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Diagnóstico SPaCE: um estudo piloto para testar a acurácia de um novo sensor para detecção de infecção de ferida de queimadura no local de atendimento

Qual a justificativa do estudo?

A infecção de feridas em pacientes queimados é comum e tem importante impacto nos resultados clínicos. Apesar da grande prevalência de queimaduras e da infecção de feridas ser um problema global não há ainda um método amplamente aceito para diagnosticar a infecção no local de atendimento (Point of Care – PoC). O diagnóstico precoce tem o potencial de evitar a progressão para sepse; além disso a subjetividade diagnostica dos métodos atuais apoia o sobrediagnóstico, hospitalizações desnecessárias e uso excessivo de antibióticos.

Qual o objetivo do estudo?

Este estudo piloto teve como objetivo investigar a precisão de um novo diagnóstico de infecção de ferida no PoC em pacientes queimados.

Qual metodologia foi empregada?

Foi realizado um estudo piloto de precisão de diagnóstico clínico. Foi produzido e testado in vitro um teste diagnostico para PoC para o diagnostico precoce de infecções de feridas. O protótipo – denominado SPaCE – usa uma suspensão de vesículas lipídicas patenteada na qual um swab clínico é colocado.

O teste fornece uma resposta de cor para Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, espécies de Candida e Enterococcus faecalis na liberação de toxina. O resultado foi classificado de acordo com uma escala de 12 cores as quais a amostra foi comparada a olho nu e por meio de fotografia em condições de abertura e exposição padrões. O padrão de referência utilizado foi uma decisão retrospectiva realizada por um painel de especialistas clínicos utilizando dados rotineiramente disponíveis.

Quais os principais resultados?

Foram utilizados dados de 33 dos 34 participantes devido à ausência de dados de um participante. Todos os pacientes tinhas queimaduras agudas que em média eram de 0.5% do total corporal (variação de 0.1% – 3.5%) e estavam internados em 3 hospitais do Reino Unido (Bristol), a média de idade foi de 30 anos (variação de 1-75 anos) e 56% eram homens.

Avaliação realizada pelos clínicos: infecção: 52% (17/33); sem infecção: 42% (14/33); indeterminado: 6% (2/33).

Resultado do teste SPaCE: infecção: 24% (8/33); sem infecção: 42% (14/33); indeterminado: 33% (11/33).

A concordância entre o julgamento clínico e o resultado do teste diagnostico foi avaliada por meio de um Kappa ponderado e foi de 0,591 (moderado). Excluindo-se os resultados intermediários de ambos os métodos – i.e. 11/33 (33%) – o novo Kappa foi de 0,81.

Após a exclusão desses dados, ou seja, considerando apenas os 22 pacientes com resultados definitivos foram alcançados as seguintes estatísticas:

– Sensibilidade: 57% (8/14)

– Especificidade: 71% (12/17)

– Valor preditivo positivo: 100% (8/8)

– Valor preditivo negativo: 86% (12/14)

– Falso positivos: 0% (0/17)

– Falso negativos: 14% (2/14)

– Acurácia: 91% (20/22)

Quais as limitações do estudo?

Os autores ressaltam como limitação:

– A inexistência, nos estudos de diagnósticos, de testes objetivos que possam ser utilizados como referência. Para ultrapassar tal limitação, assim como feito em outros estudos do tipo, foi utilizado um painel de experts, com suas limitações intrínsecas.

– Determinação da acurácia nos resultados indeterminados. Atribuída a provável realização inapropriada do swab, a swabs realizados antes do ponto crítico de colonização ou a um julgamento com base na pratica clinica que privilegie evitar o risco de complicações. Tais resultados, seguindo indicações STARD (Standards for Reporting of Diagnostic Accuracy), foram tratados como entidade separada.

– Dificuldade na distinção das cores, mesmo com a utilização de fotografias em condições padrão. Para superar esta limitação, os autores relatam a intenção de utilizar fluorímetros no futuro para quantificar a coloração de forma padronizada.

Quais as conclusões e recomendações finais?

De acordo com os autores, este estudo piloto forneceu evidências de que o teste diagnóstico SPaCE pode fornecer dados valiosos e oportunos para apoiar a tomada de decisão clínica em PoC para infecções de ferida.

Que críticas e comentários?

O estudo traz dados certamente interessantes sobre o teste diagnóstico SPaCE. Ressalto porém, o seu caráter de piloto e que, portanto, deve ainda ser seguido de mais estudos com maiores coortes, com aprimoramentos metodológicos e maior rigor estatístico.

Fonte: The SPaCE diagnostic: a pilot study to test the accuracy of a novel point of care sensor for point of care detection of burn wound infection – Young, A.E. et al. – Journal of Hospital Infection, Volume 106, Issue 4, 726 – 733

Sinopse por: Maria Julia Ricci

E-mail: [email protected]

Instagram: @mariajuliaricci_

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