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Candida auris um patógeno hospitalar emergente

Candida auris (C. auris) é uma espécie de levedura multirresistente que está surgindo em todo o mundo. As dificuldades que envolvem este patógeno estão relacionadas a questões como a especificidade dos testes para a detecção desse microrganismo, o potencial que a C. auris tem para desenvolver resistência a múltiplas classes de medicamentos antifúngicas, a sua capacidade de dispersão em superfícies ambientais e de equipamentos médicos, além de um grande potencial de transmissibilidade dentro dos estabelecimentos de saúde. Leia nesta sinopse 

Candida auris um novo desafio?

Candida auris (C. auris) é uma espécie de levedura multirresistente que está surgindo em todo o mundo. O estado de Nova York (New York State) detectou pela primeira vez a C. auris em julho de 2016. Desde então, mais de 2.000 casos foram identificados, sendo o país mais afetado, até o momento desta publicação, os Estados Unidos.

As dificuldades que envolvem este patógeno estão relacionadas a questões como a especificidade dos testes para a detecção desse microrganismo, o potencial que a C. auris tem para desenvolver resistência a múltiplas classes de medicamentos antifúngicas, a sua capacidade de dispersão em superfícies ambientais e de equipamentos médicos, além de um grande potencial de transmissibilidade dentro dos estabelecimentos de saúde. Além de, pouco se saber sobre o perfil dos indivíduos com C. auris nos Estados Unidos.

O que se estudou sobre Candida auris?

Este estudo teve como objetivo realizar uma análise demográfica e clínica dos primeiros 114 indivíduos rastreados, que estavam colonizados pela C. auris.

Qual foi a metodologia desta pesquisa sobre Candida auris?

Os indivíduos incluídos no estudo foram selecionados por meio de uma vigilância ativa realizada pelo New York State Department of Health (NYSDOH) para auxiliar na elaboração de medidas de prevenção, a partir do conhecimento dessas características.

Entre 26 de agosto de 2016 e 7 de novembro de 2017, 114 indivíduos colonizados com C. auris foram identificados durante a busca ativa por swab.

Onde foi encontrada a Candida auris e quais os principais fatores de risco?

Observou-se a presença de C. auris em 81% dos indivíduos na axila/virilha, em 64% na região nasal e em 60% encontrou-se nessas duas regiões.

Os 114 casos representaram 7% do total de 1.668 indivíduos rastreados (com 3.875 swabs de vigilância coletados). Noventa e sete porcento dos 114 indivíduos foram diagnosticados em estabelecimentos de saúde do Estado de Nova York (NYC); com prevalência para as cidades de Kings (Brooklyn) e Queens representando 95% dos testados positivo.

A idade média dos indivíduos colonizados durante a coleta de dados foi de 74 anos (variando entre 23 e 100 anos) e metade destes (50%) eram do sexo masculino. Com relação a raça tem-se 37% de brancos, 35% de negros/afro-americanos, 9% de asiáticos/Ilha do Pacífico, 1% de índio americano ou nativo do Alasca, 2% de outros, e 17% de desconhecidos ou ausentes, refletindo a realidade da população americana de Nova York, que é bastante heterogênea.

A partir dos dados clínicos desses indivíduos percebe-se que, mais da metade (54%) são portadores de diabetes e mais de um quarto (26%) apresenta doença renal crônica. Observou-se uma mediana de 3 admissões nos estabelecimentos de saúde durante os 90 dias anteriores ao primeiro resultado positivo da cultura. Quatorze dias antes do primeiro resultado positivo, 49% desses indivíduos estavam recebendo tratamento venoso de antibióticos. Sete dias antes do primeiro resultado positivo de C. auris, 81% estavam em ventilação mecânica, 80% em uso de traqueostomia e 70% em uso de uma sonda nasoenteral para administração de alimentação.

Por outro lado, detectou-se poucos indivíduos com tumores em órgãos sólidos (4%) ou com a presença de alguma malignidade hematológica (2%), um deles tinha realizado quimioterapia nos 14 dias anteriores à cultura positiva, um tinha diagnóstico de HIV/AIDS, e nenhum era receptor de transplante de medula óssea. Aproximadamente um terço (34%) não tinha indicação prévia para realização de precauções de contato pela equipe (ou seja, de se fazer isolamento com uso de avental e luvas para os cuidados) no momento da primeira cultura positiva de C. auris.

Quais as principais infecções por Candida auris e qual sua letalidade?

Em 31 de julho de 2018, 6 dos 114 (5%) indivíduos apresentaram infecção da corrente sanguínea por C. auris (a maioria desses estavam sob uso de dispositivos invasivos e tinham feridas) e 12 (11%) dos indivíduos após a primeira cultura positiva tiveram as demais negativadas para C. auris. As taxas de letalidade entre o trigésimo e nonagésimo dia foi de, respectivamente, 17,5% e 37,7% (sendo que 62% foram a óbito no período de acompanhamento de 2 anos).

Quais as principais conclusões deste estudo sobre Candida auris?

As informações sobre o perfil demográfico e clínico dos pacientes colonizados por  C. auris podem ser especialmente úteis para proposição de novos tratamentos, além de ajudar na implementação de intervenções, como uma triagem na admissão. Esses dados descritivos irão continuar a ser coletados, compartilhados e usados ​​para informar sobre a evolução rápida deste patógeno.

Quais as principais limitações deste estudo?

O estudo apresenta limitações por ter sido uma coleta de dados retrospectivos e, há relato de que em alguns casos, os formulários de notificação e registros médicos estavam incompletos (por exemplo, os antifúngicos foram documentados de forma inconsistente pela equipe). Não há relato de quando ou quantos indivíduos foram colonizados por C. auris, pela amostra ter sido coletada por conveniência.  A experiência de um único centro não é capaz de generalizar os achados para outros estabelecimentos de saúde. 

Que críticas poderíamos fazer a este estudo sobre Candida auris?

Atribuir que os indivíduos tenham tido um prognóstico pior e uma mortalidade maior por conta da infecção por C. auris pode ser inadequado, uma vez que a maioria desses indivíduos colonizados apresentavam previamente múltiplas comorbidades, que podem ter contribuído para os resultados observados. Esta é apenas uma série de casos, não sendo realizado um grupo controle para dar maior peso ao estudo e consequentemente aos resultados encontrados.

Elaborado por: Thalita Gomes do Carmo

https://www.instagram.com/profa.thalita_carmo/

Fonte: Southwick K, Ostrowsky B, Greenko J, Adams E, Lutterloh E; NYS C. auris Team, Denis RJ, Patel R, Erazo R, Fernandez R, Bucher C, Quinn M, Green C, Chaturvedi S, Leach L, Zhu Y. A description of the first Candida auris-colonized individuals in New York State, 2016-2017. Am J Infect Control. 2022 Mar;50(3):358-360.

Link: https://www.ajicjournal.org/article/S0196-6553(21)00716-1/fulltext

Links de interesse:

https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022/confirmado-novo-caso-decandida-aurisno-brasil

https://journals.asm.org/doi/full/10.1128/CMR.00029-17

https://www.ccih.med.br/candida-auris/

https://www.ccih.med.br/recomendacoes-do-cdc-durante-o-atendimento-de-pacientes-com-candida-auris/

https://www.ccih.med.br/cdc-alerta-infeccao-por-candida-auris/

Palavras-chave / TAGs: Candida auris, levedura, multirresistente, superfícies ambientais, transmissibilidade, portadores, infecção, fatores de risco, diabetes, doença renal crônica, pré-internação, antibióticos, ventilação mecânica, sonda nasoenteral, infecção da corrente sanguínea, letalidade, série de casos

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