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Aumento das taxas de contaminação nas hemoculturas durante a pandemia do coronavírus em 2019

Os autores observaram na sua instituição uma elevação nas taxas de contaminação das hemoculturas durante a pandemia pelo COVID-19, quando em comparação com um período antes da pandemia.

Hemoculturas no contexto da COVID-19

Durante a onda inicial do coronavírus 2019 (COVID-19), a prestação de serviços à saúde teve de ser ajustada rapidamente para mitigar os efeitos do aumento das internações hospitalares. Este reajuste incluiu realocação de pessoal da saúde em diferentes serviços e modificação das práticas de controle de infecção hospitalar. Apesar dos esforços extensivos para manter cuidados de alta qualidade, lapsos não intencionais na prestação de cuidados à saúde, como o uso excessivo de testes diagnósticos microbiológicos e antimicrobianos de amplo espectro foram relatados.

Um estudo anterior realizado em pacientes com COVID-19 mostrou um aumento significativo na realização de testes de hemocultura, apesar das baixas taxas de bacteremia nesses pacientes, sobrecarregando capacidade e os recursos dos laboratórios. Além disso, um inadvertido aumento de testes de hemocultura em populações de baixa prevalência juntamente com a coleta inadequada de espécimes pode resultar na alta taxa de contaminação da hemocultura, levando ao tratamento desnecessários com antibióticos, utilização de testes de diagnósticos e custo adicional.

Na instituição dos autores, as amostras de sangue para cultura, geralmente são coletadas por times dedicados a flebotomia, uma vez que esta prática mostrou estar associada a índices de contaminação menores. No entanto, após os primeiros casos de COVID-19 notificados na instituição, com a finalidade para preservar equipamentos de proteção individual (EPI) e limitar as interações com o paciente e os profissionais de saúde, as equipes de flebotomia dedicada a coleta do sangue foram temporariamente dissolvidas e as coletas de hemocultura foram realizadas por enfermeiros não flebotomistas.

Além disso, uma equipe multidisciplinar pré-pandêmica composta por microbiologistas, farmacêuticos especialistas em doenças infecciosas e por equipes de vigilância de contaminação composta por médicos designados para auditar rotineiramente as taxas de contaminação das hemoculturas, foram remanejados para os serviços clínicos para atender as demandas da crise da COVID-19.

Qual foi o objetivo do estudo?

O objetivo deste estudo foi: comparar a taxa de contaminação das hemoculturas antes e durante a pandemia de COVID-19 e avaliar o impacto das referidas alterações.

Como o estudo foi realizado?

Foram revisados retrospectivamente todos os resultados das hemoculturas dos pacientes adultos com idade igual ou superior a 18 anos na University of Mississippi Medical Center, um centro terciário com mais de 722 leitos em Jackson, no Mississippi/EUA, entre 1º de setembro de 2019 e 30 de agosto de 2020, para identificar casos de contaminação nas hemoculturas.

O período do estudo referente a pré- pandemia de COVID-19 foi entre 1 de setembro de 2019 a 29 de fevereiro de 2020 e o período durante a COVID-19 de 1º de março de 2020 a 30 de agosto de 2020. A contaminação nas hemoculturas foi definida de acordo com os critérios propostos por Bekeris et al.

O desfecho primário de interesse foi a taxa de contaminação nas hemoculturas antes e depois do início da pandemia de COVID-19.

Quais foram os principais resultados?

No total, 21.451 hemoculturas foram obtidas durante o período do estudo, dos quais 10.001 foram coletados antes da pandemia de COVID-19 e 11.450 após o início da pandemia de COVID-19.

No geral, 605 de 21.451 (2,8%) de todos os exames de hemocultura foram considerados contaminados de acordo com os critérios do estudo; porém, as taxas de contaminação das hemoculturas foram significativamente maiores durante o período da pandemia de COVID-19: 197 de 10.001 (1,9%) versus 408 de 11.450 (3,5%). Estafilococos coagulase-negativos representou a maioria dos casos de contaminação nas hemoculturas durante todo o período do estudo (447 de 605, 73,8%). Outros microrganismos contaminantes comumente relatados foram difteróides (41 de 605, 6,7%), Bacillus spp não anthracis (36 de 605, 5,9%) e Micrococcus luteus (29 de 605, 4,7%). Os casos restantes (51 de 605, 8,4%) foram causados ​​por outras bactérias gram-positivas.

Independentemente do período analisado, a maioria dos casos de contaminação nas hemoculturas foram notificados para o departamento de emergência (109 de 197, 55,3% versus 264 de 408, 64,7% antes e durante o COVID-19, respectivamente).

A maioria das amostras de sangue que apresentavam contaminação durante os dois períodos tiveram suas amostras coletadas por profissionais de saúde não flebotomistas: 176 de 197 (89,3%) antes da pandemia e 338 de 408 (82,8%) durante a pandemia. A porcentagem de amostras contaminadas coletadas por flebotomistas durante a pandemia de COVID-19 também aumentou em relação ao período pré-pandêmico: 21 de 197 (10,7%) versus 70 de 408 (17,2%). Esses resultados sugerem que fatores adicionais podem ter contribuído para o aumento das taxas de contaminação. 

Quais as limitações do estudo?

O estudo possuí várias limitações. A característica retrospectiva do estudo impediu que os autores tivessem precisão sobre a forma de coleta do sangue e, também, não foi avaliado os fatores de risco de cada paciente, como as suas comorbidades, o nível de triagem na admissão e as precauções de isolamento no momento da coleta de hemocultura, bem como as práticas de higienização das mãos no momento da coleta.

Comentários e críticas finais

Em conclusão, as taxas de contaminação foram significativamente maiores durante a pandemia de COVID-19. Dadas as complicações potenciais da contaminação da hemocultura, como aumento no uso de antibióticos e de testes diagnósticos, além de custos adicionais subsequentes, esforços para restabelecer as estratégias baseadas em evidências para minimizar a contaminação da hemocultura devem ser buscadas com base nos recursos disponíveis.

Fonte: Increased rates of blood culture contamination during the coronavirus disease 2019 pandemic. Infect Control Hosp Epidemiol. 2022 Nov; 43(11):1719-1721.

Link: https://doi.org/10.1017/ice.2021.292

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Sinopse por:

Thalita Gomes do Carmo

E-mail: [email protected]

Instagram: https://www.instagram.com/profa.thalita_carmo/

Linkedin: www.linkedin.com/in/thalitagomesdocarmo/

Links relacionados:

Bekeris et al – Tendência na contaminação das hemoculturas – DOI: https://doi.org/10.1001/jama.289.6.726

Avaliação de técnica para reduzir a contaminação da hemocultura em crianças –

https://www.ccih.med.br/avaliacao-de-tecnica-para-reduzir-a-contaminacao-da-hemocultura-em-criancas/

Dúvidas sobre exames microbiológicos –

https://www.ccih.med.br/duvidas-sobre-exames-microbiologicos/

Aumento da contaminação da hemocultura durante a pandemia de Covid-19: um estudo descritivo retrospectivo –

https://www.ccih.med.br/aumento-da-contaminacao-da-hemocultura-durante-a-pandemia-de-covid-19-um-estudo-descritivo-retrospectivo/

TAGs / palavras chave: Coronavírus 2019, COVID-19, testes diagnósticos microbiológicos, antimicrobianos, hemocultura, bacteremia, taxa de contaminação, flebotomia, Estafilococos coagulase-negativos

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