Conheça o planejamento da OMS para os próximos anos, levando em conta todos desafios da atual conjuntura econômica, política, ecológica e social
Objetivo do Guia
O guia da OMS, intitulado “Global Health Strategy for 2025–2028: advancing equity and resilience in a turbulent world”, tem como objetivo estabelecer um roteiro estratégico para abordar as desigualdades em saúde e fortalecer a resiliência dos sistemas de saúde em nível global, especialmente após as lições aprendidas com a pandemia de COVID-19.
Entidades Responsáveis
A estratégia é uma publicação oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS), desenvolvida em parceria com múltiplos atores internacionais como o Banco Mundial, UNICEF, UNAIDS, Fundo Global, Gavi, entre outras instituições internacionais, organizações não governamentais e filantrópicas.
Metodologia da Revisão Bibliográfica
O documento não detalha explicitamente o número exato de artigos identificados nas bases de dados, nem especifica um critério detalhado para seleção dos artigos. No entanto, a OMS informa que a elaboração da estratégia foi baseada em uma extensa consulta a Estados membros e outros parceiros, adotando uma metodologia colaborativa com avaliações independentes das edições anteriores do Programa Geral de Trabalho (GPW 13), incorporando sugestões e recomendações na nova estratégia (GPW 14).
As principais fontes utilizadas são relatórios da própria OMS, dados oficiais da ONU, artigos publicados em revistas científicas renomadas (como o Lancet), relatórios técnicos de organizações internacionais e avaliações independentes de estratégias anteriores da OMS.
Classificação de Evidências e o Sistema GRADE
O documento não menciona especificamente o uso formal do sistema GRADE (Grading of Recommendations, Assessment, Development and Evaluation) para classificar a qualidade das evidências. Ele inclui, entretanto, uma série de indicadores para avaliar progresso, baseados em resoluções anteriores e indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A ausência clara da metodologia GRADE limita uma avaliação formal rigorosa quanto à qualidade das evidências usadas.
Objetivos Estratégicos e Implementação:
O guia propõe seis objetivos estratégicos principais para promover, prover e proteger a saúde e o bem-estar globalmente. Esses objetivos respondem aos grandes desafios atuais, incluindo mudança climática, determinantes sociais de saúde, emergências em saúde pública, e equidade no acesso à cobertura universal de saúde.
1. Responder à mudança climática como uma ameaça crescente à saúde:
Fundamentação: A mudança climática ameaça diretamente a saúde humana, aumentando doenças transmitidas por vetores, comprometendo sistemas de saúde e exacerbando desigualdades sociais.
Implementação prática:
- Desenvolver sistemas de saúde resistentes ao clima.
- Promover políticas intersetoriais que integrem saúde em estratégias ambientais e climáticas.
- Incentivar sistemas de saúde de baixo carbono e práticas sustentáveis em saúde.
2. Enfrentar determinantes de saúde e causas profundas de doenças:
Fundamentação: Cerca de 40% das doenças e mortalidade prematura estão ligadas a determinantes sociais, econômicos e ambientais como tabagismo, má alimentação, poluição e sedentarismo.
Implementação prática:
- Aplicar abordagens intersetoriais (“One Health”) para saúde pública.
- Promover intervenções que integrem saúde em políticas sociais, econômicas e educacionais.
- Utilizar avaliações de impacto em saúde nas políticas não relacionadas diretamente à saúde (educação, transporte, habitação).
3. Avançar com a abordagem de Atenção Primária à Saúde (APS):
Fundamentação: A APS é reconhecida como crucial para alcançar a cobertura universal e segurança sanitária, especialmente para populações vulneráveis.
Implementação prática:
- Expandir redes integradas de saúde focadas em prevenção e cuidados centrados nas pessoas.
- Fortalecer sistemas de saúde locais e a capacitação dos profissionais.
- Garantir acesso equitativo a serviços essenciais em contextos normais e emergenciais.
4. Melhorar a cobertura dos serviços de saúde e proteção financeira:
Fundamentação: Iniquidades no acesso e altos gastos do bolso são barreiras significativas para alcançar a equidade em saúde, especialmente relacionadas a gênero e desigualdades sociais.
Implementação prática:
- Implementar mecanismos de financiamento sustentável que reduzam despesas diretas dos indivíduos.
- Aumentar investimentos em infraestrutura de saúde pública.
- Priorizar serviços de saúde sexual, reprodutiva, materna e infantil.
5. Prevenir e mitigar riscos à saúde provenientes de todas as ameaças:
Fundamentação: Riscos emergenciais à saúde, sejam infecciosos ou relacionados a desastres naturais, precisam de abordagens preventivas e integradas para reduzir danos.
Implementação prática:
- Desenvolver planos de preparação e mitigação para crises sanitárias.
- Realizar treinamento contínuo de profissionais para resposta rápida.
- Promover vigilância ativa e contínua de riscos emergentes.
6. Detectar rapidamente e sustentar respostas a emergências de saúde:
Fundamentação: Resposta rápida e eficaz é crítica para reduzir o impacto de emergências sanitárias.
Implementação prática:
- Investir em sistemas robustos de vigilância epidemiológica.
- Fortalecer capacidades locais e nacionais de resposta imediata.
- Garantir acesso a serviços essenciais mesmo em crises prolongadas.
Pontos Abertos para Pesquisas Futuras
A estratégia da OMS destaca pontos ainda não plenamente solucionados que demandam pesquisas adicionais, especialmente nas áreas de:
- Resiliência dos sistemas de saúde em crises prolongadas.
- Eficácia de novos modelos digitais na atenção primária.
- Intervenções para grupos vulneráveis em situações emergenciais e pandemias futuras.
Aplicabilidade Prática
A aplicabilidade prática do guia é elevada, especialmente por sua abordagem realista das limitações econômicas e políticas globais. Oferece uma base sólida para que países possam moldar políticas internas e mobilizar recursos financeiros internacionais para ações concretas.
Análise Crítica
Embora abrangente e fortemente fundamentado em consenso político e técnico, o guia apresenta algumas lacunas metodológicas:
- Falta de descrição detalhada do processo de seleção e análise bibliográfica, dificultando a avaliação rigorosa da qualidade das evidências.
- Ausência explícita da metodologia GRADE ou outra ferramenta robusta para classificar evidências científicas.
- Potencial generalização dos objetivos, que pode dificultar a implementação prática em contextos regionais específicos.
Apesar dessas limitações, o guia apresenta coerência interna significativa, uma clara aplicabilidade global em uma questão primordialmente política e urgente, que não depende de evidências científicas, mas sim de um plano estrategicamente definido pelas nações em conjunto. O mundo pede socorro e necessita dessa ação com urgência.
Como este cenário desafiador impacta em nossa carreira?
Diante das rápidas transformações que impactam diretamente a saúde das populações, torna-se indispensável que o profissional de saúde compreenda os novos fatores de risco, desenvolva estratégias de prevenção, otimize diagnósticos e tratamentos, e domine o uso de indicadores para planejar ações eficazes. Tudo isso exige conhecimento aprofundado em epidemiologia, planejamento em saúde e tomada de decisões baseadas em evidências científicas.
O MBA Gestão da Segurança do Paciente e Governança Clínica – MBAEQS 2.0 oferece exatamente essa formação. Ao realizar este curso, o profissional adquire competências estratégicas para atuar com excelência na vigilância epidemiológica, na gestão de riscos, segurança do paciente, planejamento em saúde e na governança clínica, tornando-se altamente valorizado no mercado. É um diferencial competitivo para quem deseja liderar a transformação dos sistemas de saúde e se posicionar como protagonista neste novo cenário da saúde coletiva.
Fonte:
WORLD HEALTH ORGANIZATION. A Global Health Strategy for 2025-2028: advancing equity and resilience in a turbulent world: fourteenth General Programme of Work. Geneva: World Health Organization, 2025. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240101012. Acesso em: 30 mar. 2025. DOI: não identificado.
Fontes complementares:
- ROMANELLO, M. et al. The 2023 report of the Lancet Countdown on health and climate change. Lancet, 2023. DOI: 10.1016/S0140-6736(23)01859-7.
- CIEZA, A. et al. Global estimates of the need for rehabilitation based on the Global Burden of Disease study 2019. Lancet, 2021. DOI: 10.1016/S0140-6736(20)32340-0.
- “Preparação para pandemias: como fortalecer sistemas de saúde?” disponível em: www.ccih.med.br/preparacao-para-pandemias.
Sinopse por:
Antonio Tadeu Fernandes:
https://www.linkedin.com/in/mba-gest%C3%A3o-ccih-a-tadeu-fernandes-11275529/
https://www.instagram.com/tadeuccih/
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