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Alerta sobre o aumento global de casos de coqueluche

O Ministério da Saúde publicou a Nota Técnica Nº 70/2024-DPNI/SVSA/MS alertando sobre a ocorrência de surtos de coqueluche em países da Ásia e Europa.  O Boletim Epidemiológico do  European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC), publicado em maio/2024, informa a ocorrência do aumento de casos da doença na União Europeia, com registro de 25.130 casos de janeiro a dezembro de 2023. Entre 1 de janeiro e 31 de março de 2024, mais 32.037 casos foram notificados. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China (CCDC, 2024) informa que, em 2024, foram notificados no país, 32.380 casos e 13 óbitos por coqueluche, até fevereiro.

No Brasil, o último pico epidêmico de coqueluche ocorreu em 2014 quando foram confirmados 8.614 casos. De 2015 a 2019, o número de casos confirmados variou entre 3.110 e 1.562, respectivamente. A partir de 2020, observa-se uma redução importante no número de casos confirmados e, até a Semana Epidemiológica (SE) 14 de 2024, haviam sido confirmados 31 casos. Atualmente, a doença é controlada no Brasil graças à vacinação, que apresentou aumento da cobertura vacinal em 2023. No entanto, diante do cenário global, o MS recomenda a ampliação (em caráter excepcional) e intensificação da vacinação contra a coqueluche, assim como o fortalecimento das ações de vigilância epidemiológica da doença no Brasil.

A coqueluche é uma doença infecciosa aguda, de distribuição universal, causada pela bactéria Bordetella Pertussis, uma bactéria gram-negativa, aeróbia, não esporulada, imóvel e pequeno (1 mm), provida de cápsula (formas patogênicas) e de fímbrias. O ser humano é o único reservatório natural.

Apesar de ser uma doença imunoprevenível, a coqueluche ainda representa um problema de saúde pública, especialmente em lactentes, onde pode levar a complicações graves e até mesmo à morte. Dados nacionais de 2019 a 2024 mostram que as crianças menores de um ano de vida representaram mais de 52% dos casos de coqueluche. Em seguida crianças entre 1 e 4 anos, com cerca de 22%.

O que a coqueluche provoca?

A doença afeta especificamente a traqueia e brônquios, caracterizando-se por paroxismos de tosse seca, febre e cansaço, que podem levar a graves complicações. Mesmo sendo altamente contagiosa, a coqueluche pode ser confundida com um resfriado. Estima-se que 1 pessoa com coqueluche pode infectar de 12 a 17 outras suscetíveis. A transmissão ocorre pelo contato direto do doente com uma pessoa suscetivel por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro e fala. A transmissão indireta é menos frequente, mas pode ocorrer por meio de objetos contaminados com secreções de pessoas doentes.

O período de incubação do bacilo é de, em média, 5 a 10 dias podendo variar de 4 a 21 dias e, raramente, até 42 dias. O período de transmissibilidade vai desde o 5º dia após o contato com o doente até três semanas após o início da fase paroxística, que consiste em acessos de tosse típicos da doença. Nos lactantes menores de 6 meses, pode estender-se por até 4 ou 6 semanas após o inicío da tosse. A infecção pode durar cerca de 6 a 10 semanas e evolui em três fases sucessivas: a fase catarral, a fase paroxística e a fase de convalescença. A primeira fase, se inicia com manifestações respiratórias e sintomas leves, que duram de uma a duas semanas. Na segunda fase ocorre a instalação progressiva de surtos de tosse até crise de paroxismo, que variam de duas a 6 semanas. A terceira fase pode durar de duas a seis semanas, com diminuição gradual dos sintomas.

Os doentes com coqueluche devem ser mantidos em isolamento respiratório durante 5 dias após o início do tratamento antimicrobiano apropriado. Nos casos não submetidos à antibioticoterapia, o tempo de isolamento deve ser de 3 semanas.

Complicações da coqueluche

As complicações da coqueluche podem ser respiratórias (como pneumonia, ativação de tuberculose latente, atelectasia, bronquiectasia, enfisema, pneumotórax e ruptura do diafragma), neurológicas (como encefalopatia aguda, convulsões, coma, hemorragias intracerebrais, hemorragia subdural, estrabismo e surdez) e outras como hemorragias subconjuntivais, otite média por B. pertussis, epistaxe, edema de face, úlcera do frênulo lingual, hérnias umbilicais, inguinais e diafragmáticas, conjuntivite, fraturas em ossos intercostais pelo excesso de tosse, desidratação e/ou desnutrição.

O grupo mais vulnerável ao adoecimento e mortalidade é o dos menores de 1 ano de vida, sendo que a maioria dos casos e óbitos se concentram nos menores de 6 meses de idade, quando ainda não se completou o esquema vacinal primário com as três doses da vacina penta (aos 2, 4 e 6 meses de vida). Os lactentes podem apresentar complicações graves, que incluem: Infecções de ouvido, pneumonia, parada respiratória, desidratação, convulsão, lesão cerebral e morte.

O diagnóstico da coqueluche é feito por coleta de secreção de nasofaringe, para envio aos Lacen e realização de cultura (padrão-ouro) e PCR em tempo real (qPCR) (quando disponível). A coleta do espécime clínico deve ser realizada antes do início da antibioticoterapia ou, no máximo, até 03 dias após seu início. Como exames complementares, podem ser realizados hemograma e raio-x de tórax.

Prevenção

A principal forma de prevenção da coqueluche é a vacinação de crianças menores de 1 ano, aplicação dos reforços aos 15 meses e aos 4 anos de idade, vacinação de gestantes e puérperas e de profissionais da área da saúde. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) preconiza como meta o alcance de 95% da cobertura vacinal com a vacina penta em menores de um ano de idade (esquema primário completo) e com a vacina DTP (1º reforço) aos 15 meses de vida.

A coqueluche é uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional. A nota técnica inclui alerta aos profissionais de saúde da área assistencial. A notificação deve ser feita à autoridade de saúde pública, prioritariamente do setor de vigilância epidemiológica das Secretarias Municipais de Saúde. A notificação é individual e deverá registrada na Ficha de Notificação, e posteriormente, os dados deverão ser digitados no Sinan. Além disso, a nota técnica também orienta realizar investigação de contatos de casos confirmados, oferta de tratamento oportuno, além de ampliação do uso da vacina dTpa para profissionais de saúde que atuam em atendimentos de ginecologia, obstetrícia, pediatria, além de doulas e trabalhadores de berçários e creches com crianças até 4 anos.

Link: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/notas-tecnicas/2024/nota-tecnica-conjunta-no-70-2024-dpni-svsa-ms.pdf

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2024/junho/surtos-de-coqueluche-na-europa-e-na-asia-reforcam-importancia-da-vacinacao-no-brasil

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/ALERTA-01-COQUELUCHE-2024(1).pdf

Sintetizado por: Beatriz Grion

Link: https://www.linkedin.com/in/beatriz-alessandra-rudi-grion-57213315b/

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