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Atualização da Lista de Patógenos Bacterianos Prioritários da OMS

Quer saber o que mudou na lista de patógenos bacterianos prioritários de acordo com a OMS?

A OMS publicou o relatório atualizado da Lista de Patógenos Bacterianos Prioritários (BPPL) para a saúde pública, a fim de orientar a pesquisa, o desenvolvimento e as estratégias de prevenção e controle da resistência antimicrobiana. Esta versão atualizada se concentra em patógenos bacterianos que causam infecções agudas resistentes a antibióticos e representam altos riscos de mortalidade e morbidade, bem como a Tuberculose Resistente à Rifampicina (TB-RR).

 

O desenvolvimento do relatório foi liderado pela Divisão de Resistência Antimicrobiana (AMR) da OMS em colaboração com o Programa Global de Tuberculose da OMS. A BPPL de 2024 baseia-se na primeira lista desenvolvida em 2017 e inclui 15 famílias de patógenos resistentes a antibióticos (ABR), agrupados em categorias de prioridade crítica, alta e média para P&D e medidas de saúde pública.

 

Desde seu lançamento, a BPPL tem sido usada para analisar antibacterianos em desenvolvimento, e os resultados têm sido publicados em relatórios anuais da OMS . Desde 2017, o pipeline de desenvolvimento de antibióticos trouxe ao mercado nove novos antibióticos com atividade in vitro ou in vivo contra os patógenos de prioridade “crítica” da primeira BPPL, embora cepas resistentes tenham sido descritas para quase todos eles .Além disso, um novo composto anti-TB, pretomanida, chegou ao mercado e foi recomendado pela OMS em 2022 para administração como parte de um novo regime totalmente oral de 6 meses para tratar Tuberculose Multidroga Resistente (TB-MDR) e TB-RR.

 

Objetivos da atualização

O objetivo desta atualização é abordar algumas das limitações na BPPL da OMS de 2017, que enfatizou a necessidade de mais pesquisas e dados para entender melhor a extensão da RAM em contextos específicos. A atualização aproveita os avanços recentes nas plataformas de vigilância, que resultaram em melhores dados de vigilância, inclusive em configurações com recursos limitados.

 

Em 2022, as primeiras estimativas revisadas por pares da carga global de infecções por RAM foram publicadas, incluindo mortes e anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs) devido a múltiplos patógenos e combinações patógeno-droga em vários países e territórios em 2019. O estudo e outras novas fontes de dados permitem uma compreensão mais abrangente do cenário em evolução da RAM. Dados sobre os níveis de TB-RR coletados pela OMS nas últimas décadas também foram usados para esta atualização.

 

Grupo crítico

No grupo crítico são incluídos patógenos bacterianos resistentes a antibióticos (ABR) que representam a maior ameaça à saúde pública devido às opções limitadas de tratamento, alta carga de doença (mortalidade e morbidade) e tendências crescentes de ABR, com poucos ou nenhum candidato promissor em desenvolvimento. Infecções com patógenos na categoria crítica podem também ser excepcionalmente difíceis de prevenir e são altamente transmissíveis; os patógenos podem ter mecanismos globais de resistência e/ou cepas multirresistentes (MDR) em certas populações ou áreas geográficas.

Na atualização do BPPL, os patógenos bacterianos Gram-negativos mantêm seu status crítico. São listados como de prioridade crítica as bactérias Gram-negativas resistentes a antibióticos de último recurso, como Acinetobacter baumannii, vários patógenos da ordem Enterobacterales resistentes a cefalosporinas de terceira geração e carbapenêmicos. Mycobacterium tuberculosis resistente à rifampicina (RR) foi incluída nesta lista de 2024. Essas bactérias são classificadas como prioridade crítica devido à sua capacidade de transferir genes de resistência, à gravidade das infecções e doenças que causam e/ou ao seu impacto global significativo, especialmente em países de baixa e média renda.

 

Alta prioridade

A lista de alta prioridade inclui os patógenos bacterianos resistentes a antibióticos (ABR) que são significativamente difíceis de tratar, causam uma carga substancial de doença (mortalidade e morbidade), apresentam tendências crescentes de resistência, são excepcionalmente difíceis de prevenir, são altamente transmissíveis e para os quais existem poucos tratamentos potenciais em desenvolvimento.

Embora possam não ser críticos globalmente, os patógenos nesta categoria podem ser críticos para algumas populações e em áreas geográficas específicas. Foram incluídos nesta lista Salmonella e Shigella, refletindo sua crescente resistência aos tratamentos existentes e a alta carga de infecção associada a esses patógenos, particularmente em países de baixa e média renda.

Pseudomonas aeruginosa resistente a carbapenêmicos e Staphylococcus aureus resistente à Meticilina também são listados como patógenos de alta prioridade nesta atualização, devido à sua ameaça global, especialmente em ambientes de saúde. Neisseria gonorrhoeae também está incluída na categoria de alta prioridade pois cepas multirresistentes (MDR) emergiram, limitando as opções de tratamento. Enterococcus faecium resistente à Vancomicina, uma bactéria particularmente importante devido à sua capacidade de transmitir elementos de resistência no espectro da Saúde Única, também é um patógeno de importância para a saúde pública desta lista.

 

Prioridade média

Na categoria de prioridade média estão incluídos os patógenos bacterianos resistentes a antibióticos (ABR) que estão associados a uma dificuldade moderada no tratamento, uma carga moderada de doença (mortalidade e morbidade) e tendências moderadas de resistência, com questões únicas relacionadas à prevenção ou transmissibilidade e relativamente mais candidatos para tratamento em desenvolvimento. Da mesma forma, embora possam não ser críticos globalmente, os patógenos nesta categoria podem ser críticos para algumas populações e em áreas geográficas específicas. Foram incluídos nesta lista os estreptococos dos Grupos A resistente à macrolideos, estreptococos dos Grupos B resistente à penicilina, (ambos não estavam na lista de 2017), Streptococcus pneumoniae resistente à macrolideos e Haemophilus influenzae resistente à ampicilina, indicando a necessidade urgente de abordar seus impactos na saúde pública, particularmente em populações vulneráveis em ambientes com recursos limitados.

 

Nesta atualização, cinco combinações de patógenos-antibióticos que foram incluídas na versão de 2017 foram removidas com base em evidências e consenso de especialistas: Helicobacter pylori resistente à claritromicina, Campylobacter spp. resistente a fluoroquinolonas, Streptococcus pneumoniae não suscetível à penicilina, Providencia spp. resistente a cefalosporinas de terceira geração e S. aureus intermediário e resistente à vancomicina.

 

Embora esta BPPL atualizada seja uma ferramenta global valiosa de saúde pública para orientar a vigilância, prevenção e controle da RAM, o mundo continua a enfrentar uma crise no pipeline de P&D de antibacterianos, principalmente devido ao financiamento insuficiente para o desenvolvimento de novos antibióticos e ao acesso global limitado a antibióticos novos e existentes. Além disso, sua aplicação requer adaptação e contextualização para levar em conta as diferenças regionais na distribuição e ecologia dos patógenos bacterianos, bem como variações nos grupos vulneráveis e na carga de RAM. Estratégias e intervenções adaptadas regionalmente são necessárias para o controle eficaz da RAM em diferentes contextos geográficos.

 

Link: https://www.who.int/publications/i/item/9789240093461

 

Traduzido e sintetizado por: Beatriz Grion

Link: https://www.linkedin.com/in/beatriz-alessandra-rudi-grion-57213315b/

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