Essa publicação apresenta um compendio contendo as estratégias atualizadas de prevenção de diferentes infecções relacionadas a assistência a saude (IRAS) em hospitais de cuidados agudos, de acordo com a SHEA.
O documento resume as recomendações atualizadas da SHEA para a prevenção de IRAS. Vamos rever as principais recomendações para prevenção de pneumonia associada a ventilação e eventos associados a ventilação
Quais as estratégias de prevenção de pneumonia associada a ventilação (VAP) e eventos associados a ventilação (VAE)?
Práticas essenciais para pacientes adultos
Intervenções com pequeno risco de causar danos e que são associadas a diminuição da duração da ventilação mecânica, do período de permanência, da mortalidade, da utilização de antibióticos, e/ou dos custos
Evitar intubação e prevenir reintubação quando possível:
1. Usar oxigênio nasal de alto fluxo ou ventilação não invasiva por pressão positiva (NIPPV) conforme apropriado, quando seguro e possível (qualidade de evidência – alta)
Minimizar a sedação
1. Minimizar a sedação de pacientes ventilados sempre que possível (qualidade de evidência – alta)
2. Preferencialmente usar estratégias multimodais e medicamentos não benzodiazepinicos para gerir agitação (qualidade de evidência – alta
3. Utilizar um protocolo para minimizar a sedação (qualidade de evidência – alta)
4. Implementar um protocolo de liberação do ventilador (qualidade de evidência – alta)
Manter e melhorar o condicionamento físico
1. Prover exercício e mobilização precoces (qualidade de evidência – moderada)
Elevar o cabeçal da cama em 30-45 graus (qualidade de evidência – baixa)
Prover cuidados orais com escovação dental, mas sem clorexidina (qualidade de evidência – moderada)
Prover nutrição processo por via enteral ao invés de parenteral. (Qualidade de evidência – alta)
Manter os circuitos do ventilador
1. Trocar o circuito do ventilador apenas se visivelmente sujo ou se apresentar mal funcionamento (ou de acordos com as instruções do fabricante) (qualidade de evidência – alta)
Abordagens adicionais em adultos :
Podem diminuir a duração da ventilação mecânica, duração da permanência, e/ou mortalidade em algumas populações mas não em outras, e podem conferir algum risco de causar danos em algumas populações.
1. Considerar o uso seletivo de descontaminação da orofaringe e do trato digestivo para diminuir o fardo de doenças microbianas em UTIs com baixa prevalência de organismos resistentes a antibióticos. Descontaminação antimicrobiana não é recomendado em países, regiões, ou UTIs com alta prevalência de organismos resistentes a antibióticos (qualidade de evidência – alta)
Podem diminuir as taxas de VAP, mas os dados atuais são insuficientes para determinar o impacto na duração da ventilação mecânica, duração da permanência, e mortalidade
1. Considerar o uso de tubos endotraqueais com portas de drenagem de secreção sub-glótica para minimizar o acúmulo de secreções acima do manguito de traqueostomia em pacientes propensos a necessitar de intubação >48-72 horas (qualidade de evidência – moderada)
2. Considerar traqueostomia precoce (qualidade de evidência – moderada)
3. Considerar inserção de tubo de alimentação pós-pilórico em pacientes com intolerância a alimentação gástrica e com alto risco de aspiração (qualidade de evidência – moderada)
Práticas essências para pacientes neonatais prematuros
Apresentam risco mínimo de causar danos e podem diminuir taxas de VAP e/ou de PedVAE
Evitar intubação (qualidade de evidência – alta)
Minimizar a duração de ventilação mecânica (qualidade de evidência – alta)
1. Gerir pacientes sem sedação sempre que possível (qualidade de evidência – baixa)
2. Usar terapia de cafeina para apneia por prematuridade dentro de 72 horas após o nascimento para facilitar extubação (qualidade de evidência – alta)
3. Avaliar a prontidão para extubação diariamente (qualidade de evidência – baixa)
4. Tomar medidas para minimizar extubação não planejada e reintubação (qualidade de evidência – baixa)
5. Prover cuidado oral regular com água estéril (extrapolado da prática em bebês e crianças, sem dados em neonatos prematuros) – qualidade de evidência – baixa)
6. Trocar o circuito do ventilador apenas se visivelmente sujo ou em caso de mal funcionamento ou de acordo com as intruções de uso do fabricante (extrapolado de estudos em adultos e crianças, sem dados em neonatos prematuros) (qualidade de evidência – baixa)
Abordagens adicionais em neonatos prematuros
Risco mínimo de causar danos, mas impacto desconhecido nas taxas de VAP e VAE
1. Posicionamento lateral reclinado (qualidade de evidência – baixa)
2. Posicionamento Trendelenberg reverso (qualidade de evidência – baixa)
3. Sucção fechada ou em linha (qualidade de evidência – baixa)
4. Cuidado oral com colostro materno (qualidade de evidência – moderada)
Práticas essenciais em pacientes pediátricos
Conferem risco mínimo de causar danos e parte dos dados sugere que podem diminuir as taxas de VAP, as taxas de PedVAE, e/ou o tempo de duração de ventilação mecânica
Evitar intubação
1. Usar ventilação não invasiva de pressão positiva (NIPPV) ou cânula nasal de oxigênio de alto fluxo quando seguro e possível (qualidade de evidência – moderada)
Minimizar a duração de ventilação mecânica
1. Avaliar a prontidão para extubação diariamente usando tentativas de respiração espontânea em pacientes sem contraindicações (qualidade de evidência – moderada)
2. Tomar medidas para minimizar extubação não planejada e reintubação (qualidade de evidência – baixa)
3. Evitar sobrecarga de fluidos (qualidade de evidência – moderada)
Prover cuidado oral regular (ou seja, por meio de escovação ou gaze em caso de não dentição) (qualidade de evidência – baixa)
Elevar o cabeçal das camas a menos que medicamente contraindicado (qualidade de evidência – baixa)
Manter o circuito dos ventiladores
1. Trocar o circuito do ventilador apenas quando visivelmente sujo ou em caso de mal funcionamento (ou de acordo com as instruções do fabricante) (qualidade de evidência – moderada)
2. Remover condensado do circuito do ventilador frequentemente e evitar a drenagem do condensado na direção do paciente (qualidade de evidência – baixa)
Seleção e gestão do tubo endotraqueal
1. Utilizar tubos endotraqueais com balão (qualidade de evidência – baixa)
2. Manter a presão e o volume do balão nas configurações minimamente oclusivas para prevenir vazamentos de ar clinicamente significantes em torno/próximos ao tubo endotraqueal, tipicamente 20-25 cm H2O. Essa abordagem de “vazamento mínimo” é associada a menores taxas de estridor pós extubação (qualidade de evidência – baixa)
3. Sucção de secreções orais antes de cada mudança de posicionamento (qualidade de evidência – baixa)
Abordagens adicionais em pacientes pediátricos
Riscos mínimos de causar danos e alguma evidência de benefício em pacientes adultos, mas com dados limitados em população pediátrica.
1. Minimizar sedação (qualidade de evidência – moderada)
2. Usar tubos endotraqueais com portas de drenagem de secreção sub-glótica em pacientes com idade maior ou igual a 10 anos (qualidade de evidência – baixa)
3. Considerar traqueostomia precoce (qualidade de evidência – baixa)
Quais a estratégias de prevenção de pneumonia adquirida em hospitais não relacionada a ventiladores (NV-HAP)?
Práticas endossadas por estudos intervencionados que sugerem menores taxas de NV-HAP
1. Prover cuidados orais regulares
2. Diagnosticar e gerir disfagia
3. Prover mobilização precoce
4. Implementar estratégias multimodais para previnir infeções virais
5. Usar bundles de prevenção
Fonte: Yokoe DS, Advani SD, Anderson DJ, et al. Executive Summary: A Compendium of Strategies to Prevent Healthcare-Associated Infections in Acute-Care Hospitals: 2022 Updates. Infect Control Hosp Epidemiol. 2023;44(10):1540-1554.
Link: https://doi.org/10.1017/ice.2023.138
Sinopse por Maria Julia Ricci
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