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Troca intraoperatória de luvas reduz infecção em derivação ventrículo-peritoneal

Uso de luvas duplas, com remoção da luva superficial no momento da inserção da derivação ventrículo peritoneal pode afetar a incidência de infecção. Que informações esta revisão sistemática pode acrescentar a esta questão?

  • Como a derivação ventrículo-peritoneal se contamina durante a cirurgia?
  • Quais são os principais fatores de risco associados com essa infecção?
  • Quais as principais medidas profiláticas habitualmente utilizadas?
  • Como foi feita a revisão sistemática da literatura?
  • Afinal, a troca de luvas contribui para redução de infecção?
  • Podemos então concluir que as luvas externas devem ser removidas antes da inserção da derivação?
  • Esta conclusão é definitiva ou precisamos de mais estudos sobre o tema?

Como a derivação ventrículo-peritoneal se contamina durante a cirurgia?

Infecções em derivação ventrículo-peritoneal impactam em aumento da estadia, maiores custos hospitalares até perda do procedimento, com sérios impactos para o paciente. A principal fonte de contaminação cirúrgica da derivação ventrículo peritoneal é a microbiota cutânea, representada principalmente pelo Staphylococcus coagulase negativo que se encontra nas luvas cirúrgicas e atinge a derivação durante sua inserção.

Quais são os principais fatores de risco associados com essa infecção?

O risco de infecção foi associado ao sexo masculino, baixo nível socioeconômico, idade jovem (≤18 anos), diabetes, revisão ou infecção prévia da derivação, hidrocefalia, mielomeningocele, uso de técnica intraoperatória de luva única, duração intraoperatória da inserção, número de cirurgiões e experiência dos cirurgiões que realizam a inserção e fístula liquórica pós-operatória.

Quais as principais medidas profiláticas habitualmente utilizadas?

As estratégias utilizadas para prevenir a infecção pela derivação incluem o uso pré-operatório de xampu de clorexidina, antissepsia cutânea (por exemplo, uso de clorexidina ou iodopovidona), técnica asséptica rigorosa, limitação do contato do shunt com a pele do paciente durante a inserção, uso de instrumentos para manusear o shunt no intraoperatório, política de não realizar tricotomia, prevenção de hematomas e colocação da derivação por via laparoscópica.

Como foi feita a revisão sistemática da literatura?

O PubMed foi usado para pesquisar artigos em qualquer idioma publicados de 1º de janeiro de 1970 a 31 de agosto de 2021 usando os seguintes termos de pesquisa: infecção cirúrgica (261 artigos), troca de luvas em cirurgias de derivação (9 artigos) e contaminação de luvas em cirurgias de derivação (17 artigos).

Os estudos foram incluídos se um grupo controle foi usado para comparar as taxas de infecção do shunt do LCR após a colocação com ou sem remoção intraoperatória ou troca do par externo de luvas duplas imediatamente antes do manuseio do shunt antes da inserção.

Dos 245 artigos em texto completo identificados entre os 272 registros identificados, 18 abordaram protocolo de luva na colocação da derivação. Desses 18 registros, 14 foram inelegíveis por não documentar especificamente a remoção ou troca da luva externa intraoperatória imediatamente antes da manipulação da derivação. Em última análise, 4 estudos preencheram os critérios de inclusão. A meta-análise não foi realizada devido ao baixo número de estudos e à heterogeneidade entre os estudos.

Afinal, a troca de luvas contribui para redução de infecção?

Os autores utilizaram 4 estudos quase-experimentais de centro único envolvendo 934 pacientes de todas as idades. Nos 4 estudos, a incidência agregada de infecção por derivação foi de 11,8% antes da mudança no protocolo intraoperatório (55 infecções entre 465 pacientes) e 4,9% após a mudança do protocolo (23 infecções entre 469 pacientes).

Apesar das diferenças entre os estudos que impediram uma metanálise formal o resultado foi significativo sob o ponto de vista estatístico com o risco relativo da não troca sendo 2,4, variando dentro da margem de erro de 1,5 a 3,9 com o p de 0,00013 de ser devido ao acaso.

Podemos então concluir que as luvas externas devem ser removidas antes da inserção da derivação?

Nessa revisão sistemática da literatura, a troca ou remoção da luva externa intraoperatória antes da inserção da derivação, particularmente como parte de um pacote de controle de infecção, parece reduzir ainda mais o risco de infecções relacionadas ao procedimento. Outras estratégias para prevenir a infecção em derivações foram propostas incluindo o uso de vancomicina intraventricular e tópica, suturas contendo antibióticos e derivações impregnadas com antimicrobianos, mas o custo de implementação tem sido citado como uma barreira à implementação, particularmente em ambientes com recursos limitados.

Esta conclusão é definitiva ou precisamos de mais estudos sobre o tema?

Segundo os autores, esta revisão tem uma série de limitações. O viés de publicação é possível devido ao pequeno número de estudos que atenderam aos nossos critérios de inclusão. A heterogeneidade dos estudos foi alta, e os estudos foram insuficientes pois tinham as limitações inerentes aos que comparam momentos distintos, falhando principalmente no controle de outras variáveis, principalmente das condições prévias dos pacientes, equipe cirúrgica e uso de profilaxia antibiótica adequada.

Sinopse por: Antonio Tadeu Fernandes

Fonte: Konrad W et al: Reducing ventriculoperitoneal shunt infection with intraoperative glove removal. Infection Control & Hospital Epidemiology (2022), 1–4.

Link: https://www.cambridge.org/core/journals/infection-control-and-hospital-epidemiology/article/reducing-ventriculoperitoneal-shunt-infection-with-intraoperative-glove-removal/47957F80E09A813092431FB7DA72E012

Links relacionados:

https://thejns.org/view/journals/j-neurosurg/94/2/article-p195.xml

https://link.springer.com/article/10.1007/s00381-015-2637-2

https://www.ccih.med.br/perfil-de-microrganismos-em-infeccao-do-sistema-nervoso-central-de-criancas-com-derivacao-ventricular-externa/

https://www.ccih.med.br/fatores-associados-a-infeccoes-do-sistema-nervoso-central-relacionadas-a-dispositivo-de-derivacao-liquorica-em-pacientes-atendidos-no-instituto-de-infectologia-emilio-ribas/

Palavras chave / TAGs: derivação ventículo-peritoneal, infecção, luvas duplas, microbiota cutânea, luvas cirúrgica, fator de risco, clorexidina, revisão sistemática

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