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Como reduzir solicitações desnecessárias de urocultura?

Não existem estudos anteriores neste assunto em como diminuir as requisições para Cultura de Urina em pacientes internados em Clínica Médica, usando métodos de educar os prescritores ou usando Labstick com resultados negativos de análise de urina.

Requisições desnecessárias de cultura de urina levam a Internações prolongadas e tratamento inapropriados de bacteriúria com um importante aumento de infecção por Clostridium difficile e a aquisição de resistência microbiana. Mais que isto, tem que se levar em conta que para obter uma amostra de urina para pacientes idosos temos a necessidade de passar um cateter urinário, o que pode causar efeitos colaterais desnecessários e aumentar a taxa de pacientes cateterizados durante e após a hospitalização.

Qual foi o objetivo do estudo?

O objetivo foi mostrar que evitar a solicitação de Culturas de Urinas em pacientes que estão internados por razões que não se referem ao trato Urinário, podem melhorar a situação de assistência destes pacientes.

Qual foi a justificativa do estudo?

Um estudo Nacional de pacientes hospitalizados de todas as idades feito nos Estados Unidos, encontrou uma prevalência de 27% de requisições de solicitações de cultura de urina feitos em pacientes com sintomas que não eram do trato urinário (falência cardíaca, Infarto Agudo do Miocárdio, celulites e pneumonia). Culturas de urina foram solicitadas em 33% para pacientes com pneumonia. Foi observado que os pacientes que tiveram solicitações de cultura de urina no primeiro dia de internação receberam mais antibióticos e tiveram uma permanência mais longa que os pacientes que não fizeram cultura de urina.

Outros estudos também mostraram bons resultados quando se diminui a quantidade de solicitações de Cultura de Urina em pacientes com diagnósticos onde o trato urinário não é a causa de Internação, usando Labsticks onde o resultado foi negativo em amostras de análise de urina. Num grande hospital Universitário, Munigala et colaboradores reduziram em 45% as solicitações de cultura de urina, somente instituindo orientações que uma cultura de urina só deveria ser solicitada se a análise de urina fosse positiva para Nitritos ou Leucocitose.

Assim mais 2 estudos numa Terapia Intensiva também reduziu em 50% as taxas de solicitações de Cultura de Urina, cancelando pedidos de cultura de urina se o labstick desse <ou =10 leucócitos (WBCs).

Finalmente um estudo com adultos e crianças hospitalizadas encontrou uma queda de 20% em solicitação de culturas de urina depois que foram seguidas as recomendações de que não seriam necessários Cultura de Urina caso os resultados das análises de urina não fossem positivos para Nitratos ou Leucócitos >ou=5WBCs por campo. Porém, não há estudos de pacientes clínicos internados em Pronto Atendimento cancelando Culturas de Urina se o resultado do Labstick for negativo.

No seguinte estudo nos determinamos o impacto do Treinamento para médicos nas taxas de solicitação de cultura de urina com pacientes internados que usaram Labstick com resultado negativo.

Qual foi o método utilizado?

Foi comparado taxas de cultura de urina em pacientes acima de 18 anos em 3 unidades de internação de pacientes clínicos, cardiologia e Unidade de terapia Intensiva. Em 2016, sem nenhuma intervenção. Em 2017 com esforços de educar médicos e prescritores, com reuniões de trabalho, visitas nos leitos de pacientes, conscientização através de e-mails, o diretor do hospital proibiu pedidos de exames sem estar ligados a queixas do trato urinário em pacientes com pneumonia, celulite e outras sintomatologias. Depois em 2018 e 2019 não solicitar culturas de urina em pacientes com Labstick negativo (negativo para leucócitos e nitritos). A mesma conduta foi estendida ao Serviço de Emergência.

Quais os resultados?

Comparando com o período de pre-intervenção (2016), as solicitações de cultura de urina caíram de 32,7% para 26,6%. Em dois anos fazendo testes de urina (labsticks) treinamentos, reuniões clinicas, educação em geral de 18,2% e 15,2%. Não houve reclamações dos médicos e não houve solicitações de cultura de urina depois dos testes com labsticks.

A que conclusões os autores chegaram?

O estudo concluiu que se educar os médicos e cancelar solicitações de cultura de urina após labstick negativo resultou numa redução de 50% de solicitações de cultura de urina. Usar este método em outras situações, requer muito cuidado, desde que os resultados são dependentes da seleção de pacientes, comportamento dos médicos, e métodos de testes de urina.

Quais observações finais do estudo?

O principal resultado deste estudo foi mostrar que promovendo educação e conversando com os médicos para pararem de solicitar testes de urinas em pacientes com sintomatologias extra urinárias e cancelando culturas de urina em pacientes hospitalizados com labsticks negativo, houve uma queda de 50% nas solicitações de cultura de urina na clinicas médicas. O efeito persistiu por 2 anos depois das intervenções e os médicos reagiram positivamente as mudanças. Porém, o estudo não é objetivo no que seria exatamente um resultado de teste negativo e qual seria o ideal momento de diminuir as requisições sem risco não ficou claro.

O impacto dos custos laboratoriais também teve pouco efeito no custo da hospitalização. Os custos do laboratório são primeiramente devido ao tempo do técnico que não foi reduzido neste estudo. Outros informaram que a diminuição de 45% em culturas de urina representa somente uma fração do total dos custos hospitalares, não se encontrou uma queda nos dias de hospitalização depois da intervenção.

Uma outra limitação importante do estudo foi o uso indiscriminado do Labstick com alta sensibilidade. A ação de alguns labstick é variável, o que requer alguns estudos técnicos laboratoriais bem precisos. Finalmente, não foram realizados analise de urina microscópica nos que apresentaram labstick positivo, o que poderia aumentar a taxa de cultura de urina em outra realidade.

Assim o estudo tem um grande valor em demonstrar primeiramente que o estudo se limitou somente nos pacientes clínicos, sem indicação para culturas de urina. Segundo, foi demonstrado que foi possível reduzir as solicitações de cultura de urina após o responsável pelo departamento reclamar do mal uso dos exames. Terceiro, a diminuição em solicitação de culturas de urina persistiu por um longo período. Os médicos aceitaram as mudanças e não solicitaram cultura de urina para os pacientes que tinham labstick negativo.

Finalmente, nos estudamos mais as taxas de cultura de urina na admissão, do que as taxas de cultura por dias de hospitalização, uma medida mais aceitável uma vez que nos Estados Unidos, a maioria das Culturas de urina são solicitadas na admissão.

Fonte: Shimoni Z et als. Decreasing urine culture rates in hospitalized internal medicine patients. American Journal of Infection Control 48 (2020) 1361−1364.

Sinopse por: Cacy Rodrigues Lima

Contato: [email protected]

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