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Secador de mãos por jato de ar pode dispersar microrganismos no hospital?

Foi realizado um estudo piloto sobre a dispersão de micróbios em várias superfícies hospitalares após a secagem das mãos usando secador de jato de ar versus toalhas de papel. Tópicos discutidos:

  • Por que as mãos devem ser adequadamente secadas após sua higienização?
  • Como os autores estudaram se o secador de jato de ar favorece a contaminação microbiana?
  • Quais foram os principais resultados obtidos no experimento?
  • Afinal, pode ser um risco o uso de secadores de jato de ar em hospitais?
  • Este estudo é uma boa evidência científica quanto a descontinuidade do uso de secadores de jato de ar?

Por que as mãos devem ser adequadamente secadas após sua higienização?

É de conhecimento geral que patógenos podem permanecer viáveis ​​por períodos variáveis ​​em diferentes superfícies. Sendo a umidade residual das mãos associada ao aumento da transferência de microrganismos, o processo de secagem das mãos é essencial para minimizar o risco de disseminação de patógenos.

Estudos anteriores já examinaram o risco da contaminação bacteriana ambiental em banheiros de hospitais estar associada a diferentes métodos de secagem de mãos, principalmente com o uso de secadores de jato de ar. Ainda não está claro, no entanto, se essa diferença também pode afetar a disseminação de patógenos além das fronteiras do banheiro.

Os autores tiveram como objetivo principal investigar se os microrganismos que permanecem nas mãos mal lavadas e/ou contaminam o usuário durante a secagem das mãos nos banheiros podem ser transferidos também para o hospital e superfícies próximas aos pacientes.

Como os autores estudaram se o secador de jato de ar favorece a contaminação microbiana?

Este foi um estudo piloto realizado no banheiro de um hospital londrino de uso comum – ou seja, utilizado por funcionários, visitantes e pacientes – no qual um bacteriófago associado a  uma cepa hospedeira Escherichia foram usados como indicador de contaminações microbianas.

Os autores começam com um cálculo de poder do estudo para determinar o tamanho da amostra necessário e, em seguida, procedem com o recrutamento de 4 voluntários. Cada um dos voluntários realizou o ensaio duas vezes ao longo de um período de amostragem de 5 semanas, sendo que a cada vez as mãos foram secas com um método diferente (toalha de papel ou secador de jato de ar). Os voluntários tiveram a opção de usar luvas de nitrila ou usar as próprias mãos, em ambos casos, higienizaram as mãos (ou mãos enluvadas) com álcool 70% e, em seguida, imergiram no filtrado do bacteriófago. As mãos foram então agitadas 3 vezes para remover o excesso de líquido e secas com um dos dois métodos.

Durante os procedimentos eles utilizaram aventais de plástico, de forma a possibilitar a medição da contaminação do corpo/roupa durante o processo. Antes de sair do banheiro, os voluntários tiveram sua mão não dominante amostrada para obter os níveis basais de contaminação da mão.

Em seguida, eles realizaram um percurso pré-definido partindo do banheiro e passando por áreas públicas e clínicas, de onde foram coletadas amostras de superfícies ambientais que entraram em contato com a mão dominante ou avental dos voluntários. Os autores incluíram detalhes interessantes durante a trajetória, como a adição de um estetoscópio no pescoço dos voluntários, o uso de telefones hospitalares e o cruzamento de braços seguido de descanso em uma cadeira, tudo para melhor simular situações reais.

As superfícies pré-determinadas foram então amostradas e a extração de DNA foi realizada. As amostras foram então quantificadas, normalizadas e os genes P3 e P12 do bacteriófago escolhido foram amplificados por qPCR (quantitative PCR).

Quais foram os principais resultados obtidos no experimento?

A secagem com papel toalha foi realizada em uma média de 12 segundos, utilizando 3-5 toalhas, e a secagem com jato de ar durou em média 10 segundos. 3 dos 4 voluntários optaram por usar as luvas de nitrilo. Ambos os métodos de secagem das mãos reduziram significativamente a contaminação por bacteriófagos.

A contaminação do avental por bacteriófago após a secagem foi significativamente maior após o uso do secador de jato de ar. O nível de bacteriófagos no final dos experimentos sugere persistência considerável de contaminação.

Quanto às superfícies, 8 das 8 superfícies investigadas apresentaram contaminação acima do limite de detecção após o uso do secador de jato de ar; enquanto isso foi verdade para apenas 5 superfícies quando as toalhas de papel foram usadas. A contaminação média da superfície após o contato com as mãos foi mais de 10 vezes maior quando comparada ao papel toalha. Seguindo a mesma tendência, a dispersão de fagos para os aventais dos voluntários foi observada após o uso de um secador de jato de ar e toalhas de papel; no entanto, a transferência de bacteriófagos dos aventais foi detectada apenas nas superfícies amostradas após o uso do secador de jato de ar.

Afinal, pode ser um risco o uso de secadores de jato de ar em hospitais?

Os resultados do estudo sugerem um maior potencial de disseminação microbiana no hospital após o uso do secador de jato de ar; sendo a contaminação significativamente maior de itens que estão em contato próximo com profissionais de saúde e pacientes, como telefones ou estetoscópios, após o uso desses secadores é particularmente preocupante.

Os autores concluem que a contaminação microbiana das mãos ou do avental que permanece ou ocorre durante a secagem das mãos no banheiro, pode resultar na disseminação de micróbios para múltiplas superfícies no ambiente hospitalar. Esse fenômeno é significativamente mais provável de ocorrer após a secagem das mãos com um secador de jato de ar em vez de uma toalha de papel. Sendo assim, relembram que um princípio fundamental da prática de prevenção de infecções é minimizar o potencial de dispersão de micróbios e finalizam dizendo que os achados desta pesquisa questionam o uso de secagem de mãos com secadores de jato de ar em ambiente hospitalar.

Este estudo é uma boa evidência científica quanto a descontinuidade do uso de secadores de jato de ar?

Os autores destacam algumas limitações do estudo, entre as quais os números modestos de testes, a impossibilidade de cegar os voluntários para os métodos de secagem das mãos e que uma etapa de lavagem das mãos não fez parte do desenho do estudo.

Este estudo elucida muito bem a importância de estratégias de controle e prevenção de infecção que sejam integrais e que levem em consideração os diversos participantes e práticas dentro do ambiente hospitalar. Olhar as ações cotidianas com uma perspectiva crítica pode nos fazer enxergar brechas e pontos de melhoria em situações de rotina que podem trazer riscos quase que imperceptíveis mas que podem ser muito relevantes.

Ainda são necessários mais estudos para validar de forma segura as conclusões dos autores, porém o artigo traz pontos muito interessantes tanto para os profissionais de saúde que atuam diretamente na clínica quanto para gestores em suas considerações de compras e implementações.

Fonte: Moura IB, Ewin D, Wilcox MH. From the hospital toilet to the ward: A pilot study on microbe dispersal to multiple hospital surfaces following hand drying using a jet air dryer versus paper towels. Infect Control Hosp Epidemiol. 2022 Feb;43(2):241-244

Link: https://www.cambridge.org/core/journals/infection-control-and-hospital-epidemiology/article/from-the-hospital-toilet-to-the-ward-a-pilot-study-on-microbe-dispersal-to-multiple-hospital-surfaces-following-hand-drying-using-a-jet-air-dryer-versus-paper-towels/FA51D26C9C3DC261D35F122EF97593D5

Links relacionados:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25586988/

https://www.journalofhospitalinfection.com/article/S0195-6701(18)30366-9/fulltext

https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44102/9789241597906_eng.pdf?sequence=1&isAllowed=y

https://www.ccih.med.br/como-e-por-que-controlar-as-infeccoes-hospitalares/

 

Sinopse por: Maria Julia Ricci

E-mail: [email protected]

Instagram: @sonojuju

Twitter: @sonojuju

Linkedin: www.linkedin.com/in/mariajuliaricci

Palavras chaves / TAGs: secador de mãos, jatos de ar, patógenos, umidade residual, secagem das mãos, disseminação, contaminação ambiental, toalha de papel, amostras superficiais, estetoscópio, avental

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