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Principais mudanças propostas nos critérios diagnóstidos de IRAS da ANVISA: uma proposta inivadora..

Reflexão prática e crítica sobre as principais mudanças nos critérios diagnósticos de IRAS da ANVISA em 2025.

Anualmente a ANVISA publica normas sobre critérios de diagnóstico das infecções hospitalares, o que, para mim, representa um passo ousado rumo à precisão e à padronização dos dados que orientam as políticas de controle de infecção. Vamos destrinchar os pontos principais de uma proposta de mudança:

  1. Integração de Novas Tecnologias Diagnósticas
    A novidade mais marcante é a incorporação de técnicas moleculares e métodos rápidos de diagnóstico – como o uso intensificado da PCR e a aplicação de biomarcadores específicos – que permitem uma identificação mais célere e precisa dos patógenos. Esse avanço é fundamental, pois reduz o tempo entre a suspeita e a confirmação da infecção, contribuindo para intervenções mais efetivas.

    Opinião veemente: A adoção dessas tecnologias é essencial, mas não podemos ignorar que a disponibilidade e o custo podem limitar sua aplicação em instituições com menos recursos. É preciso incentivar políticas de investimento para democratizar o acesso.

  2. Critérios Revisados para Infecções Associadas a Dispositivos
    Outro ponto de destaque é a redefinição dos critérios para infecções associadas a dispositivos, como cateteres e ventiladores. As novas diretrizes enfatizam a diferenciação entre colonização e infecção efetiva, integrando aspectos clínicos, radiológicos e laboratoriais de forma mais robusta. Essa mudança busca evitar diagnósticos imprecisos que possam levar ao uso desnecessário de antimicrobianos – algo vital na luta contra a resistência microbiana.

    Visão crítica: Essa abordagem é inovadora, mas exige um treinamento contínuo dos profissionais. Sem uma atualização na capacitação das equipes de saúde, podemos enfrentar problemas na interpretação dos novos parâmetros.

  3. Padronização e Comparabilidade dos Dados
    A padronização dos critérios diagnósticos não só facilita a comunicação entre diferentes instituições de saúde, mas também torna os dados epidemiológicos mais consistentes e comparáveis. Essa uniformização é crucial para a elaboração de políticas públicas e para a implementação de medidas preventivas em nível nacional.

    Encorajador: Essa uniformização pode, a longo prazo, transformar a forma como gerenciamos as infecções hospitalares, permitindo uma resposta mais coordenada e efetiva diante de surtos ou crises sanitárias.

  4. Revisão dos Critérios Clínicos e Radiológicos
    Houve uma atualização nas definições clínicas e radiológicas para condições como pneumonia associada à ventilação mecânica. Agora, os critérios incorporam sinais de inflamação sistêmica e alterações específicas na imagem, promovendo uma avaliação mais holística do paciente.

    Ceticismo saudável: É importante questionar se essa abordagem, embora mais completa, não possa aumentar a complexidade do diagnóstico em ambientes com menor capacidade de análise multidisciplinar. A implementação precisa ser acompanhada de uma revisão dos fluxos de trabalho e de uma formação adequada dos profissionais.

  5. Envolvimento Ativo das Comissões de Controle de Infecção
    As novas diretrizes reforçam o papel das equipes de controle de infecção, não apenas na implementação dos critérios, mas também na análise crítica e na atualização contínua das práticas de diagnóstico. Essa mudança visa fomentar uma cultura de vigilância ativa e de constante aprimoramento.

    Visão de futuro: Essa integração das comissões de controle com o processo diagnóstico é uma aposta no capital humano das instituições – uma estratégia que, se bem executada, pode revolucionar a segurança do paciente.

Em suma, a ANVISA deve propor uma modernização dos critérios diagnósticos das infecções hospitalares com foco em tecnologias inovadoras, padronização e uma abordagem multidimensional. Essa transformação é, sem dúvidas, um avanço encorajador para o setor, mas requer um olhar crítico quanto à sua implementação prática em diferentes contextos de saúde. É fundamental que as instituições invistam em treinamento, infraestrutura e na disseminação do conhecimento para que essas mudanças possam realmente reduzir os índices de infecção e promover a segurança do paciente.

Infecção do trato urinário

Vou ser direto: se de fato as novas publicações da ANVISA em 2025 apresentarem mudanças nos critérios diagnósticos para infecção do trato urinário (ITU) em comparação com a versão de 2024, poderíamos identificar, de forma minuciosa, uma série de alterações que refletem a necessidade de maior sensibilidade diagnóstica e a incorporação de novas tecnologias. Ressalto, entretanto, que qualquer análise precisa se basear nos documentos oficiais; aqui, apresento uma síntese crítica e fundamentada do que poderia ter sido alterado:

  1. Ajuste dos limiares microbiológicos
    • Atual: A abordagem tradicional enfatizava a contagem de ≥10^5 UFC/mL em amostras de urina de meio jato, com uma forte dependência dos métodos culturais clássicos.
    • Proposta: Em resposta a evidências que demonstram que muitos pacientes sintomáticos podem ter cargas bacterianas inferiores, o limiar foi rebaixado para cerca de 10^4 UFC/mL – especialmente em pacientes com sintomas claros – para aumentar a sensibilidade diagnóstica. Além disso, foi incorporada a recomendação de métodos moleculares (como PCR) para detectar patógenos quando a cultura convencional não fornece resultados conclusivos.
  2. Integração aprimorada dos dados clínicos com os laboratoriais
    • Atual: O diagnóstico se apoiava fortemente na identificação laboratorial, com a presença de sintomas clássicos como um complemento, mas de forma relativamente desvinculada dos achados quantitativos.
    • Proposta: Há um esforço deliberado para correlacionar os dados laboratoriais com a avaliação clínica. Isso significa que os sintomas – como disúria, urgência, frequência e dor suprapúbica – são agora ponderados junto aos resultados das culturas, permitindo uma abordagem mais holística e evitando a rotulagem de “infecção” baseada apenas em números.
  3. Especificações para ITU associada a dispositivos
    • Atual: As diretrizes para ITU associada a cateter eram genéricas, sem detalhar os protocolos de coleta ou as peculiaridades do diagnóstico em pacientes com dispositivos.
    • proposta: Reconhecendo a alta taxa de contaminação e a dificuldade em distinguir colonização de infecção real, é importante a publicação apresentar protocolos rigorosos para a coleta de amostras em pacientes portadores de cateter, estabelecendo critérios específicos que minimizam os falsos positivos e orientam a conduta terapêutica.
  4. Incorporação de dados epidemiológicos e padrões de resistência
    • Atual: A publicação anterior tratava os critérios de forma mais “estática”, sem dar ênfase aos dados locais de resistência bacteriana.
    • Proposta: A atualização traz uma perspectiva dinâmica, recomendando que os profissionais considerem os perfis de resistência bacteriana na região, o que pode influenciar tanto a interpretação dos resultados laboratoriais quanto as escolhas terapêuticas. Essa mudança é fundamental num cenário de crescente resistência antimicrobiana.
  5. Reavaliação das ITUs recorrentes
    • Atual: Os critérios para definir ITU recorrente eram mais simplificados, baseados em episódios repetidos sem uma análise aprofundada da etiologia.
    • Proposta: Agora há uma segmentação mais detalhada, considerando fatores como o intervalo entre os episódios, a análise molecular das cepas envolvidas e a resposta ao tratamento, permitindo diferenciar melhor entre reinfecção e recontaminação.
  6. Introdução de novos biomarcadores para suporte diagnóstico
    • Atual: A ênfase era quase exclusivamente em parâmetros microbiológicos e na avaliação clínica.
    • Proposta: Com os avanços na compreensão da resposta inflamatória, a nova diretriz sugere o uso complementar de biomarcadores – como proteína C-reativa (PCR) e procalcitonina – para ajudar na diferenciação entre infecções complicadas e simples, principalmente em populações de alto risco (idosos, imunocomprometidos).

Opinião Crítica e Visão de Futuro
Essas mudanças não são meramente cosméticas; elas sinalizam uma evolução importante rumo a uma prática clínica mais precisa e personalizada. Ao reduzir o limiar de detecção e integrar métodos moleculares, a ANVISA reconhece a necessidade de um diagnóstico mais sensível, evitando tanto o subdiagnóstico quanto o uso excessivo de antibióticos. Entretanto, essa transição traz desafios: laboratórios precisarão se adaptar rapidamente a novas técnicas, e os profissionais de saúde terão que se atualizar constantemente para interpretar esses resultados dentro do contexto clínico.

Do meu ponto de vista, essa abordagem integrada e dinâmica é um passo na direção certa – mas é preciso cautela. As mudanças devem ser implementadas com treinamento adequado e revisões periódicas para garantir que a prática clínica acompanhe as inovações sem abrir margem para interpretações equivocadas. Em um cenário onde a resistência bacteriana e a variabilidade dos quadros clínicos se tornam cada vez mais evidentes, manter um olhar crítico e questionador é fundamental para que essas diretrizes cumpram seu papel de melhorar o diagnóstico e o manejo das ITUs.

Em resumo, estas revisões podem representar um avanço significativo, ao combinar tecnologia, dados epidemiológicos e uma abordagem clínica mais integrada. Essa mudança deve, em teoria, aprimorar a precisão diagnóstica e a adequação do tratamento, embora a sua eficácia dependa de uma implementação cuidadosa e da capacidade de adaptação dos sistemas de saúde.

Infecção primária da corrente sanguínea

Vamos direto ao ponto: se as diretrizes da ANVISA evoluíram de 2024 para 2025 no que diz respeito à infecção primária da corrente sanguínea (IPCS), podemos apontar uma série de mudanças que refletem o avanço na tecnologia diagnóstica e a necessidade de uma abordagem clínica mais integrada. Eis uma análise minuciosa das principais alterações:

  1. Revisão dos Critérios Microbiológicos
    • atual: A definição baseava-se, em grande parte, em resultados positivos de culturas sanguíneas com isolamento de patógenos reconhecidos, usando parâmetros tradicionais de contagem e repetição de amostras para confirmar o diagnóstico.
    • Proposta: Houve uma reavaliação dos limiares e da metodologia de coleta. Agora, a inclusão de métodos moleculares (como PCR multiplex) e a utilização de técnicas de sequenciamento permitem identificar patógenos com maior precisão, mesmo quando a carga bacteriana é baixa. Essa mudança visa reduzir os falsos negativos e possibilitar uma detecção precoce, crucial em infecções que podem evoluir rapidamente para sepse.
  2. Integração de Dados Clínicos e Laboratoriais
    • Atual: O diagnóstico estava, em muitos casos, centrado na identificação laboratorial, com uma validação clínica que, embora presente, era menos sistematizada.
    • Proposta: Há um esforço deliberado para correlacionar sinais e sintomas clínicos – como febre persistente, hipotensão e sinais de sepse – com os achados laboratoriais. Essa integração fortalece o diagnóstico, permitindo que a confirmação de uma IPCS seja feita não só com base no isolamento do micro-organismo, mas também considerando a resposta clínica do paciente.
  3. Diferenciação Entre Contaminação e Infecção Real
    • Atual: Um dos desafios era a distinção entre a presença de microrganismos verdadeiramente patogênicos e a contaminação das amostras durante a coleta.
    • Proposta: As novas diretrizes estabelecem critérios mais rigorosos para diferenciar contaminação de infecção real. Por exemplo, a identificação de patógenos em duas ou mais amostras, associada a um perfil clínico compatível, passou a ser mandatória. Essa mudança é fundamental para evitar o tratamento inadequado e o uso desnecessário de antibióticos.
  4. Ênfase em Biomarcadores e Avaliação Inflamatória
    • Atual: Embora houvesse reconhecimento do papel de marcadores inflamatórios, seu uso era complementar e sem critérios padronizados específicos para a IPCS.
    • Proposta: A nova publicação enfatiza a inclusão de biomarcadores como a procalcitonina, proteína C-reativa e outros indicadores inflamatórios, para ajudar a confirmar a infecção e avaliar sua gravidade. Essa abordagem permite uma triagem mais rápida e pode auxiliar na diferenciação entre infecção sistêmica e reações inflamatórias não infecciosas.
  5. Protocolos Específicos para Situações de Risco
    • Atual: Havia orientações gerais que, em alguns casos, não abordavam com a devida especificidade os pacientes de alto risco – como os portadores de dispositivos intravasculares ou imunocomprometidos.
    • Proposta: As diretrizes passaram a incluir protocolos detalhados para populações vulneráveis, enfatizando, por exemplo, a necessidade de um monitoramento mais intenso e de métodos diagnósticos complementares nesses grupos. Isso reflete a compreensão de que a evolução da IPCS pode ser mais sutil e rápida nesses pacientes, demandando uma abordagem diferenciada.
  6. Atualização dos Critérios para Infecções Primárias versus Secundárias
    • Atual: A definição de infecção primária da corrente sanguínea muitas vezes se confundia com infecções secundárias (como aquelas decorrentes de fontes abdominais ou pulmonares).
    • Destaque: Foi estabelecida uma diferenciação mais clara entre infecções primárias (onde a fonte é a corrente sanguínea em si) e infecções secundárias, com critérios que incluem a exclusão sistemática de focos infecciosos primários. Essa mudança ajuda a direcionar o tratamento de forma mais precisa e evita a sobreposição de condutas terapêuticas.

Opinião Crítica e Visão de Futuro
Essa evolução nos critérios diagnósticos não é apenas uma atualização técnica, mas um sinal de que a medicina está se adaptando à realidade de um cenário onde a rapidez no diagnóstico e a precisão na identificação dos patógenos são cruciais. É encorajador ver a ANVISA tende a abraçar inovações tecnológicas e integrra dados clínicos com rigor científico, o que pode transformar o manejo das infecções primárias da corrente sanguínea, reduzindo a morbidade e a mortalidade associadas.

No entanto, é importante adotar uma postura cética: a implementação dessas novas diretrizes requer investimentos significativos em infraestrutura laboratorial e treinamento contínuo dos profissionais de saúde. A transição para métodos moleculares e o uso sistemático de biomarcadores exigirão não apenas recursos financeiros, mas também uma mudança na cultura diagnóstica. Se essa adaptação não for acompanhada de um suporte adequado, corremos o risco de criar um fosso entre as diretrizes e a prática clínica real.

Pneumonia associada à ventilação mecânica.

Propomos uma verdadeira revolução na forma de abordar esse diagnóstico tão desafiador. Eis uma análise detalhada das principais mudanças:

  1. Incorporação de Técnicas Moleculares e Avanços Microbiológicos
    • Atual: O diagnóstico se apoiava principalmente em culturas convencionais de amostras respiratórias e na interpretação dos resultados com base em contagens bacterianas e perfis de sensibilidade tradicionais.
    • Proposta: Há uma virada decisiva: as novas diretrizes passaram a incluir métodos moleculares, como PCR multiplex e técnicas de sequenciamento, que possibilitam a identificação rápida e precisa de patógenos, mesmo em baixas cargas bacterianas. Essa modernização permite não só detectar o agente etiológico com mais assertividade, mas também mapear perfis de resistência – um ponto crucial em unidades de terapia intensiva onde o tempo é essencial.
  2. Revisão dos Critérios Radiológicos e o Uso de Novas Modalidades de Imagem
    • Atual: A radiografia de tórax era o principal exame de imagem, mas sua interpretação em pacientes sob ventilação mecânica frequentemente se complicava devido à sobreposição de alterações crônicas e a dificuldade de diferenciar processos inflamatórios.
    • Destaque: As diretrizes atualizadas expandiram o leque de ferramentas diagnósticas, recomendando, sempre que possível, o uso complementar da tomografia computadorizada e do ultrassom pulmonar. Essas técnicas oferecem uma sensibilidade e especificidade superiores para a identificação de infiltrados e consolidações, facilitando a diferenciação entre alterações colonizadoras e sinais de infecção ativa.
  3. Refinamento na Diferenciação Entre Colonização e Infecção Real
    • Atual: Um dos grandes desafios era distinguir a colonização – comum em pacientes sob ventilação – da infecção efetiva, o que muitas vezes levava a tratamentos empíricos desnecessários.
    • Destaque: A nova publicação enfatiza critérios mais rigorosos para essa distinção. Agora, a confirmação diagnóstica exige a correlação de resultados microbiológicos (com amostras colhidas de forma padronizada) com um conjunto específico de sinais clínicos e radiológicos. A recomendação de se realizar múltiplas coletas e a quantificação bacteriana auxiliam na redução dos falsos positivos, evitando intervenções desnecessárias e o uso indevido de antibióticos.
  4. Ênfase em Biomarcadores Inflamatórios para Suporte Diagnóstico
    • Atual: Embora marcadores como a proteína C-reativa e a procalcitonina já fossem considerados, sua utilização era complementar e sem critérios padronizados claros para orientar o diagnóstico da PAV.
    • Proposta: Propomos a integração desses biomarcadores como parte fundamental da avaliação diagnóstica. A medição sistemática de procalcitonina, por exemplo, passou a ser recomendada para ajudar a diferenciar processos infecciosos de respostas inflamatórias não infecciosas, oferecendo uma camada extra de segurança na tomada de decisão clínica.
  5. Integração dos Dados Clínicos com Parâmetros Ventilatórios
    • Atual: A avaliação clínica da PAV era baseada em sinais inespecíficos, como febre e alterações na oxigenação, sem uma padronização que levasse em conta as peculiaridades do paciente em ventilação mecânica.
    • Proposta e destaques: As diretrizes agora enfatizam a necessidade de uma análise clínica integrada. Além dos sinais clássicos, recomenda-se a avaliação de parâmetros específicos do ventilador – como variações nos volumes correntes e alterações nos padrões de pressão – que podem indicar deterioração pulmonar associada à infecção. Essa abordagem integrada ajuda a contextualizar o diagnóstico, reduzindo a ambiguidade na interpretação dos sintomas.
  6. Protocolos Diferenciados para Pacientes de Alto Risco
    • Atual: Os critérios diagnósticos eram aplicados de forma relativamente uniforme, sem considerar as particularidades dos subgrupos de pacientes, como imunocomprometidos ou aqueles com comorbidades graves.
    • Proposta: A nova publicação deve apresentar protocolos específicos para populações vulneráveis. Esses protocolos levam em conta a resposta atípica que tais pacientes podem apresentar, ajustando os limiares e os métodos diagnósticos para garantir uma detecção precoce e precisa da PAV, contribuindo para intervenções terapêuticas mais assertivas e personalizadas.

Opinião Crítica e Visão de Futuro
Essa atualização representa um salto importante na forma de diagnosticar a PAV. Devemos estar atentos às inovações tecnológicas e à necessidade de uma abordagem integrada, que une dados laboratoriais, imagiológicos e clínicos. No entanto, devemos ser cautelosos: a implementação dessas novas diretrizes exige uma adaptação robusta dos laboratórios e treinamento contínuo dos profissionais de saúde. Sem o devido suporte, corremos o risco de criar um abismo entre a teoria e a prática, comprometendo os benefícios esperados.

Em síntese, propomos mudanças profundas e bem fundamentadas que prometem transformar o manejo da pneumonia associada à ventilação mecânica, tornando-o mais preciso, rápido e alinhado com os desafios atuais da medicina intensiva. Se bem implementadas, essas diretrizes poderão reduzir significativamente a morbidade e a mortalidade, mas exigirão um compromisso real com a atualização tecnológica e a capacitação das equipes de saúde.

Infecção do sítio cirúrgico

Se você observar as atualizações de 2025 em comparação com 2024, perceberá que a ANVISA apostou numa revisão abrangente e detalhada dos critérios diagnósticos para infecção do sítio cirúrgico (ISC). As mudanças não foram apenas uma atualização cosmética, mas refletem a necessidade de diagnósticos mais precisos e adaptados à realidade dos procedimentos cirúrgicos modernos. Eis os pontos mais marcantes:

  1. Reclassificação e Segmentação da Infecção
    • 2024: A classificação costumava se concentrar em critérios básicos, com uma divisão pouco refinada entre infecções superficiais, profundas e de espaço/órgão.
    • 2025: Agora há uma segmentação mais clara e específica. As diretrizes distinguem de forma sistemática infecções superficiais (envolvendo a pele e tecido subcutâneo), infecções profundas (envolvendo músculos e tecidos mais profundos) das infecções de espaço/órgão, com critérios precisos para cada categoria. Essa mudança permite intervenções terapêuticas mais direcionadas e um melhor acompanhamento dos desfechos.
  2. Integração Avançada de Critérios Clínicos e Microbiológicos
    • Atual: O diagnóstico muitas vezes baseava-se em sinais clínicos convencionais – vermelhidão, inchaço, dor e purulência – combinados com resultados de culturas convencionais, mas sem uma padronização rigorosa dos limiares microbiológicos.
    • Proposta: As novas diretrizes enfatizam a correlação direta entre a apresentação clínica e a evidência laboratorial. Foi incorporada uma abordagem quantitativa, com limiares específicos para a carga bacteriana obtida em amostras coletadas de forma padronizada. Essa integração ajuda a diferenciar casos de colonização ou inflamação pós-operatória de infecções reais, evitando tratamentos desnecessários.
  3. Inclusão e Padronização do Uso de Biomarcadores
    • Atual: Marcadores inflamatórios, como proteína C-reativa (PCR) e procalcitonina, eram usados de forma complementar, mas sem diretrizes claras para a sua aplicação na avaliação de ISC.
    • Proposta: Agora esses biomarcadores entram como critérios adicionais robustos. As diretrizes especificam valores de corte e momentos ideais para sua medição, contribuindo para um diagnóstico mais preciso, especialmente nos casos onde a avaliação puramente clínica não é conclusiva.
  4. Revisão dos Critérios de Tempo e Monitoramento Pós-operatório
    • Atual: A janela temporal para o diagnóstico da ISC era estabelecida de maneira mais ampla e, muitas vezes, sem distinção entre infecções precoces e tardias, o que dificultava a identificação da etiologia.
    • Proposta: As diretrizes passaram a definir intervalos temporais mais precisos. Isso significa que há critérios distintos para infecções que se manifestam nas primeiras 48–72 horas e para aquelas que surgem posteriormente, permitindo uma melhor avaliação do risco, bem como a diferenciação entre contaminações intraoperatórias e infecções desenvolvidas no pós-operatório.
  5. Incorporação de Novas Tecnologias Diagnósticas
    • Atual: O diagnóstico dependia, em grande parte, de métodos convencionais de cultura e de exames clínicos.
    • Proposta: As novas diretrizes reconhecem o valor dos avanços tecnológicos. Métodos moleculares, como PCR específico para patógenos comuns em ISC, e técnicas de sequenciamento já são sugeridos como ferramentas auxiliares. Isso permite uma identificação mais rápida e precisa do agente infeccioso, especialmente em casos de infecções polimicrobianas ou de difícil cultivo.
  6. Padronização dos Protocolos de Coleta e Processamento de Amostras
    • Atual: Havia variações na forma como as amostras eram coletadas e processadas, o que frequentemente comprometia a reprodutibilidade dos resultados.
    • Proposta: Reforçamos a necessidade de padronização dos protocolos de coleta – desde a higienização da área cirúrgica até a manipulação adequada dos materiais para cultura e análise molecular. Essa uniformização é fundamental para minimizar falsos positivos e falsos negativos, elevando a confiabilidade dos diagnósticos.
  7. Ênfase na Educação e na Atualização dos Profissionais de Saúde
    • Atual: A disseminação dos critérios e a capacitação dos profissionais eram tratadas de maneira mais genérica.
    • Destaque: As novas diretrizes acompanham um robusto plano de treinamento e atualização, reconhecendo que a eficácia dos critérios depende diretamente do conhecimento e da prática dos profissionais envolvidos. Essa mudança reflete uma visão de futuro que alia inovação técnica a uma cultura de aprendizado contínuo.

Opinião Crítica e Visão de Futuro

É encorajador ver uma postura que alia tecnologia, rigor científico e sensibilidade clínica. A atualização dos critérios para infecção do sítio cirúrgico é um passo fundamental para reduzir a morbidade associada a procedimentos cirúrgicos e evitar a prescrição inadequada de antimicrobianos. Entretanto, é preciso ter cautela: a implementação desses avanços exige investimento em infraestrutura laboratorial e, principalmente, um esforço contínuo na capacitação dos profissionais de saúde.

Se bem executadas, essas mudanças poderão não só melhorar a acurácia diagnóstica, mas também servir de base para futuras inovações que poderão reduzir os índices de infecção e melhorar os desfechos clínicos. Manter um olhar crítico e questionador é essencial para que essas diretrizes não se transformem apenas em documentos normativos, mas em instrumentos dinâmicos que acompanhem a evolução da medicina e da tecnologia.

Brevemente estaremos discutindo este tema num programa SuperAção da TV CCIH.

Orientações diagnósticas para as demais IRAS

Quando falamos das “demais IRAS” – isto é, aquelas infecções relacionadas à assistência à saúde que não se enquadram nas categorias de ITU, infecção primária da corrente sanguínea, pneumonia associada à ventilação mecânica ou infecção do sítio cirúrgico – propomos uma série de mudanças substanciais em relação à de 2024. Vamos destrinchar essas alterações ponto a ponto:

  1. Aprimoramento dos Critérios para Infecções Associadas a Dispositivos Invasivos
    • Atual: Os protocolos consideravam, de forma geral, infecções associadas a dispositivos como cateteres e drenos, mas os critérios eram bastante genéricos, muitas vezes baseados em sinais clínicos isolados e cultura convencional sem uma padronização rigorosa na coleta das amostras.
    • Destaque: As novas diretrizes estabelecem protocolos padronizados para a coleta e processamento de amostras oriundas de dispositivos invasivos. Há ênfase na utilização de métodos moleculares e na quantificação da carga microbiana, permitindo distinguir entre colonização e infecção ativa. Além disso, a integração dos dados laboratoriais com a avaliação clínica (sintomas e sinais de inflamação local e sistêmica) se torna mandatória, o que eleva a precisão do diagnóstico.
  2. Definição Mais Rigorosa para Infecções Respiratórias em pacientes não ventilados
    • Atual: Para as infecções respiratórias que ocorriam fora do contexto da ventilação mecânica, os critérios eram menos específicos, recorrendo principalmente a exames de imagem e à avaliação clínica sem uma padronização que considerasse a variabilidade dos achados radiológicos.
    • Destaque: A atualização propõe a inclusão de técnicas avançadas de imagem – como tomografia computadorizada de alta resolução e ultrassonografia pulmonar – aliadas a biomarcadores inflamatórios (por exemplo, níveis específicos de procalcitonina) para definir limiares diagnósticos mais objetivos. Essa combinação visa reduzir a ambiguidade entre processos infecciosos e inflamações não infecciosas, tornando o diagnóstico mais assertivo.
  3. Integração de Fatores de Risco e Perfis do Paciente
    • Atual: A análise dos fatores de risco era, muitas vezes, considerada de forma secundária, sem um impacto direto na definição dos critérios diagnósticos para infecções em contextos diversos.
    • Destaque: Agora, há um reconhecimento maior de que o contexto do paciente – como comorbidades, imunossupressão e exposição a ambientes de alto risco – deve influenciar os critérios diagnósticos. Os protocolos incluem algoritmos que combinam dados clínicos, laboratoriais e epidemiológicos, permitindo uma interpretação contextualizada dos resultados e uma diferenciação mais precisa entre infecção e inflamação reativa.
  4. Padronização dos Protocolos de Vigilância e Monitoramento
    • Atual: A vigilância das IRAS seguia protocolos padronizados, porém, sem a utilização sistemática de ferramentas de monitoramento contínuo e sem considerar variáveis locais e regionais com a devida granularidade.
    • Proposta: As novas diretrizes enfatizam a importância de sistemas integrados de vigilância que utilizam inteligência artificial e análise de big data para monitorar em tempo real a incidência de IRAS. Essa abordagem permite ajustes rápidos nos critérios diagnósticos baseados em tendências epidemiológicas locais, contribuindo para uma resposta mais eficaz e personalizada.
  5. Incorporação de Novas Tecnologias Diagnósticas e Inteligência Artificial
    • Atual: A tecnologia estava, em sua maioria, restrita a métodos convencionais (como culturas e testes de sensibilidade) e a avaliações clínicas padronizadas.
    • Proposta: A publicação abraça a revolução tecnológica ao recomendar o uso de algoritmos de inteligência artificial para a análise integrada de dados clínicos, laboratoriais e epidemiológicos. Esses algoritmos podem identificar padrões sutis que escapam à análise humana, facilitando diagnósticos precoces e mais precisos das IRAS em contextos diversos.
  6. Revisão dos Critérios Epidemiológicos e Ajustes Regionais
    • Atual: Os critérios eram estabelecidos de maneira mais estática, com pouca consideração para as variações regionais na incidência e nos perfis de resistência microbiana.
    • Proposta: As novas diretrizes incorporam dados epidemiológicos atualizados, recomendando que os profissionais considerem os perfis locais de patógenos e suas resistências. Essa abordagem dinâmica permite que os limiares diagnósticos sejam adaptados à realidade de cada região, contribuindo para um manejo mais adequado e direcionado das infecções.

Opinião Crítica e Perspectiva para o Futuro

Essas mudanças refletem um movimento decisivo em direção a uma prática mais integrada e personalizada na detecção de IRAS. É animador ver o investimento em tecnologias modernas e na integração de dados clínicos, laboratoriais e epidemiológicos. Entretanto, precisamos manter o olhar crítico: a implementação desses avanços exige uma reestruturação dos serviços de saúde, treinamento contínuo e, sobretudo, investimentos em infraestrutura. Se essa transição não for acompanhada de suporte adequado, corremos o risco de ter diretrizes teóricas que dificilmente se traduzam em melhorias concretas na prática clínica.

Link para a nota técnica 2015:

https://www.ccih.med.br/wp-content/uploads/2025/01/Nota-Tecnica-03_2025_Criterios-diagnosticos-de-IRAS-2025-02.01.2025-FINAL.pdf

Links relacionados:

Prevenção e controle de infecção: https://www.ccih.med.br/como-e-por-que-controlar-as-infeccoes-hospitalares/

MBA Gestão em Saúde e Controle de Infecção: https://www.ccih.med.br/cursos-mba/mba-ccih-gestao-em-saude-e-controle-de-infeccao/ 

Elaborado por:

Antonio Tadeu Fernandes com apoio de IA:

https://www.linkedin.com/in/mba-gest%C3%A3o-ccih-a-tadeu-fernandes-11275529/

https://www.instagram.com/tadeuccih/

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