A acreditadora Joint Commission Enterprise, uma empresa internacional focada na melhoria da qualidade e da segurança do paciente nos cuidados de saúde, acredita que um futuro de zero danos é possível. A empresa promove o programa Zero Harm, em português, Zero Dano, que busca alcançar o caminho para zero danos ajudando hospitais a transformar a forma como trabalham.
Para os hospitais, exemplos de zero incluem:
- zero quedas de pacientes,
- zero uso excessivo,
- zero complicações de cuidados,
- zero infecções,
- zero eventos de segurança do paciente,
- zero danos aos funcionários,
- zero readmissões evitáveis e
- zero oportunidades perdidas de fornecer cuidados exemplares.
Para trabalhar em direção ao dano zero, a JCI recomenda algumas táticas que seu hospital pode implementar:
– Padronizar processos de limpeza de instrumentos e pontos de uso e transporte;
– Medir os dados coletados para incidentes de danos ou near misses, comparando-os com dados confiáveis padronizados e definir metas para estratégias de implementação;
– Reduzir a variação através do desenvolvimento de protocolos e capacitação das equipes para relatarem possíveis situações inseguras;
– Desenvolver protocolos para diagnósticos de alto volume e alto risco, com envolvimento e monitoramento da equipe médica.
Fonte: https://www.jointcommission.org/-/media/tjc/documents/lwz/hap-lwz-flyer.pdf
Sintetizado por: Laura Czekster
https://www.linkedin.com/in/laura-czekster-antochevis-457603104/
Comentário sobre a iniciativa da JCI
Quem conhece minimamente os fatores de risco para as infecções hospitalares, sabe que dependem das condições do paciente, procedimentos realizados e seu contato com a microbiotia hospitalar, provocando um desequilíbrio entre a sua conviência com microrganismos que compõe sua microbiota. Alguns fatores são perfeitamente controláveis, mas outros até desconhecidos. Na virada do século o CDC já prometeu zero infecções e óbviamente não atingiu essa meta utópica. Agora a JCI reforça essa utopia. Devemos sim, lutar para reduzir ao máximo sua incidência com medidas adequadas de prevenção e controle. Quedas, erros de medicação, por exemplo, podemos e devemos zerar, mas infecções apenas controlar e tratar adequadamente aquelas que ocorram e além disso utilizarmos adequadamente políticas de stewardship de antimicrobianos para tentar controlar o fenômeno da resistência microbiana. Aliás só falta num futuro próximo, alguém também prometer zerar a resistência microbiana. Infecção é uma disputa por espaço vital entre diferentes espécies na natureza. O ser humano tem que aprender a respeitar as leis naturais, dentre as quais as que provocam infecções inevitáveis, mas obviamente preveníveis e controláveis. Para as demais metas estou de perfeito acordo, só contra o utópico e demagógico e anti-científico: zerar infecções.
Antonio Tadeu Fernandes.