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Soro prevalência de anticorpos contra SARS-CoV-2 e fatores associados em profissionais de saúde: uma revisão sistemática e meta-análise

Conhecer a seroprevalência de anticorpos contra SARS-CoV-2 em profissionais de saúde é importante para compreender a disseminação da COVID-19 em instalações de saúde e para avaliar o sucesso de intervenções de saúde pública. O objetivo primário dessa revisão sistemática e meta-análise foi determinar a seroprevalência de anticorpos contra SARS-CoV-2 entre profissionais de saúde; o objetivo secundário foi identificar os fatores associados com essa soro prevalência.

Qual a justificativa do estudo?

Os profissionais de saúde (HCWs) representam uma população de alto risco para infecção com síndrome respiratória aguda grave por coronavírus-2 (SARS-CoV-2). Conhecer a soro prevalência de anticorpos contra SARS-CoV-2 em profissionais de saúde é importante para compreender a disseminação da COVID-19 em instalações de saúde e para avaliar o sucesso de intervenções de saúde pública.

Qual o objetivo do estudo?

O objetivo primário dessa revisão sistemática e meta-análise foi determinar a soro prevalência de anticorpos contra SARS-CoV-2 entre profissionais de saúde; o objetivo secundário foi identificar os fatores associados com essa seroprevalência.

Qual metodologia foi empregada?

Foram aplicadas as guidelines PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis). PubMed/MEDLINE e serviços de pré-impressão foram pesquisados desde seu início ate 24 de agosto de 2020.

Dois autores realizaram a seleção de estudos de forma independente e um terceiro autor (sênior) resolveu os casos de desacordo.

Os dados coletados incluíram autores, localização, datas de coleta de dados, tamanho da amostra, cenário, design do estudo, teste de anticorpo, sensibilidade e especificidade dos testes de anticorpos, fatores associados com a seroprevalência de anticorpos contra SARS-CoV-2, e nível de análise (uni ou multivariada). A qualidade dos estudos foi avaliada utilizando as ferramentas de avaliação crítica do Joana Briggs Institute.

De cada estudo, foi extraído o número total de profissionais de saúde e o número de profissionais que testaram positivo para anticorpos contra SARS-CoV-2. Foram realizadas diversas análises estatísticas, bem detalhadas no artigo, e que consideraram a qualidade dos estudos, influência do estudo, tamanho da amostra, sensibilidade e especificidade dos testes, tipo de publicação e continente de realização do estudo.

Quais os principais resultados?

Foram incluídos 49 estudos, incluindo um total de 127.480 profissionais de saúde. A maioria dos estudos foram conduzidos na Europa (n=31), seguido pela América do Norte (n=9), Ásia (n=6) e África (n=3). A sensibilidade dos testes aplicados variou de 50-100% e a especificidade de 80.5-100%.

A qualidade foi considerada moderada em 37 estudos, boa em 10 estudos e baixa em 2.

A soro prevalência geral estimada de anticorpos entre profissionais de saúde foi de 8.7% (com variação de 0-45.3%). O valor foi maior para estudos realizados na América do Norte (12.7%) em comparação com os realizados na Europa (8.5%), África (8.2%) e Ásia (4%).

A meta-regressão mostrou que o aumento da sensibilidade dos testes de anticorpos foi associado ao aumento da soro prevalência.

Os seguintes fatores estiveram associados à seropositividade: sexo masculino; trabalhadores negros, asiáticos e hispânicos; trabalho em unidade especializada de COVID-19; trabalho relacionado ao paciente; trabalhadores da linha de frente; assistentes de saúde; escassez de equipamentos de proteção individual; autorrelato de crença de infecção anterior por SARS-CoV-2; teste de PCR positivo anterior; e contato domiciliar com casos suspeitos ou confirmados de COVID-19.

Quais as conclusões e recomendações finais?

A soro prevalência de anticorpos contra SARS-CoV-2 entre profissionais de saúde é alta. Excelente adesão as medidas de prevenção e controle de infecção; equipamento de proteção individual suficiente e adequado; e o reconhecimento precoce, identificação e isolamento de profissionais de saúde infectados com SARS-CoV-2 são essenciais para diminuir o risco de infecção.

Os autores ressaltam os níveis significantemente mais baixos de soro prevalência encontrados na China, Alemanha e Grécia; todos sendo países que implementaram rapidamente medidas de prevenção e controle de infecção, incluindo treinamento dos profissionais aos novos protocolos e disponibilização de EPIs adequados.

Além disso, com a evolução da pandemia a transmissão comunitária tem aumentado e os autores ressaltam que o risco de exposição ao SARS-CoV-2 torna-se cada vez mais significativo também fora do panorama clínico.

Quais as limitações do estudo?

Os autores ressaltam cinco limitações principais: 14 dos 49 artigos incluídos foram publicados em serviços que não aplicam um processo de peer-review; alta heterogeneidade entre resultados; possibilidade de superestimação ou subestimação da soro prevalência dependendo do teste utilizado; tempo desconhecido entre exposição e testagem, portando existindo a possibilidade do teste ter sido realizado cedo demais; e, dados relacionados a fatores associados a seroprevalência foram demasiadamente escassos impossibilitando a sua meta-analise.

Quais críticas e observações finais?

Revisões sistemáticas e meta-análises são consideradas como o topo da pirâmide de evidências de qualidade e são, portanto, extremamente relevantes para a ciência baseada em evidência. O estudo em questão cumpre bem os objetivos propostos.

Os achados abrem a possibilidade de mais análise e discussão de vários dos tópicos estudados. Entre eles ressalto a prevalência em populações consideradas como minorias nos países de estudo.

Seria interessante que os estudos fizessem uma comparação com a soroprevalência nas respectivas localidades para identificarmos o aumento do risco relativo de ser profissional de saúde.

Fonte: Galanis P, Vraka I, Fragkou D, Bilali A, Kaitelidou D. Seroprevalence of SARS-CoV-2 antibodies and associated factors in healthcare workers: a systematic review and meta-analysis. J Hosp Infect. 2021 Feb; 108: 120-134

Sinopse por: Maria Julia Ricci

Contato: [email protected]

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