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Como e por que controlar as infecções hospitalares

A CCIH é responsável pela prevenção e controle das infecções hospitalares. Veja neste artigo como ela deve atuar e qual sua importância para a saúde coletiva.

Neste artigo discutimos:

O que é a CCIH e o que ela faz?

O que é o Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH)?

O que é infecção hospitalar?

Quais outros termos podemos empregar para infecção hospitalar?

Como uma CCIH deve se estruturar?

Quais são as principais infecções relacionadas à assistência à saúde?

Por que ocorrem infecções na assistência à saúde?

Quais são os principais indicadores epidemiológicos obtidos para o controle das infecções hospitalares?

Quais são os principais microrganismos envolvidos nessas infecções?

Quais são as principais medidas de prevenção dessas infecções?

Como pode ser controlada a resistência microbiana por programas de stewarship de antimicrobianos?

Como saber se uma instituição de saúde tem uma CCIH efetiva?

O que é CCIH e o que ela faz?

CCIH é a sigla para Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. No Brasil existe a Lei Federal 9.431 que obriga todos os hospitais brasileiros a terem um programa de controle de infecção hospitalar e para sua execução deve constituir sua CCIH

O que é o Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH)?

Segundo a referida lei é o “conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares” Desta definição podemos destacar o seguinte:

  • Redução máxima possível pressupõe a impossibilidade de se chagar ao risco zero de infecções hospitalares, ou seja, devemos manter as infecções hospitalares sob controle não sendo possível sua eliminação (índice zero, persistindo seus agentes etiológicos) ou erradicação (até os agentes etiológicos deixam de existir). Assim, apenas é possível seu controle.
  • Incidência refere-se à probabilidade de um paciente adquirir infecção hospitalar, ou seja, estabelecer medidas adequadas de prevenção de sua ocorrência
  • Gravidade refere-se à probabilidade de sequelas ou óbitos relacionados às infecções hospitalares a partir de seu diagnóstico precoce e tratamento efetivo.

Pelo seu PCIH a CCIH deve documentar suas principais ações para atender esta determinação legal.

O que é infecção hospitalar?

Infecção hospitalar é qualquer infecção adquirida nos hospitais em decorrência da internação do paciente ou dos procedimentos realizados. Pode ser diagnosticada durante ou até após a internação, mas nem toda infecção identificada durante a internação é hospitalar, pois algumas infecções podem estar incubando no momento da admissão do paciente. Segundo a Organização Mundial da Saúde é a mais frequente complicação relacionada aos serviços de saúde e, segundo cálculos do Ministério da Saúde, deve estar entre as principais causas de óbito no Brasil.

Quais outros termos podemos empregar para infecção hospitalar?

Outros termos são empregados para as infecções hospitalares, que não são sinônimos, pois apresentam sutis diferenças.

  • Infecção Relacionada à assistência à saúde (IRAS): nome utilizado pela ANVISA para identificar infeções adquiridas em qualquer cenário assistencial da saúde. Inclui infecções adquiridas em hospitais, mas também em unidades ambulatoriais, serviços externos como hemodiálise, clínicas especializadas, assistência domiciliar, entre outras.
  • Infecção associada à assistência à saúde (IASS): nome definido pela OMS com significado parecido com o de IRAS.
  • Infecção associada aos cuidados em saúde (IACS): nome utilizado para as IRAS nos demais países de língua portuguesa

Devemos observar que ao ampliar o conceito para outros serviços de saúde, procura-se abranger todos os cenários assistenciais, que devem avaliar os riscos específicos de suas atividades, mas não as confundir ao elaborar seus indicadores epidemiológicos, que devem medir o risco de suas ações, para priorizar medidas específicas de prevenção e controle, voltadas à realidade epidemiológica de cada procedimento ou instituição.

Como uma CCIH deve se estruturar?

O Ministério de Saúde editou a Portaria 2.616/98 que determina a composição mínima da CCIH, seja seu grupo consultivo ou de seu grupo executivo. Ela é considerada um órgão de assessoria à direção da instituição e equipe de saúde. Entre suas atividades, destacamos:

  • Implantar um sistema de vigilância epidemiológica para detectar casos de infecção hospitalar e seus fatores de risco
  • Calcular e interpretar indicadores epidemiológicos das infecções hospitalares e seus fatores de risco, que devem ser consolidados em seus relatórios, discutidos com a comunidade hospitalar, produzindo ações para redução máxima possível da sua ocorrência.
  • Calcular o limite endêmico das infecções hospitalares para o pronto reconhecimento e controle de surtos de infeção
  • Estudar a microbiota hospitalar para elaboração de esquemas empíricos voltados ao tratamento das infecções hospitalares
  • Participar de programas voltados ao uso racional de antibióticos
  • Elaborar o orientar as medidas de precauções e isolamento contra disseminação de microrganismos no ambiente hospitalar
  • Cooperar com a difusão de conhecimento e informações para prevenção e controle de infecções em atividades educativas ou na elaboração de protocolos institucionais
  • Apoio ao emprego dos métodos de proteção anti-infecciosa como esterilização, desinfecção e antissepsia.
  • Orientar medidas de higiene ambiental e de redução do risco de contaminação a partir da água, ar ambiente, fômites e resíduos líquidos ou sólidos dos serviços de saúde

Quais são as principais infecções relacionadas à assistência à saúde?

A maioria das infecções hospitalares está relacionada aos procedimentos invasivos que são realizados. Destacamos:

  • Pneumonia associada a ventilação mecânica
  • Infecção do trato urinário relacionado à sonda vesical
  • Infecção primária da corrente sanguínea associada a acesso vascular
  • Infecção do sítio cirúrgico

Por que ocorrem infecções na assistência à saúde?

A grande maioria das infecções hospitalares é provocada pela microbiota humana normal ou microbiona, que habita a superfície de tecidos epiteliais em equilíbrio entre seus componentes e os mecanismos de defesa do hospedeiro. No corpo humano temos 10 vezes mais células microbianas, que nossas próprias células.

O desequilíbrio é provocado por mudanças nas interações entre o hospedeiro, meio ambiente e agentes etiológicos. O paciente pode ter sua defesa anti-infecciosa comprometida pela sua própria doença. Os procedimentos invasivos alteram a defesa anti-infecciosa nas topografias onde forem realizados, pela ruptura de barreira epitelial, formação de biofilmes microbianos ou até veicularem microrganismos durante sua realização ou manutenção. O uso de antibióticos exerce pressão seletiva em favor nos microrganismos resistentes, colonizando o paciente com agentes hospitalares, que também podem ser transmitidos entre pacientes, via principalmente as mãos da equipe de saúde.

Pela somatória desses fatores é impossível erradicar as infecções hospitalares, mas elas devem ser controladas e prevenidas, objetivos da CCIH.

Quais são os principais indicadores epidemiológicos obtidos para o controle das infecções hospitalares?

Indicadores epidemiológicos são os principais instrumentos pata o controle epidemiológico das infecções hospitalares. A Portaria MS 2616/98 e a ANIVISA determinam a realização e notificação de vários indicadores, dentre os quais destacamos:

  • Taxa de infecção hospitalar: mede magnitude das infecções
  • Taxa de pacientes com infecção hospitalar: mede risco da população de pacientes adquirir infecção
  • Densidade de incidência de infecção hospitalar: mede risco da exposição à infecção hospitalar (pode ser obtido para procedimentos invasivos)
  • Taxa de letalidade relacionada a infecção hospitalar: mede probabilidade de óbitos da população com infecção hospitalar
  • Agentes etiológicos das infecções hospitalares: mede participação de espécies microbianas nas infecções hospitalares
  • Perfil de sensibilidade dos microrganismos: mede sensibilidade dos microrganismos hospitalares aos antibióticos
  • Dose diária definida: mede densidade de utilização de antibióticos entre pacientes hospitalizados

Quais são os principais microrganismos envolvidos nessas infecções?

Dentre as bactérias Gram positivas destaca-se o Staphylococcus aureus, habitante da cavidade nasal e o grupo Staphylocossus coagulase negativo, habitante da pele e o enterococo, habitante do tubo digestivo. Entre as bactérias Gram negativas destacam-se as enterobactérias, habitantes do trato intestinal e o grupo das não fermentadores onde se destacam as Pseudomonas e o Acinetobacter, que embora sejam de vida livre podem facilmente se adaptar ao corpo humano.

Quais são as principais medidas de prevenção dessas infecções?

A principal medida de prevenção das IH é a higiene das mãos, um grande desafio para conscientizar a equipe e fornecer condições adequadas para sua realização, quando necessário. Outra importante medida é a parcimônia na utilização dos procedimentos invasivos e dos antibióticos para reduzir a exposição e a resistência dos agentes infecciosos. Tanto o uso de antibióticos, quanto a realização ou manutenção dos procedimentos invasivos devem seguir as recomendações da CCIH baseadas nas evidências científicas.

Quando indicado, devem ser utilizados corretamente os equipamentos de proteção descritos nas medidas de precauções padrão ou voltadas ao mecanismo de transmissão das infecções específicas. Se a CCIH é responsável pelo controle das infecções, toda equipe de saúde é responsável pela sua prevenção.

Também é importante a limpeza e desinfecção ambiental, de artigos e fômites. Os artigos que têm contato com tecidos isentos de microbiota devem ser esterilizados.

Como pode ser controlada a resistência microbiana por programas de stewarship de antimicrobianos?

A resistência microbiana é um grande problema mundial, que tem aumentado exponencialmente e contribuído para o aumento da morbi-mortalidade dos pacientes acometidos por infecções. Umas das estratégias endossadas pelos principais órgãos de saúde mundiais é a implementação de um antimicrobial stewardhsip nas instituições de saúde. O stewardship se refere a intervenções pautadas em evidências científicas e perfis epidemiológicos, a fim de orientar as equipes multidisciplinares a otimizarem o uso dos antimicrobianos em todas as etapas da cadeia medicamentosa. Para organizar um programa de controle de antimicrobianos, é necessário elaborar um plano com ações que promovam o uso responsável de antimicrobianos (criar protocolos de tratamento empírico e dirigido, auditorias e feedbacks), reduzindo seu uso inadequado ou desnecessário (por exemplo, orientando prescrição dirigida por antibiograma e sinais e sintomas clínicos, pré-autorização de prescrições e restrição de antibióticos profiláticos). Fato é que devemos implementar um programa de gerenciamento de antimicrobianos que envolva todos os profissionais de saúde, familiares e pacientes, pautado em evidências científicas locais e globais, além de desenvolver habilidade de comunicação para disseminar as boas práticas de uso dos antimicrobianos.

Como saber se uma instituição de saúde tem uma CCIH efetiva?

As CCIH devem informar seu risco de infecção para a ANVISA, seguindo rigidamente os critérios estabelecidos por esta instituição tanto para notificação das infecções como para elaboração de indicadores epidemiológicos. Compete à fiscalização observar se um hospital está cumprindo as determinações legais que ao prevenir e controlar infecções, fornece uma assistência segura ao paciente.

A Organização Mundial de Saúde afirma que a CCIH deve ser prioridade das nações e instituições de saúde, neste século XXI, pois há muito tempo atua sobre os principais desafios para a saúde coletiva:

  • Prevenção e controle de infecções associadas à assistência à saúde
  • Utilização criteriosa de antimicrobianos, prevenindo a resistência microbiana
  • Medidas de precauções e isolamento, com uso correto de EPIs par evitar disseminação de infecções
  • Colaboração com a informação sobre de doenças de notificação compulsória, como foi no caso da pandemia de coronavírus

Realmente, a pandemia mostrou quão fundamental para a própria humanidade é a atuação das CCIHs, pois a prevenção e controle de infecções envolve desde a interação do homem com o meio ambiente; informações sobre suspeitas de doenças emergentes; controle da disseminação de patógenos, com medidas adequadas de isolamento e redução da resistência microbiana com uso criterioso de antibióticos. Como destacamos em nosso lema, a atuação de uma CCIH evolui: da segurança do paciente para a segurança da humanidade.

Links:

https://www.ccih.med.br/lei-federal-9-431/

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt2616_12_05_1998.html

https://www.ccih.med.br/antimicrobial-stewardsip-uma-estrategia-para-o-uso-racional-dos-antimicrobianos/

 

Elaborado por: Antonio Tadeu Fernandes, com a colaboração de Laura Czekster Antochevis

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