Todos os dias muitos resíduos são produzidos no ambiente hospitalar e particularmente nas salas de cirurgia. A segregação inapropriada está diretamente relacionada a um aumento nos custos de descarte e a perda de recursos potencialmente recicláveis, representando, portanto, um problema ambiental e econômico. O estudo teve como objetivo examinar a segregação de resíduos por profissionais de saúde – médicos ou não – em salas de cirurgia de um hospital público de cuidados terciários na região de Piedmont na Itália
Qual a justificativa do estudo?
Todos os dias muitos resíduos são produzidos no ambiente hospitalar e particularmente nas salas de cirurgia. A segregação inapropriada esta diretamente relacionada a um aumento nos custos de descarte e a perda de recursos potencialmente recicláveis, representando, portanto, um problema ambiental e econômico. No ambiente hospitalar 15% dos resíduos são perigosos e devem ser gerenciados com cautela para prevenir infecções. Sendo assim, a segregação de resíduos é o passo chave no processo de gestão de resíduos e deve ocorrer sem erros.
Qual o objetivo do estudo?
O estudo teve como objetivo examinar a segregação de resíduos por profissionais de saúde – médicos ou não – em salas de cirurgia de um hospital público de cuidados terciários na região de Piedmont na Itália.
Qual metodologia foi empregada?
Foi realizado um estudo observacional com base na metodologia PICO (population, intervention, control and outcomes), uma ferramenta observacional foi elaborada, avaliada por um painel de especialistas e então utilizada. O investigador preencheu 468 formulários, presenciou 88 cirurgias e 21169 descartes.
Quais os principais resultados?
57% dos resíduos foram descartados incorretamente; destes, 71% poderiam ter sido reciclados e 1% recuperado. A fase pré-operatória – e, portanto, não-crítica – teve a maior produção de resíduos (48%) e o maior percentual de diferenciação incorreta (72%).
66% dos resíduos tratados como indiferenciados poderiam ter sido reciclados. Até 54% dos resíduos gerenciados como perigosos poderiam ter sido reciclados, reutilizados ou segregados em outra categoria. Além disso, resíduos perigosos foram gerenciados incorretamente em 5% dos descartes.
O observador notou a falta de coletores para descarte de papel e plástico (requerimento a nível italiano e europeu) e a classificação inapropriada de resíduos comuns como perigosos.
Quais as conclusões e recomendações finais?
Os autores sugerem diversas medidas que passiveis de implementação, todas tendo como ponto de partida alguns pilares:
– educação adequada aos profissionais e ao contexto
– adequação da estrutura para permitir a execução correta do processo de segregação e descarte
Quais as limitações?
Os autores ressaltam possíveis limitações intrínsecas a utilização de um observador e também a determinação tardia do tamanho da amostra para a significância estatística do estudo.
Que críticas e observações finais?
O artigo traz uma importante reflexão quanto a quantidade e gestão do lixo no contexto hospitalar. Esse tema é extremamente importante e muitas vezes não recebe a atenção necessária mesmo com a recente disseminação e tentativa de popularização das metas de desenvolvimento sustentável das nações unidas (SDGs) e programas similares.
Apesar de ter sido um estudo relativamente pequeno e realizado em uma única estrutura, ele é capaz de gerar muitos questionamentos relevantes no contexto de qualquer país e tipologia de estrutura.
Fonte: Amariglio A, Depaoli D. Waste management in an Italian Hospital’s operating theatres: An observational study. Am J Infect Control. 2021 Feb;49(2):184-187.
Sinopse por: Maria Julia Ricci
Contato: maria.ricciferreira@edu.unito.it