fbpx


CCIH Cursos: há 20 anos disseminando sabedoria

Dias
Horas
Minutos
EM CONTAGEM REGRESSIVA PARA A JORNADA DE SEGURANÇA DO PACIENTE. INSCREVA-SE GRATUITAMENTE!
logo-ccih-famesp-496-x-866-px-1

Adesão à higiene de mãos pelos profissionais de saúde antes e depois da pandemia pelo Covid-19

A pandemia pelo Covid-19 representou um verdadeiro tsunami nas instituições de saúde, que precisaram rapidamente estruturar seus processos e mesmo espaços para receber os pacientes com suspeita ou confirmação da infecção. Sabemos que, junto com o reforço das precauções padrão, de gotícula e área, a higiene das mãos foi e é uma importante estratégia de prevenção da disseminação da Covid-19, dentro e fora dos ambientes hospitalares. Neste artigo, o grupo de pesquisa realizou uma meta-análise sobre a adesão dos profissionais de saúde à higiene das mãos antes e após o pico da pandemia.

Tópicos:

  • Qual a importância da higiene de mãos e seu impacto nas infecções hospitalares?
  • Qual é o objetivo do estudo?
  • Como o estudo foi desenhado?
  • O que os estudos selecionados na meta-análise nos dizem sobre as taxas de adesão à higiene de mãos durante a pandemia?
  • Conclusões do estudo
  • Limitações do estudo
  • Opinião da equipe CCIH

Qual a importância da higiene de mãos e seu impacto nas infecções hospitalares?

A higienização das mãos (HM) trata-se de uma medida custo-efetiva, com evidências científicas e clínicas que comprovam a redução das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS).

Em um estudo observacional, os autores detectaram uma melhora de 10% na higienização das mãos dos profissionais de saúde e uma redução de 6% das IRAS no geral. Durante a pandemia de COVID-19, observou-se que uma higienização ruim das mãos aumentava a taxa de transmissão do vírus. Em outro estudo de laboratório, os autores observaram que o SARS-CoV-2 permanece na pele por até 14 dias a uma temperatura de 4°C, por 96 horas a 22°C e por pelo menos 8 horas quando exposto a uma temperatura de 37°C.

Em uma análise microbiológica dos objetos presentes em um hospital da cidade de Wuhan, aqueles que mais apresentavam contaminação pelo SARS-CoV-2 foram as impressoras no autoatendimento (20,0%), o desktop/teclado (16,8%) e as maçanetas (16,0%) que eram tocadas com frequência pelas mãos dos profissionais de saúde.

A higienização eficaz das mãos, assim como um programa de vacinação seguro contra a COVID-19 não são apenas medidas para prevenir a propagação do SARS-CoV-2, mas também são medidas importantes para redução das taxas de IRAS e da propagação da resistência antimicrobiana.

É notável que há uma lacuna entre o conhecimento e a adesão à HM entre os profissionais de saúde. Estudos anteriores documentaram que a adesão à HM é afetada por muitos fatores, como carga de trabalho longas, interrupção por outros motivos, esquecimento de lavar as mãos, falta de locais para higienização das mãos e intolerância da pele das mãos dos profissionais da saúde ao produto utilizado durante a higienização causada por HM frequente.

A partir da experiência da linha de frente, durante o surto de COVID-19, os hospitais fortaleceram as medidas de HM entre os profissionais de saúde, incluindo o fortalecimento da educação, aumento da frequência de monitoramento, fixação de avisos e sinais de alerta e outras medidas. Além disso, os profissionais de saúde podem ter demonstrado maior autoconsciência e motivação de realizar HM em comparação com momentos anteriores a COVID-19. No entanto, não se sabe se o comportamento de higienização das mãos entre os profissionais de saúde, de fato mudou e que tipo de mudanças podem ter ocorrido após o surto

Qual é o objetivo do estudo?

O objetivo deste estudo foi avaliar a taxa de adesão e as características da higienização das mãos durante a pandemia de COVID-19 e comparar com a situação antes deste cenário, a fim de se propor medidas baseadas em evidências que aprimorem a adesão a HM dos profissionais da saúde.

Como o estudo foi desenhado?

Trata-se de uma meta-análise reportada de acordo com os Itens do Checklist PRISMA para Revisões Sistemáticas e Meta-análise. Foi desenvolvido um protocolo para identificar estudos relevantes, avaliar a elegibilidade e a qualidade dos estudos.

Realizou-se uma busca sistemática em 1º de outubro de 2021, sem restrições de região, tipo de publicação ou idioma. Foram consultados os bancos de dados PubMed, Embase, Cochrane Library, Web of Science, CNKI, WanFang Data, VIP e CBM (abrangendo o período de estudo de 1º de janeiro de 2020 a 1º de outubro de 2021). Para fornecer mais evidências, também se mapeou as listas de referências dos ensaios, revisões anteriores, meta-análises e diretrizes de prática clínica sobre o mesmo tópico. Dois revisores selecionaram os artigos relevantes de forma independente e, em caso de conflito entre os revisores, chegaram a um consenso após discussão.

O que os estudos selecionados na meta-análise nos dizem sobre as taxas de adesão à higiene de mãos durante a pandemia?

Dez estudos foram elegíveis para essa meta-análise.

Entre os 10 estudos incluídos, 6 foram realizados na China, 1 na América do Norte, 1 na Alemanha, 1 na Itália e 1 na Índia. Com relação ao tipo de estudo 3 foram pesquisas transversais, 6 estudos antes-depois e 1 ensaio clínico randomizado. Todos os estudos foram realizados entre dezembro de 2019 e abril de 2021 e as taxas de adesão a higienização das mãos variaram entre 46% a 100%.

De acordo com as informações da literatura, 2.377 profissionais de saúde foram incluídos no estudo, dentre esses 1.360 eram enfermeiros, sendo a principal população observada com 57,21%, seguido 833 médicos (35,04%) e 184 de outras categorias profissionais na saúde (7,74%).

Cinco estudos foram realizados em hospitais ou enfermarias designadas para COVID-19. A maioria dos estudos (6/10) considerou o hospital como a unidade inteira para realizar o estudo. Entre todos os profissionais de saúde incluídos, 64 (48,85%) trabalhavam na UTI, representando a grande maioria, seguidos de 46 (35,11%) em cirurgia e 21 (16,03%) em clínica médica. Um total de 1.891.664 ações e 3.591.681 oportunidades para higienização das mãos foram observadas nos 10 estudos. Como método de observação para conformidade da adesão a HM, os pesquisadores adotaram o método de observação secreta (3 artigos), o método de observação aberta (6 artigos), ambos (1 estudo) e sistema de monitoramento automatizado (1 grupo).

A taxa de adesão global da HM foi de 74%, e no geral, a taxa de adesão a higienização das mãos dos profissionais de saúde foi alta durante a pandemia de COVID-19.

A taxa de adesão a HM dos enfermeiros foi 10% maior do que a dos demais profissionais da saúde. Enquanto a dos profissionais da saúde auxiliares tiveram a mais baixa taxa de adesão.

De acordo com os 5 momentos estipulados pela OMS para higienização das mãos, os prestadores de cuidados de saúde tiveram a maior adesão após contato com os fluidos corporais dos pacientes, por outro lado antes do contato com o paciente os mesmos apresentaram a menor taxa de adesão, o que foi equivalente com o período antes da pandemia.

Conclusões do estudo

Durante a pandemia de COVID-19, a adesão a higienização das mãos dos prestadores de cuidados de saúde apresentou uma grande melhoria. A adesão dos funcionários auxiliares e a oportunidade de higienização das mãos “antes do contato com os pacientes” devem ser fortalecidas. No futuro, será necessário desenvolver ferramentas padronizadas de monitoramento da higienização das mãos para melhora da prática clínica.

Limitações do estudo

Este estudo teve algumas limitações. Em alguns estudos não havia relato da taxa de adesão de todas as áreas hospitalares, apenas de algumas. Portanto, a avaliação da taxa de adesão durante a pandemia foi limitada a essas áreas informadas. Os autores consideram que essas limitações não descartam a relevância dos dados encontrados nesta revisão, além de ter fornecido evidências para que possamos entender de forma abrangente a situação da taxa de adesão a higienização das mãos durante a epidemia.

Opinião da equipe CCIH

Como comentado no item “Limitações do estudo”, apesar do trabalho compor uma meta-análise, evidenciamos diferenças importantes no delineamento e população dos artigos, tornando difícil uma comparação adequada entre eles. Mas, de qualquer forma, este artigo fornece interessantes fontes para um benchmarking entre outras instituições, em relação à adesão à higienização das mãos.

Fonte: Wang Y et al. Compared hand hygiene compliance among healthcare providers before and after the COVID-19 pandemic: A rapid review and meta-analysis. Am J Infect Control. 2022 May;50(5):563-571. doi: 10.1016/j.ajic.2021.11.030. Epub 2021 Dec 7. PMID: 34883162; PMCID: PMC8648372.

Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0196655321007926

Sinopse por: Thalita Gomes do Carmo

Elaborado por: Thalita Gomes do Carmo

https://www.instagram.com/profa.thalita_carmo/

Links relacionados:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S019567012100102X

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7167489/

https://www.ccih.med.br/higiene-de-maos-estrategias-e-adorno-zero/

https://www.ccih.med.br/impactos-da-pandemia-sobre-o-controle-de-infeccao/

https://www.ccih.med.br/como-e-por-que-controlar-as-infeccoes-hospitalares/

Palvras-chave/tags:

Pandemia, Covid-19, prevenção, disseminação, meta-análise, profissionais de saúde, higiene das mãos, higienização das mãos, infecções relacionadas à assistência à saúde, taxa de transmissão do vírus, análise microbiológica dos objetos, contaminação, vacinação, resistência antimicrobiana, carga de trabalho longas, intolerância da pele, educação, taxa de adesão, Revisões Sistemáticas e Meta-análise, diretrizes de prática clínica, enfermeiros, médicos, profissionais na saúde, UTI, cirurgia, observação, conformidade na adesão a HM, observação secreta, observação aberta, sistema de monitoramento automatizado, 5 momentos, OMS, prestadores de cuidados de saúde, fluidos corporais, funcionários auxiliares, prática clínica, benchmarking

Compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn
plugins premium WordPress
×