Recentemente a infecção por HTLV foi incluída entre as doenças de notificação compulsória. Saiba mais sobre esta patologia.
A infecção pelo vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV) foi recentemente incluída na lista de doenças de notificação compulsória para gestantes, parturientes, puérperas e crianças expostas ao risco de transmissão vertical. Nesta edição especial do Superação, a infectologista Rubia Miossi irá apresentar uma aula detalhada sobre o tema, abordando aspectos essenciais como as formas de transmissão, manifestações clínicas da doença, diagnóstico, tratamento e prevenção da infecção. Esta live destaca a importância fundamental da parceria entre a vigilância epidemiológica hospitalar e as CCIRAS, evidenciando a necessidade de um esforço conjunto para enfrentar esse desafio de saúde pública.
Principais tópicos (minutagem):
8:40 – O que é o HTLV?
13:09 – Como se transmite?
19:13– Conduta em transplante de órgãos.
19:39– Testes disponíveis para HTLV
20:07 – Persistência prolongada em indivíduos assintomáticos
22:57 Importância do diagnóstico precoce
25:44 Estudos epidemiológicos e populações de risco.
26:35 Importância do HTLV ter se tornado uma doença de notificação compulsória.
30:04 Quais são os sintomas e que doenças o HTLV causa?
41:44 Associação com tuberculose.
44:39 Existe um tempo médio de latência de HTLV?
45:42 Dosagem de dna pró viral
47:43 Coinfecção HTLV e HIV.
52:57 Notificação nas maternidades
55:55 Quais casos devem ser notificados, segundo a Portaria 3.148?
59:30 Existem fatores que poderiam auxiliar a controlar a carga pró-viral?
1:02:17 Acompanhamento em pacientes assintomáticos e pacientes sintomáticos vivendo com HTLV.
1:12:28 É necessário algum cuidado específico com pacientes HTLV+ hospitalizados para prevenção de IRAS?
1:17:12 Quais as perspectivas para o desenvolvimento de vacinas contra HTLV?
1:21:40 Desafios e perspectivas para o HTLV.
1:26:15 Conduta em acidente com perfuro-cortante.
1:30:46 Para gestante com HTLV segue a recomendação do parto cesáreo?
Vírus linfotrópico humano (HTLV)
Recentemente a presença do vírus HTLV foi incluída entre as doenças de notificação compulsória. Saiba mais sobre esta patologia.
O HTLV (Human T-lymphotropic Virus) é um retrovírus humano pertencente à família Retroviridae e ao gênero Deltaretrovirus. Existem dois tipos principais, o HTLV-1 e o HTLV-2, sendo o HTLV-1 o mais amplamente estudado e associado a doenças clínicas.
Epidemiologia
O HTLV-1 é mais prevalente em regiões específicas do mundo, como o sudoeste do Japão, o Caribe, partes da África Subsaariana, América do Sul (particularmente Brasil e Peru) e o Oriente Médio. Estima-se que entre 10 a 20 milhões de pessoas estejam infectadas em todo o mundo, mas a maioria dos indivíduos permanece assintomática durante toda a vida.
Patogenia
O HTLV-1 infecta principalmente linfócitos T CD4+, uma subpopulação de células do sistema imunológico que desempenha um papel crucial na regulação das respostas imunológicas. Após a infecção, o vírus integra seu material genético ao DNA da célula hospedeira, o que pode levar a uma proliferação celular descontrolada. Em algumas pessoas, essa proliferação pode resultar em doenças como a leucemia/linfoma de células T do adulto (ATLL) e a paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-1 (TSP/HAM).
Modo de Transmissão
O HTLV-1 é transmitido principalmente através de:
Transmissão Vertical: De mãe para filho, principalmente durante a amamentação.
Transmissão Sexual: Através de relações sexuais desprotegidas, com maior taxa de transmissão do homem para a mulher.
Transmissão Sanguínea: Através de transfusões de sangue contaminado, compartilhamento de agulhas e outros instrumentos perfurantes. Eventualmente através de transplante de órgãos.
Durante hospitalização: os pacientes não necessitam de precauções especiais, exceto as Precauções Padrão.
Sintomas e Complicações
A maioria das pessoas infectadas com HTLV-1 é assintomática. No entanto, uma pequena proporção desenvolve doenças graves:
Leucemia/Linfoma de Células T do Adulto (ATLL): Uma forma agressiva de câncer que pode surgir décadas após a infecção.
Paraparesia Espástica Tropical/Mielopatia Associada ao HTLV-1 (TSP/HAM): Uma condição neurológica que provoca fraqueza progressiva nas pernas, espasticidade e, eventualmente, incapacidade.
Outras Condições: Dermatites, uveítes, e doenças autoimunes, como artrite.
Tratamento
Atualmente, não existe cura para a infecção pelo HTLV-1. O tratamento se concentra em manejar as complicações associadas:
ATLL: Quimioterapia e terapias antivirais podem ser utilizadas, mas o prognóstico geralmente é reservado.
TSP/HAM: Tratamentos imunossupressores, como corticosteroides, podem ser usados para reduzir a inflamação e a progressão dos sintomas.
Prevenção
A prevenção do HTLV-1 é crucial, dado que não há cura:
Teste de Sangue: Triagem obrigatória para HTLV-1 em bancos de sangue para evitar transmissão por transfusões.
Práticas Seguras: Uso de preservativos para prevenir a transmissão sexual e práticas seguras de injeção para evitar contaminação.
Amamentação Segura: Em áreas endêmicas, pode ser recomendado que mães infectadas evitem amamentar ou utilizem fórmula para reduzir o risco de transmissão vertical.
Acidentes perfurocortantes hospitalares: seria interessante incluir sua testagem após estes acidentes em ambiente de cuidados de saúde
A educação em saúde e a conscientização sobre o HTLV-1 também são componentes essenciais para a prevenção e controle da infecção. Em regiões endêmicas, medidas específicas de saúde pública, como a triagem de doadores de sangue e a educação sobre métodos de transmissão, são fundamentais para reduzir a propagação do vírus.
Prevenção e controle de infecção: https://www.ccih.med.br/como-e-por-que-controlar-as-infeccoes-hospitalares/
MBA Gestão em Saúde e Controle de Infecção: https://www.ccih.med.br/cursos-mba/mba-ccih-gestao-em-saude-e-controle-de-infeccao/