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Práticas de tratamento de infecção do trato urinário em lares de idosos

As infecções do trato urinário (ITUs) são uma causa comum de infecções e prescrição de antibióticos em residentes de casas de repouso/asilos.  Esta análise teve como objetivo avaliar a diferença entre a frequência de tratamento entre ITUs relatada e os reais eventos de infecção, para assim destacar potenciais oportunidades de melhoria do diagnóstico e tratamento de ITUs em residentes de casa de repouso.

Neste artigo destacamos:

Infecção do trato urinária é frequente em lares de idosos?

Ocorre excesso de indicação de antibióticos para “tratamento” de ITUs neste cenário?

Como se procurou responder a esta questão?

Quais os principais dados relatados de ITU em lares de idosos nos Estados Unidos?

Este estudo relata a realidade ou tem o viés dos critérios diagnósticos epidemiológicos de notificação?

Afinal, o que Podemos concluir sobre diagnóstico e tratamento de ITUs em lares de idosos?

 

Infecção do trato urinária é frequente em lares de idosos?

As infecções do trato urinário (ITUs) são uma causa comum de infecções e prescrição de antibióticos em residentes de casas de repouso/asilos.  A partir de 2015, os lares de idosos que relatam ITUs ao Componente da Rede Nacional de Segurança em Saúde (NHSN) dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA passaram a ter obrigatoriedade de relatar dados sobre o tratamento destas infecções.

Ocorre excesso de indicação de antibióticos para “tratamento” de ITUs neste cenário?

Esta análise teve como objetivo avaliar a diferença entre a frequência de tratamento entre ITUs relatada e os reais eventos de infecção, para assim destacar potenciais oportunidades de melhoria do diagnóstico e tratamento de ITUs em residentes de casa de repouso.

Como se procurou responder a esta questão?

Foram analisados dados enviados pelos lares de idosos ao NHSN no ano de 2017.

Foram calculados as medianas e intervalos interquartis (IQRs) por mês relatado por unidade. Calculou-se também a razão de tratamento de ITUs, definida como o número total de novas terapias antibióticas iniciadas para ITUs pelo número total de eventos deste tipo de infecção. Alem disso, foram analisadas as médias mensais de início de antibióticos e os eventos de ITUs para cada unidade, e a mediana e os IQRs da taxa de tratamento de ITUs a nível de instalação.

As características das instalações foram obtidas de uma pesquisa annual realizada nas instalações, que inclui a implementação autorrelata das orientações de administração de antibióticos do CDC. Foi realizada também uma análise descritiva das características das instalações, com o intuito de fazer uma comparação com as estruturas dos lares de idosos a nível nacional.

Quais os principais dados relatados de ITU em lares de idosos nos Estados Unidos?

Em 2017, 298 lares de idosos relataram dados de ITUs ao NHSN.  Essas instalações contribuíram com um total de 2.032 meses de relatório, com instalações individuais relatando uma média de 7 meses.

No total, 8.956 novos inícios de antibióticos para ITUs foram relatados para residentes de lares de idosos, com 2.269 eventos de ITU que atendem às definições de vigilância e uma taxa geral de tratamento de 4,0.  A nível de instalação, a média mensal de início de antibióticos por mês foi de 2,5, e o número médio mensal de eventos de ITU foi de 0,25.  A taxa mediana de tratamento em nível de instalação foi de 3,0.

Notavelmente, 126 instalações (46%) não relataram nenhum evento de ITU em 2017, mas relataram 1.479 inícios de antibióticos para ITUs.

Os autores ressaltam que os lares de idosos sem fins lucrativos e de propriedade do governo (46%) e instalações menores (25% com <50 leitos) foram super-representados nesta coorte em comparação com a maior parte da tendência de lares de idosos dos EUA. 

Este estudo relata a realidade ou tem o viés dos critérios diagnósticos epidemiológicos de notificação?

Os pesquisadores ressaltam diversas limitações do estudo. As principais são relatas a seguir.

Primeiramente, o relatório do NHSN considera apenas eventos de ITU que atendem às definições de vigilância e não necessariamente captura todas as ITUs  clínicas para as quais o início de antibióticos empíricos pode ser apropriado.

Além disso, com documentação incompleta de sintomas e variação nas práticas de cultura em lares de idosos, os eventos de ITU relatados podem subestimar o verdadeiro número de ITUs clínicas. O grande número de instalações que relataram zero eventos de ITU em 2017 também pode sinalizar uma provável subnotificação de eventos de ITUs.

Outra limitação é a falta de generalização desses achados devido ao pequeno número de instalações que se reportam ao NHSN; sendo que a incompatibilidade relatada entre o tratamento da ITU e os eventos pode também ser maior nacionalmente.

Por fim, outra informação importante é que 95% dos lares de idosos desta coorte relataram ter registros eletrônicos de saúde disponíveis, enquanto 49,1% dos 927 lares a nível nacional não possuem esse tipo de registro implementado.

Afinal, o que podemos concluir sobre diagnóstico e tratamento de ITUs em lares de idosos?

Esse ano de dados de lares de idosos revelou muito mais inícios de antibióticos do que eventos de ITUs.  A grande discrepância e variação na proporção de tratamento de ITUs entre as instalações sugerem que podem existir oportunidades para melhorar a documentação clínica e a notificação de infecções em lares de idosos.  Os autores defendem que uma avaliação mais aprofundada das medidas para rastrear e relatar infecções práticas de prescrição de antibióticos pode ajudar a informar os esforços de programas de administração de antibióticos em lares de idosos.

O que fazer então diante deste problema?

O artigo cumpre seu papel de ser uma comunicação concisa sobre os dados de práticas de tratamento obtidas a partir de uma análise retrospectiva de dados. Os autores são muito conscientes das limitações dos próprios dados. Além disso, este tipo de análise pode ser um bom ponto de partida para a reelaboração de estratégias de melhoria de qualidade de atendimento.

Fonte: Kabbani S, et al. (2022). Urinary tract infection treatment practices in nursing homes reporting to the National Healthcare Safety Network, 2017. Infection Control & Hospital Epidemiology, 43: 238–240

Sinopse por: Maria Julia Ricci

Email: [email protected]

LinkedIn: www.LinkedIn.com/in/mariajuliaricci

Twitter: @sonojuju

Instagram: @sonojuju

TAGs: geriatria, idosos, lares de idosos, casas de repouso, asilos, infecção do trato urinário, tramento

Link:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33709896/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34036926/

https://www.ccih.med.br/uso-de-antimicrobianos-para-bacteriuria-assintomatica/

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