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Análise das prescrições de profilaxia antibiótica no âmbito odontológico

O combate à resistência antimicrobiana devido ao uso de antibióticos é uma prioridade global e prescrição profilática adequada é um ponto-chave. Muitos esforços têm sido feitos, mas ainda existe uma grande lacuna de conhecimento sobre a prescrição de antibióticos por dentistas, que são responsáveis por cerca de 10% de toda a prescrição de antibióticos.

Qual foi a justificativa do estudo?

Os dentistas são responsáveis por uma quantidade considerável da prescrição de antibióticos, sendo os principais prescritores de clindamicina. Embora a administração antimicrobiana apropriada tenha se tornado um esforço conjunto entre os profissionais de saúde nos últimos anos, ainda há muita confusão quando se trata da área odontológica. Essa situação pode ser explicada pelas diferentes e muitas vezes contraditórias orientações disponíveis para esses profissionais e também pela estratégia de codificação utilizada pelos dentistas na maioria dos hospitais (uso de terminologia odontológica abrangente (CDT) em vez da classificação internacional de doenças (CID)).

Qual foi o objetivo do estudo?

O estudo teve como objetivo determinar se a profilaxia prescrita por dentistas nas instalações da Veteran’s Health Administration foi apropriada e identificar fatores associados à profilaxia desnecessária. Os autores escolheram esta coorte de dentistas pelo fato de utilizarem tanto a CDT como a CID, tornando mais fácil associar uma prescrição a um diagnóstico e permitindo assim conhecer e eliminar as prescrições relacionadas com infeção oral real.

Qual foi a metodologia escolhida?

Os autores realizaram um estudo transversal das consultas odontológicas de 2015-2019 usando um banco de dados nacional estadunidense (Corporate Data Warehouse). Os dados coletados incluíram dados demográficos, diagnósticos (CID), prescrições dispensadas por farmácias do VHA e características da visita odontológica (CID e CDT). Antibióticos prescritos até 7 dias antes de uma visita odontologia e na ausência de uma infecção oral foram incluídos na análise de dados.

A profilaxia antibiótica foi definida como apropriada quando associada a visitas com manipulação gengival e foi posteriormente delineada conforme definições com base em comorbidades. A análise primária aplicou uma definição restrita de profilaxia apropriada: condições cardíacas com maior risco de resultado adverso de endocardite. A análise secundária incluiu uma definição mais ampla: condição cardíaca ou imunocomprometido ou extrações dentárias e/ou implantes. Em seguida, uma análise estatística foi usada para avaliar a associação entre covariáveis e prescrições de profilaxia desnecessárias.

Quais foram os principais resultados?

Dos 8.147.443 atendimentos odontológicos disponíveis no banco de dados, os autores incluíram no estudo 358.078 atendimentos odontológicos presenciais realizados no contexto do VHA e associados a um antibiótico sistêmico sem presença de infecção oral. Estas visitas estiveram associadas a 369.102 prescrições profiláticas de antibióticos.

Analisando essas prescrições constatou-se que a duração mediana das prescrições foi de 7 dias, sendo que apenas 6,5% foram prescritas para uso em um único dia. Quanto à adequação das prescrições, aplicando-se a definição restrita, apenas 15% foram consideradas adequadas; uma vez que a definição mais ampla foi aplicada, esse número chegou a 72%.

Durante o período do estudo, observou-se um aumento da incongruência das prescrição em relação aos guidelines disponíveis. Além disso, para a definição restrita, algumas características demográficas também foram associadas a prescrições desnecessárias mais altas – pacientes  negros (vs brancos), latinos (vs não latinos) e visitas odontológicas localizadas na região oeste do país. Por outro lado, as variáveis associadas ao menor risco foram idade avançada, presença de próteses articulares, condição imunocomprometedora e localização em área rural.

Quais foram as principais limitações do artigo?

Os autores destacam muitas limitações do estudo. As principais foram o design retrospectivo e o uso de registros eletrônicos de dados de saúde, o que pode levar à inclusão de dados mal classificados. Além disso, a população foi limitada a veteranos (maioria masculina) e pode não ser generalizável para toda a população.

Quais foram as conclusões dos autores?

O autor conclui que 5 de cada 6 prescrições de antibioticoprofilaxia realizadas no contexto do estudo foram inconsistentes com as diretrizes nacionais e internacionais. Eles destacam que melhorar a adequação da profilaxia antibiótica e encurtar a duração do tratamento no contexto odontológico podem ser pontos-chave para aumentar a eficácia dos programas de stewardship antimicrobiano. Porém, para tal, é necessário que as diretrizes cheguem a um consenso razoável, focando principalmente na profilaxia adequada a ser (ou não) realizada em casos de exodontias, implantes e pacientes imunocomprometidos.

Fonte: Suda KJ, Fitzpatrick MA, Gibson G, Jurasic MM, Poggensee L, Echevarria K, Hubbard CC, McGregor JC, Evans CT. Antibiotic prophylaxis prescriptions prior to dental visits in the Veterans’ Health Administration (VHA), 2015-2019. Infect Control Hosp Epidemiol. 2022 Nov;43(11):1565-1574

https://doi.org/10.1017/ice.2021.521

Link: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9672829/

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Sinopse por: Maria Julia Ricci

E-mail: [email protected]

Instagram: https://www.instagram.com/sonojuju/

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TAGs / palavras chave: profilaxia antibiótica, odontologia, stewardship, clindamicina, resistência antimicrobiana, prescrição profilática, dentistas, odontológica, stewardship antimicrobiano.

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