Intervenções de administração de antimicrobianos relacionadas à troca de terapia antimicrobiana via intravenosa para via oral tem sido amplamente utilizada com resultados variáveis. Essa é uma revisão sistemática abrangente sobre as intervenções já utilizadas e avaliadas e seus impactos clínicos e econômicos.
O que é Switch IV-VO?
O uso de antimicrobianos intravenosos (IV) é a escolha mais comum para pacientes hospitalizados, principalmente devido ao seu rápido início de ação e melhor biodisponibilidade. A sua utilização, no entanto, está associada a muitos inconvenientes, tais como um custo de tratamento mais elevado e o aumento do risco de infecções relacionadas à cateter e de tromboflebite. Sendo assim, a terapia de troca (também conhecida como terapia sequencial ou terapia de redução) tornou-se um componente-chave de programas de manejo antimicrobiano. No entanto, mesmo com os benefícios evidentes dessa troca, as práticas atuais ainda não são ideais, com a maioria dos pacientes elegíveis sendo mantidos na terapia IV. Esta alteração se chama switch IV-VO.
Qual foi o objetivo deste estudo?
Essa revisão sistemática de literatura teve o objetivo de resumir as evidências disponíveis sobre a eficácia e segurança das intervenções de manejo antimicrobiano para melhorar a prática da troca de terapia de antimicrobianos IV-para-PO em adultos hospitalizados.
Como foi realizada e revisão sistemática de literatura para Switch IV-VO?
Seguindo as diretrizes PRISMA, os autores pesquisaram em diversas bases de dados (Cochrane, Medline e Scopus) artigos originais que investigassem quaisquer intervenções destinadas a melhorar a prática de troca de terapia antimicrobiana de via IV para PO em adultos hospitalizados com doenças infecciosas que haviam sido publicados até 1º de setembro de 2020. Foram incluídos estudos randomizados controlados (ECR) e estudos quase-experimentais – foram excluídos estudos avaliando outros tipos de medicamentos, intervenções de comparação direta e envolvendo pacientes pediátricos e oncológicos. O processo de seleção é bem detalhado na publicação.
A Switch IV-VO interfere no resultado terapêutico?
No total, 36 estudos preencheram os critérios de inclusão. A maioria deles foi publicada após 2010 (n=19) e no total foram relatadas 92 intervenções, sendo que apenas 10 intervenções únicas e 26 eram intervenções em bundles. Dos 36, 29 estudos incluíram mais de uma classe de antimicrobianos, enquanto os outros 7 focaram exclusivamente nas fluoroquinolonas. Além disso, 22 publicações visam mais de 2 tipos de infecções.
No total foram relatas 10 categorias de intervenções – diretriz/protocolo/pathway, auditoria e feedback, educação, lembrete em pôster, lembrete no prontuário médico, questionário, alerta computadorizado, lembrete de bolso, suspensão de prescrição e consulta automatizada – e as intervenções mais comuns usadas foram diretriz/protocolo/pathway (n=25), auditoria e feedback (n=20) e educação (n=17).
Em relação aos desfechos clínicos, aproximadamente 35% dos estudos que avaliaram o tempo de internação demonstraram redução significativa (variando de 0,7 a 11,1 dias). Com relação à perspectiva econômica, 20 estudos analisaram custos e todos relataram uma redução de custos estatisticamente significativa.
O papel dos farmacêuticos e dos serviços de farmácia também foi muito significativo, sendo relatado na maioria das intervenções (n=27) e em 13 delas em funções de liderança. Os autores destacam que os farmacêuticos foram líderes em cerca de 80% dos estudos que resultaram em uma redução significativa na pontualidade da troca e na redução de custo.
Vale a pena fazer Switch IV-VO?
Este estudo destaca o impacto positivo da troca de IV para PO – incluindo a redução da duração da terapia IV, menor tempo de internação e redução dos custos totais de hospitalização – e a importância de incluir intervenções eficazes para promover essa prática como parte dos programas de manejo antimicrobiano.
Como a maioria dos estudos utilizou combinações de intervenções, não foi possível avaliar quais as intervenções individuais mais seguras e eficazes. No entanto, como todos eles resultaram em uso otimizado de antibióticos – reduzindo custos de saúde sem comprometer o resultado clínico – os autores recomendam que cada hospital defina e utilize intervenções voltadas para a troca de IV para PO, de acordo com os recursos e expertise disponíveis.
Os autores também destacam que os estudos não consideraram as normas sociais nas intervenções que visam melhorar a prescrição de antimicrobianos, o que, conforme apontado por outros estudos e revisões, pode ser muito importante para se obter melhoras melhores e duradouras.
Quais foram as limitações do estudo?
Os autores declaram 3 potenciais limitações desta pesquisa. A primeira foi que, devido à heterogeneidade dos estudos incluídos, eles não puderam realizar uma meta-análise. Em segundo lugar, vários estudos foram excluídos para evitar vieses (mesmo se as porcentagens de população oncológica e pediátrica não fossem altas) e alguns estudos foram excluídos porque não estavam disponíveis no idioma inglês. Finalmente, muitos dos estudos incluídos tinham amostras pequenas e/ou períodos curtos de intervenção.
Fonte: Garwan YM, Alsalloum MA, Thabit AK, Jose J, Eljaaly K. Effectiveness of antimicrobial stewardship interventions on early switch from intravenous-to-oral antimicrobials in hospitalized adults: A systematic review. Am J Infect Control. 2023 Jan;51(1):89-98
Link: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2022.05.017
Sinopse por: Maria Julia Ricci
E-mail: maria.ricciferreira@edu.unito.it
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