Saiba tudo sobre cannabis medicinal: mecanismo de ação, principais indicações e dicas para seu emprego terapêutico.
A utilização da cannabis medicinal é uma área de crescente importância no campo da saúde, demonstrando eficácia no tratamento de diversas condições, oferecendo alívio a pacientes com doenças crônicas, dor neuropática, epilepsia e outras condições debilitantes. No entanto, o uso terapêutico da cannabis exige um acompanhamento farmacoterapêutico rigoroso para garantir a segurança e a eficácia do tratamento. Nesta live especial, ontaremos com a presença do Farmacêutico e Professor Thairone Moura, Membro do GT de Cannabis Medicinal no CRF-BA, para uma aula sobre o acompanhamento farmacoterapêutico de pacientes que utilizam cannabis medicinal. A moderação será feita por Amanda Arruda.
Principais tópicos (minutagem):
07:00 O que cannabis medicinal?
08:19 etnobotânica
10:10 mecanismo de ação
11:47 medina canabinóide (efeitos)
12:47 sistema endocanabinóide (mecanismo de ação)
18:25 receptores canabinóides
10:20 neurotransmissores canabinóides
21:40 mecanismos anti-tumorais
23:25 fitoquímica
29:30 propriedades farmacológicas.
31:05 farmacoterapia da cannabis medicinal
40:37 segurança
43:10 produtos terapêuticos
45:45 vias de administração
49:10 marcos regulatórios
53:10 uso clínico
Saiba mais:
A cannabis medicinal tem ganhado atenção crescente na medicina moderna por suas potenciais aplicações terapêuticas. A planta Cannabis sativa contém numerosos compostos químicos, conhecidos como canabinoides, dos quais os mais estudados são o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). Estes compostos têm mostrado propriedades terapêuticas em uma variedade de condições médicas.
Mecanismo de Ação
Os canabinoides atuam no corpo humano principalmente através do sistema endocanabinoide, que é composto por receptores (CB1 e CB2), endocanabinoides (produzidos pelo corpo) e enzimas responsáveis pela síntese e degradação desses compostos. O receptor CB1 é predominante no sistema nervoso central e é responsável pelos efeitos psicoativos do THC. O receptor CB2 é encontrado principalmente nas células do sistema imunológico e está associado à modulação da inflamação e da dor. O THC se liga aos receptores CB1, promovendo a liberação de neurotransmissores que modulam a percepção da dor, o humor e o apetite. O CBD, por outro lado, tem baixa afinidade por esses receptores, mas influencia indiretamente o sistema endocanabinoide ao inibir a enzima FAAH (que degrada o endocanabinoide anandamida) e ao interagir com outros receptores, como o receptor de serotonina (5-HT1A) e o receptor vaniloide (TRPV1).
Uso Clínico e Principais Indicações
Dor Crônica: A cannabis medicinal tem sido usada no manejo da dor crônica, especialmente em condições como neuropatia, artrite e esclerose múltipla. Estudos demonstraram que o THC e o CBD podem reduzir a dor através da modulação dos sinais de dor no sistema nervoso central.
Espasticidade em Esclerose Múltipla: Produtos contendo uma combinação de THC e CBD têm mostrado eficácia na redução da espasticidade muscular associada à esclerose múltipla, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
Náuseas e Vômitos Induzidos por Quimioterapia: O THC é eficaz no controle das náuseas e vômitos induzidos pela quimioterapia em pacientes com câncer. Medicamentos como o dronabinol (THC sintético) são usados para esse propósito.
Epilepsia Refratária: O CBD tem demonstrado eficácia em reduzir a frequência das crises epilépticas em síndromes raras e severas, como a síndrome de Dravet e a síndrome de Lennox-Gastaut, onde outras medicações são ineficazes.
Transtornos de Ansiedade e Sono: O CBD tem sido estudado por seus efeitos ansiolíticos e sedativos, sendo útil em alguns casos de transtornos de ansiedade e distúrbios do sono.