Vários artigos têm identificado contaminação das pias hospitalares, inclusive como reservatórios de microrganismos multiresistentes responsáveis por surtos hospitalares. O que fazer para não transformar uma medida importante de controle de infecção na fonte de contágio?

O crescente número de estudos sobre a relação entre pias para lavagem de mãos e a incidência de infecções hospitalares e surtos tem evidenciado essas estruturas como reservatórios significativos de patógenos, especialmente os resistentes a antibióticos. Embora essa realidade seja amplamente reconhecida, as vias exatas de transmissão ainda não estão completamente esclarecidas. Nesta live, a Professora Thais Cristine Araújo conduzirá uma análise aprofundada das principais evidências científicas sobre o tema. Discutiremos as recomendações atuais para gerenciar e mitigar o risco de contaminação ambiental associado às pias nos serviços de saúde, oferecendo insights valiosos para profissionais preocupados com a segurança e a prevenção de infecções.

Minutagem (Principais tópicos):

9:14 Introdução à apresentação do tema.

11:36 Das descobertas de Florence Nightingale aos dias de hoje. Os riscos da estrutura física do ambiente hospitalar estão sendo ignorados?

14:00 Estudos associados à contaminação de pias hospitalres e cuidados sem água.

14:43 Principais microrganismos isolados de amostras de sifão/dreno.

15:33 Artigo sobre surto em pias hospitalares.

18:18 Layout comumente encontrado em UTIs. Leitos coletivos x individualizados.

19:13 Conceito e componentes do “cuidado sem água”.

20:50 Artigo sobre contaminação retrógrada do aerador da torneira.

22:35 Review sobre intervenções nas pias e redução no risco de infecção e colonização por BGN.

24:25 Correlação entre pias e contaminação de pacientes nas UTIs.

26:10 Qual é a fonte do respingo contaminado?

29:44 Recomendaçõs com relação ao projeto de pias hospitalares e práticas de uso.

31:30 Modelos de pias com diferentes posições de drenagem e o impacto na dispersão de microrganismos.

33:49 Splash zone.

38:01 Sugestões de intervenção nas pias.

40:27 Reflexões sobre o risco e possibilidades.

42:52 Conceito de “áreas sem água”.

44:55 Cuidado sem água.

48:40 Recomendações internacionais (CDC, SHEA).

50:57 Legislação no Brasil.

55:52 Conclusões. O que sabemos até o momento?

58:55 Para o que não há evidência forte?

1:00:56 Início do bate-papo e reflexões sobre o tema.

1:07:17 Relato sobre surto por Enterobacter associado a pias.

1:09:19 Estudos sobre contaminação em modelos diferentes de torneira.

1:09:51 Carência de legislação sobre o tamanho ideal de pias em área assistencial e design de torneiras (RDC 50 está em revisão).

1:13:24 Relato de caso: Coleta de swab em pias e microrganismos isolados.

1:15:47 Relato de surto por Fusarium. Limitações para investigações de amostras ambientais em surtos.

1:20:47 Desafios para o gerencimento da qualidade da água em hospital.

1:24:24 Problemas com contaminação nas coletas de água em torneiras pouco utilizadas. Recomendações.

1:28:27 Existe diferença de contaminação do sifão dependendo do tipo de material desse?

1:30:09 Sifões auto-limpantes.

1:32:40 Qual o risco de bebedouros na área de assistência.

1:34:28 Cuidados com limpeza da ponta da torneira e aeradores nas áreas críticas.

1:38:00 Comentários sobre a estrutura e posição das torneiras.

1:43:15 Torneiras e pias em CME.

1:47:15 Mensagem final sobre o tema. Quais as perspectivas?

Pias podem ser fonte de contaminação?

As pias em ambientes hospitalares podem, de fato, ser uma fonte de contaminação. Isso ocorre porque elas podem abrigar microrganismos patogênicos, como bactérias multirresistentes, que podem se proliferar devido à umidade constante e ao acúmulo de resíduos orgânicos, principalmente no ralo e sifão, onde se formam biofilmes que podem gerar gotículas ao recolherem água. Quando essas pias não são higienizadas adequadamente, tornam-se focos de infecção, contribuindo para surtos de doenças dentro dos hospitais.

A contaminação pode se espalhar de várias formas. A água das pias pode conter microrganismos que são transferidos para as mãos de profissionais de saúde, equipamentos médicos ou superfícies adjacentes, através das gotículas geradas. Isso pode resultar em infecções cruzadas, onde os microrganismos são transferidos de um paciente para outro, aumentando o risco de infecções hospitalares, especialmente em unidades de terapia intensiva, onde os pacientes são mais vulneráveis.

Para prevenir essa contaminação, algumas medidas essenciais devem ser adotadas:

Higienização rigorosa: Implementar protocolos rígidos de limpeza e desinfecção das pias e áreas ao redor. Isso inclui a desinfecção regular com produtos eficazes contra bactérias multirresistentes.

Manutenção e design: Considerar o design das pias e sistemas de drenagem para minimizar a retenção de água e o crescimento bacteriano. O uso de pias com materiais antimicrobianos e o correto direcionamento da água para evitar respingos também são importantes.

Educação e treinamento: Profissionais de saúde devem ser treinados continuamente em práticas de higiene, incluindo a higienização correta das mãos antes e depois do uso das pias, coma aplicação de soluções alcoólicas posteriormente. Isso é crucial para interromper a cadeia de transmissão de infecções.

Monitoramento e vigilância: Estabelecer um sistema de vigilância para monitorar a presença de micro-organismos nas pias e ambientes próximos, permitindo a rápida identificação e controle de surtos.

Essas medidas são fundamentais para reduzir a incidência de infecções hospitalares associadas ao uso inadequado das pias, protegendo tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde

Prevenção e controle de infecção: https://www.ccih.med.br/como-e-por-que-controlar-as-infeccoes-hospitalares/

MBA Gestão em saúde e controle de infecção: https://www.ccih.med.br/cursos-mba/mba-ccih-gestao-em-saude-e-controle-de-infeccao/