar.
42:24 Procedimentos cirúrgicos que oferecem maior risco para endofatalmite. Fatores de risco que aumentam o risco de infecção.
43:42 Preparo da pele e mucosa em procedimentos cirúrgicos.
44:29 Antibioticoterapia em proceidmentos oftalmológicos.
45:41 Critérios epidemiológicos para notificação de endoftalmite.
48:06 Quais os riscos para infecções oculares pelo uso indiscriminado de colírios?
49:50 Boas práticas para uso de colírios nas insittuições de saúde.
51:11 Desafios atuais para o tratamento de infecções oculares e resistência a antimicrobianos.
52:56 Como coletar cultura na suspeita de infecção ocular?
55:33 Exame de fundo de olho. 56:53 Conjuntivite causada pela gonorreia em unidade neonatal.
1:00:04 Manejo de pacientes imunossuprimidos para prevenir infecções oculares.
1:03:48 Manifestação ocular em decorrência de candidemia e bacteremia. Exame de fundo de olho para S. aureus e candidemia.
1:06:18 Diagnóstico diferenciam de conjuntive infecciosa e não infecciosa.
1:08:05 Situações em que a enucleação é indicada.
1:10:35 Relato de caso – Mucormicose ocular.
1:13:10 Desafios atuais para diagnóstico e tratamento das infecções oculares.
Infecções do globo ocular e adjacências – diagnóstico, etiologia e tratamento
As infecções que acometem o globo ocular e suas adjacências podem ser divididas em várias categorias, dependendo da localização e do tipo de microorganismo envolvido. Vou descrever as principais infecções, os diagnósticos, os agentes etiológicos, os fatores de risco e os tratamentos.
1. Conjuntivite
Descrição:
A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, a membrana fina que reveste a parte interna das pálpebras e a parte branca do olho.
Diagnóstico:
– Clínico: Através da observação de sintomas como vermelhidão ocular, secreção, sensação de areia nos olhos e lacrimejamento.
– Teste microbiológico: Em casos graves ou persistentes, uma amostra da secreção pode ser analisada.
Agentes Etiológicos:
– Bacteriana: Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae.
– Viral: Adenovírus, vírus do herpes simples (HSV).
– Alérgica: Reação alérgica a pólen, poeira, produtos cosméticos.
Fatores de Risco:
– Contato com pessoas infectadas (especialmente em conjuntivite viral).
– Uso inadequado de lentes de contato.
– Alergias sazonais.
Tratamento:
– Bacteriana: Antibióticos tópicos (colírios de ciprofloxacino, ofloxacino, ou pomada de eritromicina).
– Viral: A infecção geralmente é autolimitada; compressas frias e lágrimas artificiais para alívio.
– Alérgica: Anti-histamínicos tópicos e compressas frias.
2. Uveíte
Descrição:
A uveíte é uma inflamação da úvea, que inclui a íris, corpo ciliar e coroide.
Diagnóstico:
– Exame clínico: Inclui observação do olho com lâmpada de fenda, onde se observa células inflamatórias na câmara anterior.
– Exames de imagem: Tomografia de coerência óptica (OCT) e ultrassom ocular para casos específicos.
Agentes Etiológicos:
– Infecciosa: Toxoplasma gondii, Herpes simplex, Mycobacterium tuberculosis.
– Não infecciosa: Associada a doenças autoimunes como artrite reumatoide, espondilite anquilosante.
Fatores de Risco:
– Doenças autoimunes.
– História de infecções oculares prévias.
– Comprometimento imunológico.
Tratamento:
– Infecciosa: Antibióticos ou antivirais dependendo do patógeno.
– Não infecciosa: Corticosteroides tópicos ou sistêmicos, imunossupressores em casos graves.
3. Ceratite
Descrição:
A ceratite é uma inflamação ou infecção da córnea.
Diagnóstico:
– Clínico: Exame com lâmpada de fenda, fluoresceína para visualizar úlceras na córnea.
– Cultura de córnea: Para identificar o agente etiológico.
Agentes Etiológicos:
– Bacteriana: Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus.
– Viral: Herpes simplex, varicela zoster.
– Fúngica: Aspergillus, Candida.
– Parasítica: Acanthamoeba.
Fatores de Risco:
– Uso de lentes de contato (principalmente quando não higienizadas adequadamente).
– Trauma ocular.
– Imunossupressão.
Tratamento:
– Bacteriana: Colírios antibióticos (fluoroquinolonas).
– Viral: Antivirais tópicos (aciclovir).
– Fúngica: Antifúngicos tópicos (natamicina, anfotericina B).
– Parasítica: Antiparasitários tópicos (clorexidina, polimixina B).
4. Endoftalmite
Descrição:
Endoftalmite é uma infecção intraocular grave que pode levar à perda de visão se não tratada prontamente.
Diagnóstico:
– Clínico: Diminuição da acuidade visual, dor intensa, vermelhidão, secreção purulenta.
– Exames complementares: Ultrassom ocular e aspiração de humor vítreo para cultura.
Agentes Etiológicos:
– Pós-operatória: Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus aureus.
– Endógena: Bactérias oriundas de focos de infecção em outros locais do corpo (por exemplo, septicemia).
Fatores de Risco:
– Cirurgia ocular recente (como catarata).
– Injeções intravítreas.
– Trauma ocular.
Tratamento:
– Injeção intravítrea: Antibióticos (vancomicina, ceftazidima).
– Vitrectomia: Em casos graves para remover o humor vítreo infectado.
– Tratamento sistêmico: Antibióticos intravenosos.
5. Celulite Orbitária
Descrição:
A celulite orbitária é uma infecção dos tecidos orbitais posteriores ao septo orbitário.
Diagnóstico:
– Clínico: Inchaço palpebral, dor, proptose (protusão do globo ocular), febre.
– Exames de imagem: Tomografia computadorizada (TC) da órbita para avaliar a extensão da infecção.
Agentes Etiológicos:
– Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae.
Fatores de Risco:
– Sinusite (principalmente do seio etmoidal).
– Trauma ocular ou cirurgia recente.
– Infecções cutâneas faciais.
Tratamento:
– Antibióticos intravenosos: Cefalosporinas de terceira geração ou vancomicina, dependendo do organismo suspeito.
– Cirurgia: Para drenagem de abscessos, se necessário.
Considerações Finais
Cada uma dessas infecções oculares e suas adjacências pode ter complicações graves se não tratadas adequadamente. O diagnóstico precoce e a intervenção adequada são essenciais para preservar a função visual e evitar complicações sistêmicas. O manejo é frequentemente multidisciplinar, envolvendo oftalmologistas, infectologistas e, em alguns casos, cirurgiões.
Assista a live para aprofundar as informações sobre o tema.
Autor: Antonio Tadeu Fernandes