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Infecção relacionada a cateter no paciente oncológico pediátrico: quais os principais fatores de risco?

Infecção relacionada a cateter no paciente oncológico pediátrico: quais os principais fatores de risco?

As infecções relacionadas a cateter são um grande problema com particular ênfase para pacientes oncológicos. Um dos importantes critérios para a prevenção efetiva de infecções é conhecer seus principais preditores, porém ainda há um grande gap de conhecimento nesta área. Esse estudo tem como foco a população pediátrica oncológica e é uma revisão sistemática e meta análise dos principais fatores de risco que podem ser essenciais para reduzir a morbimortalidade relacionada a essas infecções.

 

Por que é importante estudar infecção relacionada a cateter vascular em pacientes pediátricos oncológicos?

Uma das importantes ferramentas no tratamento do câncer pediátrico são os cateteres venosos centrais (CVC), sendo muito utilizados para quimioterapia, hemoterapia, hemodiálise e antibioticoterapia. Apesar de diversas medidas de prevenção, as infecções relacionadas a cateter (CRI) e as infecções da corrente sanguínea associadas a cateter central (CLABSI) são as principais causas de infecção nosocomial nessa população. Sendo que possuem grande impacto negativo durante o tratamento de câncer – muitas vezes atrasando o tratamento das neoplasias e ameaçando a vida do paciente – é fundamental compreender os fatores de riscos principais e melhorar a prevenção de CRI.

 

Qual foi o objetivo do estudo?

Até o presente momento já foram identificados alguns dos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de CRI – como um alto nível de colonização da pele no local de inserção do cateter, administração de hemoderivados e de nutrição parenteral, malignidades hematológicas etc. – porém a maioria das pesquisas tiveram como foco apenas a população adulta. Os autores buscaram identificar e sintetizar os principais fatores de risco para CRI em pacientes pediátricos submetidas a tratamento oncológico.

 

Como foi desenvolvida a pesquisa sobre o tema??

Foi realizada uma revisão sistemática abrangente de literatura com meta análise. Os autores pesquisaram diversas bases de dados (Medline, Embase, Lilacs e BVS), extraíram e sintetizaram narrativamente os dados seguindo as diretrizes PRISMA. A pesquisa utilizou termos chave em inglês e foram considerados estudos observacionais, publicados até 9 de janeiro de 2022, que avaliaram fatores de risco para CRI em pacientes pediátricos com CVC implantado devido ao tratamento quimioterápico para doenças onco-hematológicas.

Para a avaliação de qualidade das publicações foi utilizada a escala de Newcastle-Ottawa e ranqueados como de qualidade boa, regular ou ruim. Os fatores de risco foram divididos em 3 categorias: relacionados ao hospedeiro, relacionados à assistência de saude, e por tipos de cateter. Por fim, foram também descritos os patógenos mais comuns.

 

Quais foram os principais resultados encontrados na literatura selecionada?

Dos 570 estudos encontrados, 13 foram incluídos na análise – sendo 12 estudos retrospectivos (11 de coorte e 1 de caso-controle) e 1 prospectivo. O tamanho dos estudos variou entre 40 e 1113 participantes, totalizando 3.720 pacientes. A análise de qualidade resultou em 12 estudos classificados como bons e 1 estudo classificado como ruim devido a possíveis vieses.

O principal fator de risco relacionado ao hospedeiro foi malignidade hematológica (com risco particularmente maior para pacientes com leucemia mieloide aguda e aqueles submetidos a transplante de células estaminais), provavelmente devido à intensidade do tratamento. Além disso, fatores clínicos como febre, diarreia, ectima, e desnutrição crônica tiveram correlação positiva com CLABSI. O papel da neutropenia não foi consensual entre os estudos.

Tratando-se dos fatores relacionado aos cuidados de saude, houve correlação positiva entre CLABSI e transfusão de hemoderivados nos 4-7 dias anteriores à infecção, não utilização de antibióticos, transferência para UTI, quimioterapia intensiva e uso de portas subcutâneas antes da quimioterapia. Um importante fator de risco modificável identificado foi tempo de internação prolongado.

Os riscos relacionados ao tipo de cateter, por sua vez, foram os mais estudados. Entre os cateteres de longa permanência, os cateteres centrais tunelizados apresentaram maior incidência de infecção, sendo que maior diâmetro e número de lumens aumentam o risco de infecção. Já as portas apresentaram taxas menores de CLABSI nos estudos avaliados.

Patógenos associados a CLABSI foram descritos em 8 estudos, sendo as bactérias gram positivas foram as mais frequentes, em particular Staphylococcus coagulase-negativo (incidência de 8,5% a 54,05%). A bactéria gram-negativa mais comumente isolada foi Klebsiella spp (incidência de 12,7% a 22,3%). Por fim, os fungos patogênicos foram descritos em 5 estudos (incidência de 1,6% a 12,5%).

 

Quais as principais conclusões sobre o tema?

Essa publicação foi uma sistemática abrangente, incluído uma vasta gama de doenças oncológicas pediátricas e possibilitando conclusões generalizadas. Os autores ressaltam que analises segmentada por tipologia de doença podem possibilitar conclusões mais especificas. Ressaltam ainda que a implementação de medidas educativas para mitigar os fatores de risco já identificados são um passo importante, assim como a tomada de decisões adequada quanto ao melhor tipo e momento de inserção do cateter.

 

Quais foram as principais limitações do estudo?

Os autores destacam que essa revisão elucidou uma escassez de estudos voltado para a população pediátrica. Além disso, o uso de diferentes nomenclaturas e definições entre os estudos incluídos limitaram a análise, o que reduziu a possibilidade da associação de dados e a obtenção de conclusões mais robustas.

 

 

Fonte:  Rabelo BS, de Alvarenga KAF, Miranda JWFB, Fagundes TP, Cancela CSP, de Castro Romanelli RM, de Sá Rodrigues KE. Risk factors for catheter-related infection in children with cancer: A systematic review and meta-analysis. Am J Infect Control. 2023 Jan;51(1):99-106. doi:

Link: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2022.05.005

Atenção: alunos atuais ou que concluíram nossas pós-graduações têm acesso a este artigo na íntegra na nossa biblioteca virtual.

Sinopse por: Maria Julia Ricci

E-mail: maria.ricciferreira@edu.unito.it

Instagram: https://www.instagram.com/sonojuju/

 

Links relacionados:

Infecção em oncologia pediátrica –

https://www.ccih.med.br/infeccao-em-oncologia-pediatrica/

Stewardship de antimicrobianos em pediatria –

https://www.ccih.med.br/stewardship-de-antimicrobianos-em-pediatria/

Critérios diagnósticos de IRAS –

https://www.ccih.med.br/criterios-diagnosticos-de-iras-anvisa-2023/

 

TAGs / palavras chave: cateteres venosos centrais, infecções relacionadas a cateter, infecções da corrente sanguínea associadas a cateter central, pediatria, oncologia, câncer, Staphylococcus, Klebsiella,

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