Coneça a nota técnica da ANVISA como orientações para prevenção, controle, diagnóstico e tratamento de infecções por micobactérias de crescimento rápido.
O aumento global da incidência de infecções e da mortalidade por micobactérias não tuberculosas (MNT) nas últimas décadas representa um desafio clínico significativo e uma crescente preocupação em saúde pública. As MNT são categorizadas em dois grupos, de acordo com a velocidade de crescimento em meio de cultura: micobactérias de crescimento lento e micobactérias de crescimento rápido (MCR).
As MNT/MCR são microrganismos oportunistas, naturalmente encontrados no ambiente, incluindo água, poeira e solo. Podem ser agrupadas em sete grandes grupos ou complexos de acordo com a pigmentação e similaridade genética. Os principais grupos ou complexos são:
– Grupo Mycobacterium fortuitum (M. fortuitum, M. peregrinum, M. senegalense, M. porcinum, M. neworleansense, M. boenickei, M. houstonense, M. brisbanense, M. ssepticum, M. conceptionense, M. farcinogenes, M. sygnathidarum e M. setense)
– Complexo Mycobacterium abscessus (M. abscessus subsp. abscessus, M. abscessus subsp. massiliense e M. abscessus subsp. bolletii )
– Complexo Mycobacterium chelonae (M. chelonae, M. immunogenum, M. franklinii, M. salmoniphilum e M. saopaulense)
– Grupo Mycobacterium smegmatis (M. smegmatis e Mycobacterium goodii)
– Grupo Mycobacterium mucogenicum (M. mucogenicum, M. phocaicum e M.
aubagnense)
– Grupo Mycobacterium mageritense / Mycobacterium wolinskyi
– Grupo MCR pigmentado (M. neoaurum, M. canariasense, M. cosmeticum, M. monacense e M. bacteremicum)
Diversas espécies, como como Mycobacterium abscessus subsp. abscessus, Mycobacterium abscessus subsp. massiliense, M.chelonae e M. fortuitum são comumente correlacionadas com diferentes surtos de infecção de sítio cirúrgico. Procedimentos como videolaparoscopia, cirurgias oftalmológicas e cirurgias estéticas como implante de próteses mamárias, lipoaspiração e aplicação de enzimas subcutâneas já foram descritos por apresentarem infecções e surtos associados a essa bactéria no Brasil.
Infecções por MNT/MCR costumam ser clinicamente desafiadoras
O tratamento dessas infecções é caro, prolongado e, muitas vezes, a resistência aos antimicrobianos representa um desafio significativo para um resultado bem sucedido. Além disso, MNT/MCR são difíceis de erradicar com práticas comuns de descontaminação e são relativamente resistentes (em comparação com outros gêneros) a desinfetantes padrão, como cloro, organomercuriais e glutaraldeídos alcalinos.
Considerando a importância clínica que esses microrganismos representam, a Anvisa monitora a ocorrência de surtos por MNT/MCR no país desde 2009 e publica informações sobre os dados notificados. De acordo com o último boletim sobre MCR publicado pela Anvisa, entre 1998 e 2022, foram identificados cerca de 3.000 casos de infecções por MNT/MCR em serviços de saúde do país. Os principais sinais e sintomas dessas infecções foram secreção, dor, eritema/hiperemia, difícil cicatrização, abscesso e fistulização. Observou-se que 92% dos casos reportados ocorreram em mulheres, sendo a maioria das infecções causadas pelo grupo M. fortuitum e complexo M. abscessus, em procedimentos de mamoplastia com colocação de prótese (59%, n=281), lipoaspiração (7%; n= 281) e injeções subcutâneas (5%).
Nota Técnica n0 01/2024
A Nota Técnica n0 01/2024, publicada em 2 de dezembro de 2024, aborda aspectos essenciais como o diagnóstico dessas infecções, a definição de caso, orientações para o tratamento medicamentoso e o acompanhamento do paciente. Além disso, traz diretrizes sobre medidas de prevenção e controle de infecções por MNT/MCR e detalha o processo de notificação.
Confira o documento na íntegra: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/notas-tecnicas/notas-tecnicas-vigentes/nota-tecnica-conjunta-anvisa_ms-mnt_mcr-dez-2024.pdf/view
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